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Conhecimentos e Comportamentos acerca do frio intenso

5. Resultados

5.2. Conhecimentos e Comportamentos acerca do frio intenso

Os conhecimentos sobre eventos climáticos extremos e os comportamentos que adotamos face à ocorrência dos mesmos refletem o nosso grau de vulnerabilidade. De forma a analisar estes indicadores, retratados na amostra, decidimos incluir questões desta natureza no inquérito.

As notícias preventivas sobre episódios climáticos, nomeadamente sobre frio intenso funcionam como principal meio de fazer chegar informação às populações. A grande maioria dos inquiridos (64,2%) refere não se lembrar de notícias relacionadas com o frio intenso, durante os últimos invernos (quadro XLII, em anexo).

Os inquiridos que se recordam das notícias referem que os principais temas associados, tanto ao nível espacial como temporal, centram-se em seis grupos-chave32. O tema mais representativo refere-se à vaga de frio, que atingiu o território nacional em Janeiro de 2013 (31%). Em seguida, surge um núcleo de indivíduos (25%) que se lembram de pequenos detalhes associados à ocorrência de episódios de frio extremo, sem, contudo, mencionarem informações sobre locais ou datas. As notícias associadas a eventos em países estrangeiros, com menção a temperaturas negativas e neve (19%), ocupam o terceiro lugar em termos de representatividade (fig. 36).

Figura 36 – Temas das notícias relacionadas com frio intenso

32

As respostas dos inquiridos foram agrupadas em categorias gerais, de forma, a permitir a análise e posterior comparação com outras variáveis. Resultaram, deste modo, 6 categorias de resposta.

31% 9% 7% 9% 19% 25%

Temas das notícias relacionadas com frio intenso

Portugal, Vaga de frio em Janeiro 2013 Portugal, ano passado (2012) Portugal, outros anos Países estrangeiros (Mortes) Países estrangeiros (temperatura negativas e neve)

A forma de acesso à informação surge através dos diferentes meios de comunicação. A televisão surge como principal difusor de notícias, uma vez que 93,2% dos inquiridos afirma ter visualizado notícias através do mesmo. O jornal (60,3%) e a internet (55,3%) apresentam valores razoáveis de representatividade, sendo considerados, deste modo, bons disseminadores de informação. As restantes fontes de notícias apresentam valores altos de discordância (quadro VIII).

Os inquiridos que mencionaram ter acesso privilegiado a informação através de outras formas referem, de forma geral, que a mesma é proveniente do contacto pessoal/

ao vivo com a notícia (40%) e surgiu através de transmissão por terceiros, no local de

trabalho ou convívio (quadro XLIII, em anexo).

Meio de comunicação: Discordo

Totalmente Discordo Concordo

Concordo Totalmente Televisão 6,1% 0,7% 13,5% 79,7% Jornal 27,3% 12,6% 31,5% 28,8% Internet 37,6% 7,1% 23,4% 31,9% Rádio 49,0% 14,0% 25,2% 11,8% Centro de Saúde 82,1% 11,4% 3,6% 2,9% Revista 83,0% 12,1% 3,5% 1,4% Panfleto 92,1% 5,0% 2,9% 0,0%

Quadro VIII - Meios de comunicação a partir do qual os inquiridos tiveram acesso às notícias

O conteúdo, bem estruturado, da informação transmitida pelos media, no seguimento de uma notícia sobre frio intenso é fundamental para uma prevenção eficiente por parte da população. A maioria dos inquiridos (72,4%) recorda-se de recomendações emitidas pela comunicação social para as pessoas se protegerem do frio intenso (quadro XLIV, em anexo).

As principais recomendações33 incentivam as pessoas a vestir mais roupa ou agasalhos, de preferência várias camadas de vestuário (43%). O cruzamento entre vestir mais roupa, beber bebidas quentes e comer refeições quentes ocupa o segundo lugar (24%). As restantes recomendações apresentam valores inferiores a 10% (fig. 37).

Pôr em prática as recomendações transmitidas pelos meios de comunicação social é diferente do simples conhecimento das mesmas. A generalidade dos inquiridos

33

Devido às várias respostas similares, agrupando por vezes 3 ou mais recomendações optamos, inicialmente, por criar 5 recomendações-chave, procedendo ao cruzamento das mesmas, de forma a englobar todas as respostas.

considera que os conselhos para as pessoas se protegerem do frio, muito importantes (66,4%) ou importantes (31,3%). As pessoas que consideram os avisos pouco ou nada importantes representam cerca de 2% da amostra (quadro XLV, em anexo).

Figura 37 - Recomendações emitidas pelos media para as pessoas se protegerem do frio intenso

Medidas efetuadas: Totalmente Discordo Discordo Concordo Totalmente Concordo Utiliza roupa quente suplementar 1,8% 3,9% 26,9% 67,4% Bebe bebidas quentes e toma refeições quentes 2,1% 6,5% 26,9% 64,5%

Utiliza calçado adequado 7,5% 10,3% 23,8% 58,4%

Evita sair de casa ou mantém-se em espaços fechados e aquecidos 8,0% 15,0% 30,0% 47,0% Mantém-se atento aos avisos das autoridades 8,8% 16,3% 28,7% 46,2% Tenta manter uma temperatura interior entre 20ºC 11,4% 16,5% 28,2% 43,9%

Protege as mãos com luvas 20,7% 9,6% 23,3% 46,4%

Veda bem as portas e janelas 23,8% 9,3% 19,1% 47,8% Cobre a cabeça, utilizando chapéu ou gorro 23,5% 12,1% 20,2% 44,2% Mantém-se ativo, fazendo pequenos exercícios físicos com os braços, pernas e

dedos para ativar a circulação sanguínea 37,0% 26,4% 22,1% 14,5%

Quadro IX - Medidas executadas perante a ocorrência de um período de frio intenso

