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Planta 5 – Planta Baixa – Conjunto Residencial Parque do Gato

4 OS PROGRAMAS DE VERTICALIZAÇÃO DE FAVELAS EM SÃO PAULO

4.2 VERTICALIZAÇÃO EM LARGA ESCALA: GOVERNO PAULO MALUF

4.2.3 Programa de Urbanização e Verticalização de Favelas:

4.2.3.8 Resultados do programa

O Prover foi implementado em 4 (quatro) fases: a Fase I incluiu a urbanização e verticalização de 12 favelas, com obras contratadas por meio de 3 lotes, viabilizando 2.828 unidades habitacionais; a Fase II contemplou a urbanização e verticalização de 14 núcleos de favelas, com obras contratadas por meio de 5 lotes, promovendo 4.864 unidades habitacionais; a Fase III viabilizou a intervenção em 11 favelas, com obras contratadas em 4 lotes, garantindo o provimento de 3.361unidades habitacionais; e, finalmente, a Fase IV, que incluiu a urbanização e verticalização de 9 favelas, com obras contratadas também em 4 lotes, viabilizando 5.297 unidades habitacionais.

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Fase Recursos Número de Empreendimentos Número de UHs Início do Projeto Início da Ocupação Término I CEF/PMSP 12 2.828 1993 1994 1996 II CEF/BID/PMSP 14 4.864111 1994 1996 2004112 III CEF/PMSP 11 3.361113 1995 1997 2003 IV CEF/BID/PMSP 09 5.297114 1996 1999 2004 Total 47 16.350

Quadro 7 - Síntese do Prover: 1993–2004

Fonte: Diagonal Urbana Consultoria. Relatório da Situação dos Empreendimentos. São Paulo. 2004.

Os resultados expostos no Quadro 7 acima mostram que, ao final de três gestões e de quase 12 anos desde os primeiro passos para a sua viabilização, o programa não alcançou a meta originalmente traçada: das 243 favelas que seriam contempladas, 47 receberam intervenção; das 89.000 unidades que seriam construídas, menos de 17.000 foram viabilizadas.

Na gestão de Paulo Maluf, idealizador do programa, foram construídas 5.468 unidades; na de Celso Pitta, 8.702 unidades; e, na de Marta Suplicy, 2.180.

O mapa que segue (Mapa 2) mostra a distribuição das intervenções do programa no município, permitindo ainda uma visão segundo as fases de implementação. Verifica-se que os empreendimentos do Prover encontram-se distribuídos nas Regiões Norte, Leste, Oeste e Sudeste do Município, com uma presença um pouco mais expressiva na Região Norte.

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Os dados do programa somam ainda a este total 480 residência que permaneceram na favela Vera Cruz, a qual recebeu algumas obras de melhorias urbanísticas e sanitárias. Entende-se incorreta essa soma, pois estas residências não foram construídas no âmbito do Prover (são autoconstruções).

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Esta fase foi concluída apenas em 2004 devido a alterações em um empreendimento – Jardim do Lago.

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Há referência de 109 residências que permaneceram em Goiti (mesma situação de Vera Cruz).

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Mapa 2 - Localização dos empreendimentos do Prover/Cingapura.

A Fase I soma um total de 139 blocos de apartamentos com 2.828 unidades habitacionais, sendo todas estas de 2 dormitórios (Quadro 8). O primeiro empreendimento dessa fase a ser concluído foi o Conjunto Zaki Narchi, cujas primeiras unidades (num total de 20 – 1 prédio) foram entregues em dezembro de 1994. Este conjunto, situado no Bairro do Carandiru, próximo à Marginal do Rio Tietê e ao Centro da Cidade, foi concluído em dezembro de 1996 e é composto por 35 prédios de 5 andares, com 4 apartamentos por andar (2 dormitórios) e abriga 700 famílias. Empreendimento Número de Blocos Número de UHs Tipologia / Número de Dormitórios Água Branca 9 180 2 Autódromo 11 244 2 Campo Grande 5 100 2 Imigrantes 8 160 2 Jardim Maninos 8 160 2 Miguel Stéfano 4 80 2 Nova Jaguaré 13 260 2

