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O consórcio da sub-região oeste da RMSP, para gestão dos RSD, é configurado pelos municípios de Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi e Santana do Parnaíba (tendo ainda, como algo não muito bem definido, a participação do Município de Cotia).

A administração pública do Município de Osasco conta com um aterro sanitário, em seu território, com boa qualidade e capacidade para operar por mais alguns anos. Por isso, tem-se mantido à parte nas discussões fundamentais sobre o gerenciamento dos RSD no consórcio local.

A administração pública do Município de Barueri é caracterizada pelo alto volume de rendimentos que aufere com impostos locais sobre a área situada no Condomínio de Alphaville, em seu território, e é esquiva às demandas regionais encaminhadas pelos municípios vizinhos, que são muito mais pobres e que podem colocar-se como carentes dos recursos financeiros do Município de Barueri.

Enquanto se discutiam, durante o ano de 2005, políticas comuns para a gestão dos RSD em nível do consórcio local, a prefeitura municipal de Barueri liberou verbas públicas para a recuperação do lixão que mantinha às margens do rio Tietê, e passou a utilizá-lo como aterro controlado para disposição final dos RSD coletados em seu município.

O Município de Cotia possui um lixão fora de sua área urbana, à beira de um rio em meio à mata, e é multado sistematicamente pela CETESB, que exige a recuperação desta área. E o Município de Itapevi também possui um lixão nas

mesmas condições, mas dentro da área urbana e que tem causado protestos da população local.

A empresa particular denominada Estre construiu um bom aterro sanitário no Município de Itapevi e vem recebendo os RSD dos municípios de Cotia, Jandira e de outras localidades.

O Município de Jandira possui um antigo lixão que hoje é coberto por frações de solo. O núcleo urbano circundou o local e o próprio atual prédio da Secretaria de Obras do município é situado ao lado dele. É constatada a emanação de chorume à lagoa que lhe é perpendicular e o terreno não pode ser utilizado para construção civil por não oferecer fundamentos geotécnicos às fundações necessárias para as construções.

A conclusão técnica a respeito deste lixão é que ele, muitos anos após seu encerramento, ainda polui, talvez na mesma proporção em que muitas empresas locais poluem o ar ou as águas, mas os projetos de engenharia para sua recuperação não são viáveis economicamente.

O caso do Município de Carapicuíba é muito dramático. Com uma população em torno de 500.000 habitantes no ano de 2005, a quantidade diária de RSD coletada no local era de 250 toneladas. Isso equivale a dizer que cada habitante produz diariamente, em média, 0,5 kg de RSD.

É um índice muito abaixo da média de geração de RSD nas cidades, e denota uma população com renda econômica muito baixa. Nas palavras do sr. Borba, Secretário de Meio Ambiente do município, em abril de 2005: “aqui se come feijão com farinha e pouco se consome dos produtos com embalagens”.

Mesmo nestas condições, por não ter melhor alternativa para a disposição final dos RSD ali gerados, o município pagava, no ano de 2005, diariamente, em torno de R$ 7.000,00 (sete mil reais) para transportar seus RSD até o aterro do distante Município de Itaquaquecetuba, na sub-região leste da RMSP.

É importante ressaltar que o Município de Carapicuíba possui, em sua área urbana, em frente ao que é, hoje, seu centro comercial, um lixão de grandes proporções.

Tal fato ocorreu devido a uma intervenção técnica no meio geográfico. O rio Tietê, na altura do Município de Carapicuíba, provindo, à jusante, da sub-região leste da RMSP e acompanhando, à montante, a direção a oeste do Estado de São Paulo, descreve uma curva à esquerda em seu leito e aproxima-se do atual centro da cidade de Carapicuíba, para, alguns quilômetros adiante, numa curva à direita em seu leito, retomar sua antiga direção a oeste do Estado de São Paulo. Uma obra de engenharia foi realizada nesta primeira curva (à esquerda), no rio Tietê, interceptando sua passagem em direção ao atual centro da cidade de Carapicuíba.

Tal obra interrompeu estas curvas do rio Tietê, forçando-o a seguir um movimento linear e afastando-o do local que hoje ocupa o centro comercial do Município de Carapicuíba.

O espaço deixado pelo leito seco do rio passou a ser utilizado para lançamento dos RSD gerados no município, sem prévios cuidados ambientais. Segundo o sr. Borba, Secretário de Meio Ambiente do município, este lixão chegou a ter 12 metros de altura e amontoou cerca de 15.000 toneladas de RSD.

Fot o 6. Antigo lixão de Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo, 1998. Fonte: www.institutogea.org.br/2b.htm em 26/10/2007

O crescimento do núcleo urbano circundou a área e ali foi constituído o centro comercial local. Mediante a falta de recursos para mitigar o problema, o secretário Borba solicitou às empresas construtoras do Rodoanel (que passa pelo seu município) resíduos de concreto da obra, e, com isso, cobriu o lixão, encerrando suas atividades.

Após isso, ocorreu uma grande enchente no rio Tietê por ocasião de fortes chuvas. A obra de interceptação da curva à esquerda no rio Tietê em direção ao centro da cidade de Carapicuíba foi tragada pelas águas e o rio retomou seu antigo curso em direção à cidade.

Com isso, o lixão de Carapicuíba está, até hoje, imerso, no leito do rio Tietê, e vai continuar percolando chorume por muito tempo.