Perante a notícia da ocorrência de um período de frio intenso, a maioria dos inquiridos costuma tomar algumas medidas preventivas. As mais consensuais, com valores de concordância superiores a 80%, passam por utilizar roupa quente suplementar (94,3%), beber bebidas quentes e tomar refeições quentes (91,4%) e usar calçado adequado (82,2%). As restantes medidas apresentam valores concordantes, nunca inferiores a 64%. Apenas uma das recomendações propostas no inquérito viu

43% 4% 4% 2% 4% 9% 24% 2% 8%

Recomendações emitidas pelos media para as pessoas se protegerem do frio intenso Vestir mais roupa / Agasalhar / Várias camadas de roupa

Evitar sair de Casa

Tomar bebidas e refeições quentes Ter cuidado com os Idosos / Crianças / Sem- abrigo

Outras recomendações

Vestir mais roupa e Evitar sair de casa Vestir mais roupa e Tomar bebidas e refeições quentes

Vestir mais roupa e Proteger os grupos de risco

negada a sua importância, visto que, cerca de 64% dos indivíduos não se mantêm ativos,

fazendo pequenos exercícios físicos com os braços, pernas e dedos para ativar a circulação sanguínea (quadro IX).

A generalidade dos inquiridos tem noção da existência de grupos mais vulneráveis, face ao acontecimento de um período de frio intenso. Os grupos propostos no inquérito apresentam valores claramente positivos. Os sem-abrigo são, claramente, os que reúnem mais preocupações, registando uma concordância de 99,2%. As pessoas doentes (97,6%), idosos que vivem sozinhos (96,4%), crianças pequenas e bebés (95,1%) e indivíduos com mobilidade reduzida (92,2%), também ostentam valores elevados. Somente dois conjuntos apresentam valores inferiores, na ordem dos 60% de concordância: os idosos que vivem acompanhados e as pessoas que exercem uma atividade ao ar livre (quadro X).

Uma pequena percentagem (10%) da amostra refere a existência de outros grupos vulneráveis, sendo a população em geral (43%) e as pessoas que não tomem

precauções (20%) os principais visados (quadro XLVI e XLVII, em anexo).

Grupos Vulneráveis: Discordo

Totalmente Discordo Concordo

Concordo

Totalmente Não Sei

Sem-abrigo 0,0% 0,0% 14,0% 85,2% 0,8%

Pessoas doentes 0,0% 1,0% 37,7% 59,9% 1,4%

Idosos que vivem sós 1,0% 0,5% 25,3% 71,1% 2,1%

Crianças pequenas e bebés 0,5% 2,1% 32,8% 62,3% 2,3% Indivíduos com mobilidade reduzida 0,3% 3,9% 39,0% 53,2% 3,6% Pessoas portadoras de deficiências físicas / mentais 1,0% 9,6% 37,7% 46,3% 5,4% Idosos que vivem acompanhados 5,2% 30,7% 28,7% 32,0% 3,4% Pessoas que exercem uma atividade ao ar livre 3,4% 34,4% 42,3% 17,1% 2,8%

Quadro X - Grupos vulneráveis face à ocorrência de um período de frio intenso

Em relação aos decisores políticos e saúde, é notório o valor que os inquiridos dão ao seu papel na prevenção e mitigação do risco associado a episódios de frio intenso. A grande maioria considera que é importante (50,9%) ou muito importante (40,6%), as autoridades políticas e de saúde criarem medidas para reduzir os efeitos nocivos destes eventos extremos (quadro XLVIII, em anexo).

Os inquiridos propuseram algumas medidas de diminuição das consequências inerentes a um acontecimento de frio intenso. A sugestão mais comum (41%) propõe

idosos, sem-abrigo) 34. Sensibilizar as pessoas para os riscos associados a estes episódios e avisar preventivamente, reúne cerca de 10% das escolhas. As restantes sugestões apresentam valores inferiores a 7%. É importante referir que 10% dos inquiridos não sabe ou não se lembra de nenhuma medida que as autoridades possam tomar (fig. 38).

Relativamente à frequência de eventos desta natureza, os inquiridos apresentam opiniões distintas e bastante equilibradas em termos de representação. Os maiores valores de representatividade estão conectados à perceção de aumento de períodos de frio intenso em relação ao passado (39,5%), ou à perceção de igualdade em relação ao passado (38,5%). A fação associada ao decréscimo de eventos em relação ao passado, apresenta valores na ordem dos 22% (quadro XLIX, em anexo).

Figura 38 – Medidas para a diminuição dos efeitos nocivos do frio intenso

34

As respostas dos inquiridos foram agrupadas em categorias gerais, de forma a permitir a análise e posterior comparação com outras variáveis. Resultaram, deste modo, 15 categorias de resposta.

41% 10% 7% 6% 4% 4% 3% 3% 3% 2% 2% 2% 2% 1% 10%

Medidas para diminuição dos efeitos nocivos do frio intenso

Ajudar e proteger os grupos de risco ( pobres, idosos, sem- abrigo)

Sensibilizar e Avisar a população

Acompanhamento/ Monitorização dos grupos de risco Distribuir bens essenciais ( cobertores, roupa, comida e bebidas)

Construir abrigos/ centros de acolhimento/ lares/ casas Não podem fazer nada / Outras prioridades

Instalação de aquecimentos em todas as casas e instituições Melhoramento/ restauro de habitações degradadas Investimento na economia, criação de emprego Maior eficácia e acessibilidade dos serviços de saúde Reduzir o preço da electricidade e bens essenciais Diminuir a poluição

Mais Prevenção

Medicação e/ou vacinação geral gratuita Não sei / Não me lembro

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