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CONHECIMENTO SOBRE NORMAS DE PRECAUÇÕES PADRÃO, SEGURANÇA E RISCOS OCUPACIONAIS DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO SAMU

5 Resultados e discussão

VARIÁVEIS MÉD ENF TEC.ENF CONDUT TOTAL

5.2 CONHECIMENTO SOBRE NORMAS DE PRECAUÇÕES PADRÃO, SEGURANÇA E RISCOS OCUPACIONAIS DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO SAMU

METROPOLITANO/RN

Neste tópico, apresentaremos os dados referentes ao conhecimento dos profissionais sobre normas de precaução padrão, segurança e riscos ocupacionais no SAMU Metropolitano. Discutiremos os resultados referentes à conceituação do acidente de trabalho, normas, conhecimento sobre as precauções padrão, importância, recebimento de intervenção educativa sobre biossegurança, as contribuições dessas intervenções, abordagem desse tema no ambiente de trabalho, sugestões para diminuir o número de acidentes.

GRÁFICO 1- Distribuição dos profissionais por categoria quanto ao conhecimento sobre o que é acidente de trabalho. SAMU Metropolitano, Macaíba/ Rio Grande do Norte, 2010

Fonte: Própria da pesquisa.

Antes de trazermos os resultados do Gráfico 1, tornam-se necessárias algumas considerações importantes. Em relação ao conceito de AT, vale a pena ressaltar que eles são classificados tradicionalmente como acidentes tipo ou típicos (os ocorridos no ambiente de trabalho e/ou durante a jornada), acidentes de trajeto (os ocorridos no trajeto da residência para o trabalho e vice-versa) e as doenças relacionadas ao trabalho (BRASIL, 2006a). Assim, enfatizamos que cada item dessa classificação foi objeto de uma alternativa de resposta no questionamento da variável conhecimento dos profissionais sobre acidente de trabalho, e foram consideradas respostas completas apenas aquelas em que os profissionais assinalaram todas as opções.

Nesse sentindo, o Gráfico 1 traz dados sobre o conhecimento dos profissionais sobre acidente de trabalho. Podemos observar que, dos 162 profissionais, 161 (99,38%) sabiam o que era acidente de trabalho (AT) e apenas um (0,62%) não soube responder, estando representado por um condutor. Dos que souberam responder, 59 (36,42%) marcaram todas as alternativas e acertaram o conceito de AT, e 102 (62,96%) deixaram de marcar alguma alternativa, dando respostas incompletas. Analisando por categoria profissional, 14 (66,67%) médicos relataram respostas incompletas e sete (33,33%) responderam corretamente, enquanto que seis (54,55%) enfermeiros responderam corretamente e cinco (45,45%) deram respostas incompletas. As respostas dos técnicos de enfermagem e condutores foram semelhantes às dos médicos, sendo a maioria incompleta, com 29 (52,73%) e 54 (72,00%), respectivamente. 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

MÉDICO ENFERMEIRO TÉC. DE ENF. CONDUTOR TOTAL

33 ,3 3% 54 ,5 5% 47 ,2 7% 26 ,6 7% 36,4 2% 66 ,6 7% 45 ,4 5% 52,7 3% 72 ,0 0% 62 ,9 6% 0, 00 % 0, 00 % 0, 00 % 1, 33 % 0, 62 %

Analisando as questões levantadas sobre o conceito de AT, onde os profissionais poderiam marcar mais de uma alternativa, o quesito sobre doenças no trabalho foi o menos assinalado, com apenas 72 (44,44%) profissionais optando por essa opção; 123 (75,9%) responderam que também era acidente típico e 128 (79,01%), de trajeto.

Sobre essa temática, Lima e Câmara (2002) realizaram uma pesquisa com 61 adolescentes de duas escolas municipais do ensino fundamental do Município de Leopoldina, Estado de Minas Gerais, sobre uma metodologia para avaliar e ampliar o conhecimento sobre o conceito de acidentes de trabalho, e encontraram resultados diferentes dos nossos. Os autores constataram que, antes da intervenção educativa, 55 (83,3%) adolescentes marcaram a opção que tratava de acidentes típicos, 51 (81,8%) responderam que eram doenças do trabalho e apenas 29 (43,9%) optaram por marcar o quesito acidente de trajeto. Depois da intervenção educativa, 60 (98,3%) sujeitos acertaram doença do trabalho, 58 (95,1%) disseram que também era o acidente de trajeto e 52 (85,2%) afirmaram que eram acidentes típicos.

