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Perguntado se houve participação durante o processo de definição do projeto e execução das obras, o representante da área afirma que sim, tanto da população quanto das lideranças. No entanto, fica claro que o projeto foi definido pela prefeitura e que os moradores apenas atuaram em alguns encaminhamentos práticos para execução do mesmo, como é o caso do cadastramento.

Houve [participação dos moradores], apresentaram a Planta. Antes de começarem as obras a Prefeitura trouxe, mostrou como seria, era a coisa mais linda e todo mundo ficou orgulhoso. Era o que todo mundo sonhava, era o que todo mundo queria. (...) [Foi feito] um cadastramento da área e dos moradores. Então a gente faz porta a porta então a gente faz um cadastramento de quantas pessoas estão morando naquele local, e vai família por família, que estão centralizadas naquele local. Depois desse trabalho de levantamento, a gente passou todos estes dados para a Prefeitura, no qual depois vem uma Assistente Social para fazer o reconhecimento, confirmar o trabalho que foi realizado. Ai depois do aval do Assistente Social, ai este trabalho vai para a Prefeitura. (LIDERANÇA – ÁGUA BRANCA).

Para viabilizar a construção dos prédios, foram necessárias remoções para a liberação de frentes de obras. As famílias foram então transferidas para alojamentos onde aguardaram a conclusão dos prédios.

Não teve [conflito porque houve o] acompanhamento da comunidade, dos moradores, os moradores acompanhavam a obra passo a passo desde o início até o fim. (LIDERANÇA – ÁGUA BRANCA)

As lideranças de Água Branca lembram muito bem do trabalho educativo desenvolvido pela Prefeitura para preparar os moradores para a nova moradia. Entretanto, reconhecem que, após concluídos os prédios, não ocorreu a continuidade do trabalho social, sobretudo um trabalho apropriado à verticalização: diz que ficou evidente nessa política, depois da grande luta, das construções dos prédios que não houve um projeto para acompanhar e dar continuidade depois de construir:

Tivemos todo este trabalho. Esta mudança que está ai do barraco para dentro do apartamento é uma mudança praticamente de vida, não é? É saber dividir seu espaço, saber respeitar o próximo, então determinado e dividido, os horários que pode ter determinado barulho, quando caso queira fazer uma festa ou aniversario que seja, até que horário pode ter determinado. Muitos pontos foram discutidos, foram explicados pra todos os moradores, o que ele teria direito o que ele não teria direito. Foi distribuído um livro explicando todos estes pontos, depois das reuniões elas passavam folhetos e livros, para as pessoas que tivessem duvidas, poder perguntar nas próximas reuniões, poderia perguntar pro grupo das Assistentes sociais. (LIDERANÇA – ÁGUA BRANCA)

Também não houve preparação para a função de sindico, e ao mesmo tempo ausência do poder público na gestão dos espaços, considerando médio e longo prazo. Com tudo isso a Associação dos Moradores encontra-se desmobilizada e as que se mantém tem vínculos fortes com políticos que as subsidiam. Na verdade o projeto não foi concluído. Os moradores não sabem se é deles ou não, ninguém tem certeza que é seu. (....) Atualmente o Instituto ajuda nas emergências. A população mudou complemente. Se perdeu a memória, há uma descaracterização. Não há liderança, o que há é o sindico apenas. Para situar no tempo indica que houve organização até a construção. Depois disso não se conseguiu mais.” (LIDERANÇA – ÁGUA BRANCA)

Favela Original

Nome Favela Água Branca

Data da ocupação 1962 (início)

Propriedade do terreno Pública - PMSP

Área do terreno em m² 25.000m2 (1984)

Número total de imóveis 284 (1984)

Número total de famílias residentes 297 (1984)

Características do entorno Área essencialmente industrial, abrigando conjunto habitacional do BNH (1984).

Empreendimento

Nome Conjunto Habitacional Água Branca

Localização

Rua Prof. José Lourenzo, bairro de Água Branca, Distrito da Barra Funda, entre a Marginal Tietê e a Avenida Marquês de São Vicente.

