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CAPÍTULO 4 Estudos sobre o Educador Físico em academias de atividades físicas: Um retrato da

5.2 O Conselho Federal de Educação Física

O conselho profissional respectivo ao Educador Físico é o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) no âmbito nacional e os 14 Conselhos Regionais de Educação Física no âmbito regional (CREF 1ª RJ/ES; CREF 2ª RS; CREF 3ª SC; CREF 4ª SP; CREF 5ª CE/MA/PI; CREF 6ª MG; CREF 7ª DF; CREF 8ª AM/AC/AP/PA/RO/RR; CREF 9ª PR; CREF 10ª PB/RN; CREF 11ª MS/MT; CREF 12ª PE/AL; CREF 13ª BA/SE; CREF 14ª GO/TO) em funcionamento desde 2005 (STEINHILBER, 2006: p.9), com exceção do recém criado CREF 14ª.

No estatuto do CONFEF e no livro lançado pelo CONFEF em 2006, organizado por Tojal & Barbosa (2006), constam importantes declarações quanto ao seu papel:

"A missão do Sistema CONFEF/CREFs é garantir à sociedade

que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física". (Disponível em: <http://www.confef.org.br>. Acesso em: mar. 2010)

“Art. 2º - O CONFEF e os CREFs são órgãos de representação, disciplina, defesa e fiscalização dos Profissionais de Educação Física, em prol da sociedade, atuando como órgãos consultivos do Governo”. (Estatuto do Conselho Federal de Educação Física publicado no D.O.U. nº 90, seção 1, pág. 92 a 99, de 13/05/2008).

“É importante entender que não são os Conselhos, associações

de classe no sentido sindical, nem sociedade de caráter cultural ou

recreativo. São isto sim, entidades de Direito Público, autarquia

corporativa, com destinação específica de zelar pelo interesse social,

fiscalizando o exercício profissional das categorias que lhe são vinculadas” (STEINHILBER, 2006: p.7).

Nota-se que o Conselho se coloca tal qual é, agente fiscalizador e não entidade sindical, embora também se coloque em “defesa” dos “Profissionais de Educação Física” (Art. 2º do Estatuto do CONFEF – supracitado).

90 Contudo, sua atuação é confrontada com a realidade e com as necessidades que dela emergem, as quais exigem, um conselho que lute pela consolidação que a profissão de Educação Física exige nos tempos atuais.

Portanto, há de se ponderar o papel do conselho acerca da “defesa” do profissional quanto às suas condições de trabalho95. Embora seja indubitável que não é esta sua atividade fim enquanto conselho profissional.

Contudo, outros conselhos profissionais se portam de forma diferenciada, agregando maior proteção aos seus profissionais, e isso não configura infringência da lei. O que nos leva a concluir que o Sistema CONFEF/CREFs poderia ter a mesma atitude, haja vista não só as condições de trabalho do Educador Físico, como o fato de a profissão ter sido regulamentada, mas não contar com amparo legal efetivo àqueles que exercem a profissão enquanto trabalhadores. Além disto, se o conselho exerce papel fiscalizador nas academias, poderia averiguar qual tratamento é dado aos profissionais nela atuantes, mas isso não é feito quando do processo de fiscalização, como pode ser observado nos itens da Tabela de Infrações e Penalidades96, e na Resolução CONFEF nº 023/2000, que dispõe sobre a fiscalização e orientação do exercício Profissional e das Pessoas Jurídicas, no item “DO PROCEDIMENTO FISCALIZADOR”:

“Art. 7º - No exercício de suas atribuições, o(s) Profissional(is) de Educação Física, agentes de orientação e fiscalização, adotarão as

seguintes providências:

A - Verificar se: I - Os Prestadores de atividades físicas estão inscritos no Conselho Regional; II - Se as pessoas jurídicas, prestadoras de serviço em atividades físicas, desportivas e similares, estão devidamente regularizadas no Conselho; III - Se os estágios estão devidamente regularizados conforme resolução vigente do CONFEF.

B - Lavrar o Termo de Fiscalização que deverá ser também assinado pelo Profissional Fiscalizado ou pelo responsável do estabelecimento, organização ou pessoa jurídica vistoriada. Na ocorrência de negativa para tais assinaturas, o Profissional de Educação Física, agente de orientação e fiscalização, fará constar o fato no relatório, se possível testemunhado.

C - Fazer o relatório de vistoria para cada fiscalização efetuada, elaborando laudo minucioso”. (Disponível em: <http://www.confef.org.br/extra/resolucoes/conteudo.asp?cd_resol=23>. Acesso em: mar. 2010)

Em contrapartida, o Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu sítio eletrônico afirma:

95

Com relação aos estágios, a atribuição de supervisão cabe às Instituições de Ensino Superior (IES) (BARROS, s.d.).

96

91 “O CFM considera a má prática médica, consubstanciada na medicina mercenária, burocratizada ou inepta uma inimiga da sociedade e da medicina. O Conselho Federal de Medicina, CFM, é um órgão que possui atribuições constitucionais de fiscalização e normatização da prática médica. Criado em 1951, sua competência inicial reduzia-se ao registro

profissional do médico e à aplicação de sanções do Código de Ética Médica.

Nos últimos 50 anos, o Brasil e a categoria médica mudaram muito, e hoje, as atribuições e o alcance das ações deste órgão estão mais amplas, extrapolando a aplicação do Código de Ética Médica e a normatização da prática profissional.