Ainda em relação ao conhecimento sobre ATs, especificadamente sobre a variável conhecimento sobre normas de segurança de ATs, 120 (74,07%) responderam que conheciam as normas e 42 (25,93%) não sabiam. Analisando separadamente, 15 (71,43%) médicos, oito (72,73%) enfermeiros, 42 (76,36%) técnicos e 55 (73,33%) responderam positivamente esse questionamento, enquanto que seis (28,57%) médicos, três (27,27%) enfermeiros, 13 (23,64%) técnicos e 20 (26,67%) condutores disseram não conhecer essas normas.

Semelhante aos nossos resultados, numa pesquisa realizada em Gotemburgo, na Suécia, com 120 profissionais de saúde de um hospital público, foi observado que 118 (98,3%) profissionais sabiam o que era acidente de trabalho e 96 (80,0%) responderam conhecer alguma norma de segurança no trabalho (NILSSON; GUSTAFSSON, 2008).

Medeiros (2010), pesquisando sobre ATs em um hospital público de referência em trauma em Natal/RN, encontrou que 167 (94,88%) profissionais afirmaram ter conhecimento sobre ATs. Especificamente com relação ao pessoal de enfermagem, 44 (100%) enfermeiros e 123 (93,18%) técnicos/auxiliares afirmaram conhecer sobre a temática. Em relação a terem conhecimento de normas sobre o AT, 37 (84,09%) dos enfermeiros responderam que sim e 73 (55,30%) dos técnicos/auxiliares disseram que não.

Contribuindo com os dados de nossa pesquisa, autores como Galon, Robazzi, Marziale (2008), ao pesquisarem no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) os ATs ocorridos, encontraram que os profissionais afirmavam conhecer sobre os ATs e suas normas; porém a

adesão dos profissionais ao uso de barreiras de proteção muitas vezes não era condizente com as informações que eles disseram ter.

Assim, Galon, Robazzi e Marziale (2008) percebem que os trabalhadores possuem essas informações, mas muitas vezes não agem preventivamente nem cumprem as normas relacionadas aos acidentes. Desse modo, os autores observam que muitos profissionais de enfermagem fazem uso dos EPIs, somente quando o paciente tem o diagnóstico de soro positividade para HIV. Os mesmos autores ressaltam que esse é um dos aspectos mais preocupantes, uma vez que a falsa segurança dos profissionais aumenta significativamente o risco de transmissão não somente do HIV como de outras doenças infecciosas.

As diretrizes básicas da NR-32, voltadas para os riscos biológicos, químicos e as radiações ionizantes, recomenda que as instituições de saúde não apenas devam disponibilizar os EPIs necessários na execução de atividades que ofereçam risco. Acrescentam os autores que elas também são responsáveis por proporcionar meios sobre o conhecimento relacionado à utilização desses materiais, e obrigar o trabalhador a usá-los (GALON, ROBAZZI, MARZIALE, 2008).

Entretanto, Sêcco et al., (2008) afirmam, em estudo desenvolvido na Região Sul do Brasil, que os trabalhadores sabem pouco sobre as normas de acidentes de trabalho, sendo necessário reorientá-los quanto à legislação vigente, com vistas a prevenir casos de subnotificação. A seguir, o Gráfico 2 retrata a distribuição dos profissionais por categoria, quanto ao modo como adquiriram o conhecimento sobre normas de acidente de trabalho.

GRÁFICO 2 - Distribuição dos profissionais por categoria quanto ao modo como adquiriram o conhecimento sobre normas de acidente de trabalho. SAMU Metropolitano, Macaíba/ Rio Grande do Norte, 2010

Fonte: Própria da pesquisa 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%