Parque Novo Mundo / Nova Tietê 8 160 2

Parque Novo Mundo / Vila Maria 31 620 2

Real Parque Luís de Bragança (1ª etapa) 3 84 2

Santo Antônio / Peinha 04 80 2

Zaki Narchi 35 700 2

Quadro 8 - Fase I do Prover

Mapa 3 – Localização dos Conjuntos da Fase I do PROVER

Os empreendimentos da Fase II (Quadro 9) somam 220 blocos, distribuídos em 14 favelas, totalizando 4.864 unidades habitacionais, predominantemente de 2 dormitórios (à exceção apenas de Heliópolis Gleba L2, que ofereceu também unidades de 3 dormitórios). Os empreendimentos, na sua quase totalidade, não possuem elevador, constituindo-se de blocos com escadarias. As exceções são os empreendimentos São Jorge Arpoador e Uirapuru, que possuem, além de blocos de 5 andares sem elevador, blocos de 11 andares com transporte vertical implantado. Em ambos, a experiência não surtiu o resultado esperado, uma vez que os elevadores exigiam gestão e manutenção permanentes, resultando em elevado custo para a administração e dificuldades adicionais para a integração e convivência entre as famílias residentes.

Empreendimento Número de Blocos Número de UHs Tipologia / Número de Dormitórios Chaparral I 14 280 2 Chaparral II 10 200 2 Dom Macário 4 96 2 Edu Chaves 20 400 2

José Paulino dos Santos (1ª etapa) 9 180 2

Haia do Carrão 12 240 2

Heliópolis Gleba L2 30 600 2 e 3

Raul Seixas 4 112 2

Santo Antônio / Parque Otero 25 500 2

São Francisco I, II, III, IV e V 51 1016 2

São Jorge Arpoador 17 562 2

Uirapuru 11 418 2

Vila Nilo 13 260 2

Quadro 9 - Fase II do Prover

Mapa 4 – Localização dos Conjuntos da Fase II do PROVER

A Fase III do Prover (Quadro 10) viabilizou 3.361 unidades distribuídas em 165 blocos de apartamentos construídos em 11 favelas. Todas as unidades ofertadas nessa fase são de dois dormitórios. O único caso de solução mista, envolvendo verticalização e urbanização, ocorreu na favela Goiti, resultado de firme pressão das famílias e de suas lideranças.

Empreendimento Número de Blocos Número de Unidades Tipologia / Número de Dormitórios

Chácara Bela Vista 48 960 2

Goiti 13 296 2

Jardim do Lago 12 280 2

Jardim Maraial 9 180 2

Lidiane Vila Nova 13 260 2

Piqueri 08 160 2

Real Parque Luiz de Bragança (2ª etapa) 15 285 2

Samaritá 14 280 2

São Francisco/Sapopemba 18 360 2

Trivelato 15 300 2

Quadro 10 - Fase III do Prover

Mapa 5 – Localização dos Conjuntos da Fase III do PROVER.

A Fase IV do programa evolui em relação às anteriores, sob distintos aspectos. Quanto à tipologia, além do apartamento padrão de dois dormitórios e de 45,88 m2, o morador poderia optar por unidades de um ou de três dormitórios, além da alternativa casa embrião em lote urbanizado. Entretanto, a escolha pela última modalidade – embrião em lote urbanizado – implicava no afastamento da família do local de origem da favela, pois o empreendimento com essa oferta empregou terreno de loteamento novo, localizado na Zona Noroeste da cidade, bastante afastado das antigas favelas. Além do afastamento da antiga área, as famílias que escolhessem o embrião teriam que conviver com famílias oriundas de diversas favelas, já que o empreendimento constituiu-se em área-pulmão, voltado ao recebimento dos moradores excedente das favelas verticalizadas. A monotonia e o uso monofuncional aplica-se também a essa modalidade, o que também tem contribuído para a dificuldade de convivência entre os grupos de famílias.

