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CAPÍTULO 5 MODELOS E CASOS EM SANTA CATARINA

5.6 Casos em Andamento no Estado

5.6.3 Consórcio de Moldes e Matrizes

Na região de Joinville, por iniciativa própria e sem o envolvimento de qualquer instituição ou entidade foi formado o consórcio de moldes e matrizes MOLDEXPORT – Associação Civil de Promoção à Exportação de Moldes. O Moldexport congrega cinco fabricantes de moldes da região que é um dos mais importantes pólos neste setor no Brasil e atende tradicionalmente empresas do setor automotivo, eletro-eletrônico e de construção civil.

O consórcio foi formado em fevereiro de 2000 e oferece a compradores internacionais a oportunidade de obter moldes de alta qualidade e tecnologia a um preço muito competitivo. As empresas participantes têm especialidades diferenciadas, entre a produção de moldes para injeção de termoplásticos e metais não ferrosos, bem como de ferramentas progressivas voltadas ao setor automotivo ou moldes menores. Elas têm em média 35 funcionários, faturam R$ 2,6 milhões ao

ano e trabalham mais de 5.000 horas de produção mensal, oferecendo produtos de altíssima tecnologia e qualidade.

Algumas empresas têm capacidade para produção de moldes de 3 toneladas enquanto outras atingem capacidade de até 15 toneladas. Cada molde é um produto diferente com suas particularidades. O requisito qualidade foi uma exigência das participantes para fazerem parte do mesmo grupo.

No mês de setembro de 2000 foi formada oficialmente uma entidade jurídica própria, em forma de uma associação, a fim de promover a exportação de suas consorciadas, visando ainda atender os requisitos da APEX para envio de projeto para aprovação. O gerente do projeto é representante de uma empresa de comércio exterior que já atua no mercado há mais de 5 anos e, com este setor, vem atuando desde 1998.

O consórcio visa especificamente a redução de custos de promoção à exportação e não diretamente a exportação em si, já que cada processo do produto é individual. No projeto de aplicação do consórcio já possuem um site na Internet para divulgação de suas ações e recebimento de pedidos, prevêem ainda uma série de treinamentos em qualidade e certificações ISO 9000 e ainda o desenvolvimento de um CD multimídia interativo.

O consórcio está encaminhando um projeto à APEX contemplando ações para três anos. Caso a APEX não invista neste projeto, as empresas demonstraram interesse em dar continuidade por conta própria, porém, com menos investimentos e com um prazo mais curto para a obtenção de resultados.

A união das empresas se deu principalmente pelo motivo de existir insegurança ao se lançarem no mercado internacional sozinhas e, por isso, procuraram se unir em forma de um consórcio. Este grupo já participou da Feira de Hannover no início do ano de 2000 em conjunto com outros empresários, utilizando os subsídios da APEX e, em setembro foi realizada uma missão comercial aos Estados Unidos na busca de clientes. No final do ano será realizada uma participação em feiras alemãs com recursos próprios.

Os principais mercados são o europeu e o norte-americano. Utilizam o mercado de Portugal como modelo para definição de estratégias e levantamentos de mercado. Algumas tentativas de parcerias com este mercado foram iniciadas, mas sem êxito, já que o interesse dos

portugueses é somente de aquisição nacional. A partir desta relação três empresas portuguesas se instalaram na região e, em menos de um ano, já são as maiores do mercado.

A meta estimada para o ano de 2000 foi de US$ 300 mil, mas não será atingida, já que houve uma necessidade de adaptação para apresentação e recebimento de produtos e clientes. Para o próximo ano espera-se US$ 500 mil.

Neste momento é muito delicada a possibilidade de realização de parcerias entre empresas buscando objetivos como escala ou similaridade de produção. É possível apenas a parceria no sentido de divisão de pedidos, onde algumas empresas produzem determinado molde e outras, moldes distintos, para atender os pedidos no prazo definido. Para se ter uma idéia, cada molde custa em média US$ 50 mil.

A parceria entre empresas é um dos fatores do sucesso das ferramentarias portuguesas, principal mercado mundial, onde são organizadas em forma de clusters. Cada grupo de ferramentarias tem uma determinada especialidade e formam uma espécie de cadeia produtiva. Um recebe o pedido e orça, outro faz o desbaste inicial das peças, outro trabalha nas cavidades do molde, outro nos estudos CAD, etc., até a montagem final do molde e entrega ao cliente. Esta integração vertical existe em Joinville de forma limitada, já sendo terceirizados serviços de estudos reológicos (análise de fluxo de matérias plásticas dentro do molde, a fim de determinar os melhores pontos de injeção), prototipagem, try-outs (testes) e laboratório de metrologia (certificação das dimensões do molde).

Já existe uma marca comum do consórcio, chamada MOLDEXPORT – Brazilian Moulds Export Consortium, que será utilizada em folheteria promocional, já que neste caso não cabe o uso no produto ou embalagem, devido a característica desta indústria. A venda dos moldes, apesar de ser um produto físico, é feita através de um projeto, caracterizando-se mais como uma venda de serviço do que de produto.

São produtos de alta tecnologia e a forma de venda é feita sobre a capacidade de maquinários da empresa, experiência no setor, carteira de clientes e outro atributos intangíveis. O público é bem direcionado e o relacionamento é feito um a um.

A união deste grupo já vem demonstrando outros benefícios não esperados como o aumento no nível de comunicação no grupo onde algumas empresas descobriram que faziam seus

orçamentos de forma inadequada, não considerando os custos de depreciação de máquinas, além de outras informações úteis para o sucesso das consorciadas.

Até o momento nenhum pedido foi realizado e não se sabe como será o comportamento dos empresários no momento que vier a existir pedidos que não atendam a todos os consorciados. Já foram realizadas, devido à necessidade do grupo, a importação de máquinas com custos mais reduzidos do que se fossem realizados sozinhos.

O gerente deste consórcio fala que a formação e manutenção deste grupo, e de qualquer outro, é um exercício de diplomacia, já que cada empresário quer demonstrar que tem mais sucesso, qualidade, tecnologia, pedidos, clientes, êxito do que os outros. É necessário o contato um a um para unir esforços em nome do grupo e manter a união sem que haja conflitos.

Para os empresários participantes do consórcio a visão é bastante otimista. No momento, as empresas estão tendo a oportunidade de intercambiar informações e conhecer novas tecnologias. As reuniões periódicas permitem a troca de idéias constante para o processo de inovação. As empresas são tecnologicamente competitivas em relação às suas concorrentes e estão buscando aprimoramento em relação à qualidade total, certificações ISO 9000 e novas técnicas.

O principal objetivo para a empresa PerfilMolde, participante do consórcio é conseguir levantar, com mais facilidade, recursos externos que auxiliem a busca de novos serviços no mercado externo, além de buscar estabelecer um melhor nível de qualidade de vida para seus funcionários visando uma produção com menor risco.

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