Área Ocupada 7.709,58 m2

Número de blocos/ Nº de unidades por bloco 14 blocos; 06 UH por bloco Número de unidades 102 unidades habitacionais

Tipologia 2 dormitórios e quitinetes

(32,58 m2; 38,08 m2; e 45,43 m2) Número de famílias atendidas/ Habitantes 102 famílias / cerca de 500 habitantes

Projetista (s) Rosélia Mikie Ikeda

Período de execução do projeto 1989

Empreiteira(s) responsável(eis) pelas obras CONSTRUDAOTRO Construções LTDA Período de execução das obras 1990-1992

Gerenciadoras envolvidas Física – BUREAU (obras de urbanização)

Custo Total US$ 12.615,04 (Bueno/139)144

Financiamento Funaps Ressarcimento (prestações, impostos ou tarifas) Não há definição

Inadimplência Não há pagamento de taxas de ressarcimento e de

condomínio

Programas envolvidos Programa de Urbanização de Favelas com Verticalização - Prover

Regularização das unidades Ainda não efetivada

Modalidade de Gestão Condominial Nenhuma (alguns moradores tomam a iniciativa para resolver problemas pontuais)

Favela Remanescente/Nova Favela

Nome Favela Aldeinha e Favela do Sapo

Número total de imóveis Cerca de 100 e 80, respectivamente

Quadro 16 - Dados Síntese do Conjunto Habitacional Água Branca Fonte: Elaborado pela autora

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• Moradores da favela original e aqueles que adquiriram o imóvel do antigo beneficiário (provavelmente estes últimos já somam a maioria)145 ;

• Estima-se uma população total de 415 habitantes, com predominância de pessoas do sexo masculino (53,3%);

• As famílias são compostas, em média, por 4,2 membros;

• Incidência significativa de jovens (46,5% da população têm até 21 anos e 31,1% têm até 14 anos);

• A população com 15 anos ou mais tem baixa escolaridade – 8,5% nunca estudaram e 18,8% cursaram até a 4ª série; entretanto, é expressivo o percentual moradores nessa faixa etária que já ultrapassou o ciclo fundamental (29,1%);

• O desemprego atinge 19,7%; da população com mais de 10 anos, no entanto a população ocupada e, portanto, com rendimentos mensais não intermitente atinge 62,8%;

• A maioria (52,6%) das famílias residentes tem rendimentos mensais inferiores a 2 SM;

• Dentre os problemas relacionados no conjunto destacaram-se: a dificuldade de convivência condominial, manifesta na falta de organização e educação; e as questões de manutenção inadequada do imóvel, conseqüência de problemas estruturais como o de esgotamento sanitário.

Quadro 17 - Perfil das Famílias do Conjunto Água Branca

Fonte: Pesquisa Direta, numa amostra de 60% da população residente (2005).

5.2 CONJUNTO HELIÓPOLIS GLEBA A

A Gleba A é parte integrante da maior favela da Cidade de São Paulo - a favela Heliópolis -, cuja configuração atual assume as características de um grande complexo urbano, conhecido como Heliópolis-São João Clímaco. Localizado na Região Sudeste do Município de São Paulo, a oito quilômetros do centro da cidade, no Distrito de Sacomã, administrado pela Subprefeitura Ipiranga, este complexo é delimitado ou cortado por importantes vias do município e da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), tais como as avenidas do Estado, das Juntas Provisórias, Nazaré, Tancredo Neves; Via Anchieta; além da Av. Almirante Delamare e da Estrada das Lágrimas.

O complexo Heliópolis possui uma área de 966.822 m2, pertencente à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP), dividida em 14 glebas denominadas por letras (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N). O conjunto das glebas possui cerca de 11.000 imóveis, abrigando uma população de aproximadamente 100.000 habitantes.

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Na pesquisa direta a informação sobre o tempo de residência não foi repassada pelos moradores por temos das conseqüências.

A Gleba A, objeto do estudo, compreende uma área equivalente a 89.000 m2, ou 9,21% do total do complexo. Esta gleba, cuja ocupação deu origem ao complexo, possui cerca de 1.545 domicílios e 9.000 habitantes e encontra-se delimitada pela Avenida das Juntas Provisórias, Rua Almirante Nunes, Rua Santa Edwiges, Rua Cônego Xavier, Estrada das Lágrimas, Córrego Sacomã e a alça de acesso do Complexo Viário Escola de Engenharia Mackenzie.

Os mapas que seguem situam a localização e a configuração do Complexo Heliópolis.

Desenho 3 - Configuração do Complexo Heliópolis–São João Clímaco