Ao todo, a Fase IV ofertou um total de 247 blocos com 4.801 apartamentos e 13 quadras de lotes urbanizados, totalizando 486 embriões (Quadro 11).

Empreendimento Número de Blocos Número de Unidades Tipologia / Número de Dormitórios

City Jaraguá (embriões) 496 embriões Embrião

Heliópolis Gleba A 71 849 1, 2 e 3

José Paulino dos Santos (2ª etapa) 32 640 1, 2 e 3

Madeirit / Votorantim 20 400 1, 2 e 3

Morro da Esperança 19 380 1, 2 e 3

Nicarágua / Vila da Paz 44 1.160 2 e 3

Parque Continental 21 420 1, 2 e 3

São Domingos / Camarazal 13 332 2

Quadro 11 - Fase IV do Prover

Mapa 6 – Localização dos Conjuntos da Fase IV do PROVER.

O processo de seleção das favelas a serem beneficiadas na Fase IV pautou-se nos critérios de prioridadejá mencionados, cada um com peso específico na definição da escolha, cuja soma final deveria ser igual a 1: domicílios em área de risco (peso 0,25); distância da favela em relação às redes de infra-estrutura (0,05); déficit de infra-estrutura (0,15); densidade de ocupação (0,20); compromisso prévio com a população (0,15) e disponibilidade da área (0,20). Foram selecionadas 7 favelas, que seguem apresentadas no Quadro 12 de acordo com a classificação final obtida. Logo após a seleção, as favelas Parque Novo Mundo / Vila Maria e Nova Jaguaré foram desconsideradas e os motivos alegados foram, respectivamente, o de receber melhorias em fases anteriores e de possuir terreno em declividade acentuada, fato que elevaria os custos para além dos limites estabelecidos115. Posteriormente, outras duas favelas também saíram da lista de beneficiadas – Sucupira e Jardim Guapira – em decorrência de impasses na aprovação junto aos moradores e, sobretudo, devido também aos custos de implantação.

Favela Classificação

Madeirit / Votorantim 0,793

Morro da Esperança 0,656

Parque Novo Mundo / Nova Tietê / Vila Maria 0,543

Heliópolis Gleba A / José Paulino dos Santos 0,462

Parque Continental / São Domingos Camarazal 0,407

Nicarágua / Vila da Paz 0,405

Nova Jaguaré 0,393

Sucupira 0,372

Jardim Guapira 0,336

Quadro 12 - Favelas Selecionadas para a Fase IV

Fonte: Diagonal Urbana Consultoria. Relatório de Progresso I – Vol. 1, fev./97.

Os empreendimentos da Fase IV destacam-se também dos demais devido ao elevado valor dos imóveis, por sua localização privilegiada, nas proximidades de áreas valorizadas. Os empreendimentos da Zona Oeste, por exemplo, estão situados em área de ocupação mista onde convivem moradias e estabelecimentos comerciais e industriais. Quase limite do Município de São Paulo com Osasco, tais empreendimentos encontram-se em região bem

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Diagonal Urbana Consultoria. Contrato nº 939/OC-BR. Relatório de Progresso I – Vol. 1, fevereiro/97. Apêndice C do Regulamento Operacional.

servida por estradas de acesso a São Paulo como a Marginal Pinheiros, a Rodovia Castelo Branco, a Bandeirantes e a Raposo Tavares.

O caso exemplar é o do empreendimento Madeirit / Votorantim, localizado em terreno plano, nas proximidades da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), entre a Marginal e o Bairro da Lapa, cujos ocupantes foram atraídos pela central de abastecimento absorvedora da mão-de-obra de baixa qualificação como as de carregador, ajudante geral, de carpinteiro na recuperação / produção de caixotes, e também de feirante, vendedor, balconista, entre outras. O Parque Continental, situado também na Zona Oeste, apresenta as mesmas características de terreno (plano) e desfruta de condições similares às de Madeirit.