Atualmente, o Conselho Federal de Medicina exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde da

população e dos interesses da classe médica. O órgão traz um belo

histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem estar do povo brasileiro, sempre voltado para a adoção de políticas de saúde dignas e competentes, que alcancem a sociedade indiscriminadamente.

Ao defender os interesses corporativos dos médicos, o CFM empenha-se em defender a boa prática médica, o exercício profissional ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da medicina consiste na garantia de serviços médicos de qualidade para a população”. (Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/novoportal/index5.asp>. Acesso em: mar. 2010)

Ainda, o Estatuto para os Conselhos de Medicina, publicado apenas nove anos antes do Estatuto do CONFEF, por exemplo, rege:

Art. 1° - O Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores, normatizadores, disciplinadores, fiscalizadores e julgadores da atividade profissional médica em todo o território nacional.

Parágrafo único - Cabe aos Conselhos de Medicina zelar, por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da Medicina, por adequadas condições de trabalho, pela valorização do

profissional médico e pelo bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente e de acordo com os preceitos do Código de Ética

Médica vigente. (Publicado no D.O.U., 15 Janeiro 1999, Seção I, p.44 – 46)

E não só possui este regimento, como também, publiciza sua luta: por mais verbas para a saúde; por uma gestão competente do Sistema Único de Saúde (SUS); por melhores salários para os médicos do serviço público; por honorários dignos para toda classe; pela regulamentação da profissão; por escolas médicas de qualidade; e pelo aperfeiçoamento profissional continuado – como se pode ver na figura divulgada em revista de grande circulação, no Anexo 2 desta dissertação. Além disto, a classe médica conta ainda com uma associação, a Associação Médica Brasileira, que tem uma revista de tiragem própria, bimestral, que conta com uma coluna de assessoria jurídica que traz reportagens de interesse dos médicos (também no Anexo 2).

Considerando a problemática da denominação instrutor abordada no item 3.1 desta dissertação, quando se abordou a legislação trabalhista na obra de Barros

92 (2008: p. 416-417), cremos que o CONFEF tem de se posicionar a respeito, já que Tojal & Barbosa (2006) mostram que é missão do CONFEF “quebrar paradigmas e compreensões equivocadas e distorcidas a respeito de nossa profissão”:

“Inicialmente deve-se entender que o CONFEF é uma entidade normativa e unificadora, tendo papel de fortalecer a imagem do Sistema, conquistar e consolidar representatividade nas Políticas Públicas e Privadas nos órgãos e entidades correlatos e afins, também tem como missão e

responsabilidade promover parcerias com entidades nacionais, conquistar

densidade política em todas as esferas, visando divulgar o Sistema CONFEF/CREFs, bem como, zelar pela qualidade da formação profissional,

quebrar paradigmas e compreensões equivocadas e distorcidas a respeito de nossa profissão, seja no executivo, legislativo e/ou judiciário, procurando sempre e em todas as esferas, ocupar espaços

relacionados à nossa área, cumprindo sua responsabilidade social, propiciando condições para os que os CREFs, enquanto órgãos executivos, possam executar as tarefas que lhes cabem” (TOJAL & BARBOSA, 2006: p.8-9).

“De qualquer forma, compete ao adulto, ao profissional, ao

professor como educador e não como um simples instrutor, interferir

sempre que necessário para que os que dependem de nós (os filhos, os mais novos, os mais idosos, os alunos etc.) possam ter atendidas suas carências básicas a fim de que as mesmas não se “aprofundem” ou se transformem em privações e até mesmo em vacuidades” (TOJAL & BARBOSA, 2006: p.116).

No entanto, o que se vê são lutas que parecem ser mais em prol dos

proprietários de academias de atividades físicas que dos Educadores Físicos, como

se pode constatar a partir das atitudes do CONFEF e do CREF 7ª:

 Pelo empenho do CONFEF junto à Federação Brasileira de Academias (FEBRACAD) em transformar as academias em empreendimentos de saúde conforme mostrou Bertevello (2005) – em reportagem publicada na Revista do CONFEF, no Anexo 3 desta dissertação. Embora, caso isto ocorra, há perspectivas de redução da carga tributária destes estabelecimentos, e isso talvez, diminua os custos, possivelmente possibilitando: o aumento do número de praticantes de atividade física, beneficiando a população; e maior valorização salarial, beneficiando o Educador Físico. Ainda, na mesma revista onde há a reportagem de Bertevello (2005), há outra reportagem intitulada “CONFEF e OAB discutem parceria”, onde dá a entender que o CONFEF pretende instaurar um exame dos graduados e lhe trazer benefícios, como faz a OAB, conforme a reportagem, no Anexo 4 desta dissertação.

 Pela solicitude do CREF 7ª em abrigar em seu espaço físico reuniões do Sindicato

das Academias e demais Empresas de Prática Esportiva do Distrito Federal e Entorno (SADEPE/DF/Entorno) conforme publicado no Diário Oficial97 constante do

Anexo 5 desta dissertação. Obs: Em relação a esta instituição, houve uma pesquisa

97

Conforme publicado no Diário Oficial da União, Nº 7, seção 3, de 12 de janeiro de 2010, terça-feira – ISSN 1677-7069. Publicação em anexo.

93 documental e de campo relatada no tópico “5.7 Sindicato das Academias e demais Empresas de Prática Esportiva do Distrito Federal e Entorno (SADEPE/DF/ENTORNO)”. Estive presente na referida reunião, e o relato sobre esta consta do tópico mencionado.