Foto 2 – Conjunto Habitacional Madeirit / Votorantim – Fase IV Fonte: Diagonal Urbana Consultoria Ltda.

O Morro da Esperança localiza-se na periferia da Zona Norte, em uma região residencial, com presença significativa de habitações da produção estatal, mas também de casas autofinanciadas, e autoproduzidas em lote de pequenas dimensões. Também se destacam equipamentos públicos como cemitério, o Hospital de Vila Nova Cachoeirinha, quadras poliesportivas, escolas.

Foto 3 – Favela Morro da Esperança Fonte: Diagonal Urbana Consultoria Ltda

Nicarágua / Vila da Paz, localizada na Zona Sudeste, possui território com maior dimensão, porém bem localizado, próximo à Administração Regional. Heliópolis fica na mesma região.

Foto 4 – Conjunto Habitacional Nicarágua / Vila da Paz Fonte: Diagonal Urbana Consultoria Ltda.

City Jaraguá, área-pulmão que ofertou a tipologia embrião em lote urbanizado, é o único empreendimento de localização mais distante e desprovido de infra-estrutura. Por ser área- pulmão atraiu os setores mais carentes, os que fugiam do compromisso de pagamento das taxas do condomínio, e da prestação mensal elevada. Se de um lado responde aos anseios da população cada vez mais informada sobre as despesas coletivas para manutenção de sua moradia, de outro oferece a habitação distante das oportunidades de emprego ou de prestação de serviços. A região é dominada pela produção estatal, moradias da Cohab, de uso monofuncional, e equipamentos como escolas e posto de saúde.

Foto 5 – Conjunto Habitacional City Jaraguá. Fonte: Diagonal Urbana Consultoria Ltda.

A característica comum da ocupação das favelas da Fase IV é o fato de a terra ser pública (patrimonial), e em três delas também contar com a iniciativa governamental em acolher famílias em abrigos provisórios: Heliópolis, Morro da Esperança e São Domingos Camarazal. Na origem a ocupação começa com poucas famílias vindas do sistema de aluguel devido à incapacidade de arcar com o custo e intensifica-se com a implantação de alojamentos provisórios para as desabrigadas de outras áreas. Tal fato ocorreu com Heliópolis onde foram implantados dois alojamentos em dois períodos distintos. O primeiro, implantado em 1971, com 150 famílias removidas da Vila Prudente, pela Secretaria do Bem-Estar da PMSP, em decorrência da edificação de um viaduto. Em 1978, um novo alojamento provisório acolheu 60 famílias transferidas da Favela Vergueiro para ampliação da via de mesmo nome. Ocorreu também em São Domingos Camarazal, que teve sua ocupação intensificada ao receber famílias antes residentes em Tremembé, na Zona Norte. Repete-se o mesmo em Morro da Esperança, que recebeu alojamentos provisórios para acolher famílias procedentes de Jardim Peri, que posteriormente tiveram acesso ao programa da casa própria em regime de mutirão pela Cohab-SP.

Foto 6 – Conjunto Habitacional São Domingos Camarazal (ao lado, vista da antiga Favela) Fonte: Diagonal Urbana Consultoria Ltda.

A época de ocupação e a construção dos primeiros barracos variam sendo que a mais antiga é a da Vila da Paz, iniciada no ano de 1953 com dois barracos. As demais foram ocupadas entre o final da década de sessenta e início da de oitenta: em Heliópolis as ocupações iniciais ocorreram entre os anos de 1971 e 1978; São Domingos Camarazal, em 1967; Morro da Esperança, em 1978; Madeirit / Votorantim, em 1975, e Nicarágua / Vila da Paz, em 1980.

4.3 A VERTICALIZAÇÃO NO GOVERNO MARTA SUPLICY: BUSCA DE UM