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Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Recreativas, Assistenciais, de Lazer e Desporto

CAPÍTULO 4 Estudos sobre o Educador Físico em academias de atividades físicas: Um retrato da

5.6 Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Recreativas, Assistenciais, de Lazer e Desporto

(SINDICLUBES/BRASÍLIA/ENTORNO)

É sabido que alguns Educadores Físicos atuam profissionalmente em Clubes, seja durante a semana, na função de Técnico Desportivo, ministrando aulas em escolinhas de iniciação e treinamento esportivo, ou nos fins de semana, dirigindo

101 atividades recreativas; e é o SINDICLUBES/DF106 que representa essa categoria profissional no DF.

Na pesquisa acerca dessa entidade e da relação entre ela e a categoria profissional do Educador Físico foi necessário ir à sua sede, visto não haver informações disponíveis noutro local107. Em visita à sede do SINDICLUBES/DF, obtive informações de um dos 21 membros da Diretoria Executiva do Sindicato – sobre a filiação do sindicato a federação, confederação e central sindical respectivas, e ações do sindicato e acordos coletivos firmados.

O Diretor advertiu-me que a maior representatividade do sindicato é composta dos funcionários de clubes, e que os Educadores Físicos são minoria participante, inclusive, não há nenhum membro desta categoria profissional na direção do sindicato ou exercendo participação ativa nas discussões e ações do sindicato. Este último fator, inclusive, é utilizado como justificativa à insipiência do sindicato quanto à práxis, regulamentação, direitos e deveres da categoria do Educador Físico. Isso fica claro quando o Diretor me adverte da existência de dois Acordos Coletivos de

Trabalho diferenciados para categoria profissional do Educador Físico: um de

extensão a todas as academias de atividades físicas do DF e Entorno, firmado entre o SINDICLUBES/DF e a FENAC/DF; e um exclusivo, firmado entre o SINDICLUBES/DF e uma academia da cidade, integrante de uma rede nacional de academias. Ambos os Acordos Coletivos de Trabalho estão anexos a esta dissertação (Anexo 7 e 8 respectivamente), sendo que o firmado com a FENAC acessível no sítio eletrônico da mesma108. Entretanto, o Diretor pareceu convidativo ao comentar que seria interessante que um profissional da área se dispusesse a assessorar o sindicato neste sentido, ou mesmo integrar uma chapa que pleiteasse a direção do sindicato na próxima eleição.

Em todo caso, como informado pelo Diretor Executivo, os Acordos Coletivos

de Trabalho firmados não tiveram a participação nem sequer conhecimento ou

aprovação de um membro da categoria de Educadores Físicos, sendo-lhe assim imposto o acordo, o qual possui uma hora-aula de R$ 6,20 indistinta para modalidade ou turno de trabalho, e sem direitos a férias, auxílio-doença, 13º salário, entre outros – no acordo Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre SINDICLUBES/DF e FENAC (ACT-1).

106 Sindicato atuante desde 1990, sob o CNPJ de nº 00.395.419/0001-90 e Código Sindical de nº 00.000.05456-6. 107

Havia sítios eletrônicos sobre SINDICLUBES de outros estados, do DF não.

108

Sitio eletrônico da FENAC onde há o acordo coletivo firmado com o SINDICLUBES/DF. Disponível em: <http://www.fenac.org.br/cct_brasilia_sindclubes.html>. Acesso em: mar. 2010.

102 “CLÁUSULA QUARTA – PISO PARA INSTRUTOR, RECREADOR,

PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FACILITADOR – Fica

estabelecido o salário por hora aula de R$6,20 (seis reais e vinte centavos)”.

No Acordo Coletivo de Trabalho firmado entre uma academia específica da cidade – partícipe de uma rede nacional de academias – e o SINDICLUBES/DF (ACT-2), há, ao menos, uma diferenciação de valor de hora-aula conforme modalidade de atividade física em que atue o Educador Físico, no qual a hora-aula varia de R$9,53 a “R$18,53 em diante”.

É visível a incompreensão do sindicato quanto à práxis do Educador Físico em academias, quando se examina com cuidado as cláusulas dos diferentes acordos coletivos. Há cláusulas preocupantes, que instauram “legalmente” a flexibilização do trabalho, como por exemplo, o estabelecido na cláusula 7 do ACT-2 em que se aborda o intervalo intrajornada:

“CLÁUSULA 7 – INTERVALO INTRAJORNADA – Ante às características das atividades da categoria, nos termos do artigo 71 da CLT, é facultado à empresa estabelecer intervalo para repouso e alimentação superior a 2 (duas) horas, sem implicações de horas extras”.

No ACT-1, além de não abordar intervalo intrajornada, o Educador Físico aparece com diferentes denominações e lhe cabe sua presença no acordo apenas nas cláusulas onde se estabelece o valor de sua hora-aula e na cláusula sobre Licença para Adoção, que não lhe é permitida:

“CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA – LICENÇA PARA ADOÇÃO LEGAL – Fica assegurada à empregada que obtiver guarda e responsabilidade de criança em processo de adoção, o afastamento do trabalho, por meio período sem prejuízo de salário, pelo prazo necessário até que a criança complete 120 (cento e vinte dias) de idade, não se

aplicando às professoras”.

O intervalo intrajornada cabe apenas quando o trabalhador exerce jornada contínua superior a 6 horas. O que se vê em academias, em geral, é a atribuição de horário picados de aulas específicas ministradas pelos professores, como ciclismo

indoor e outras modalidades. Ainda, o ACT-2, em sua cláusula 24 admite a opção de

Contrato Parcial para jornada inferior a 25 horas por semana, de acordo com o artigo nº 58-A da CLT, inserido via Medida Provisória nº 2.164-41/2001 – um exemplo de

103 O ACT-2 viola ainda a CLT em seu artigo nº 543, parágrafo 3º e a CF em seu artigo 8º, inciso VIII, como já citado anteriormente, ao tirar a estabilidade de representante sindical:

“é vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato”. (Trecho do 3º parágrafo do artigo nº 543 da Lei n.º 7.543)

“CLÁUSULA 32 – REPRESENTANTE SINDICAL – Estabelece-se que, independentemente do número de empregados, o empregador permitirá a indicação de um representante da categoria e suplente, escolhidos no seu quadro de empregados, não se configurando aos

mesmos estabilidade ou garantia de emprego por tal motivo”. (ACT-2)

Assinando o ACT-2, o próprio sindicato inviabiliza a desejada assessoria ou participação de um Educador Físico desta academia no sindicato, já que este correria o risco da demissão.

Seja como for, a ação do SINDICLUBES/DF indica total insipiência quanto às peculiaridades do Educador Físico, contudo, sua postura foi justificada pelas poucas ações dada as limitações de pessoal e estrutura do sindicato. O Diretor ainda averbou que travou contato com a Delegacia Regional do Trabalho do DF para juntos fiscalizarem as academias. Contudo, segundo o Diretor Executivo do SINDICLUBES/DF, a DRT alegou possuir apenas 6 fiscais e, embora tenha se comprometido a contatar o sindicato para as visitas de fiscalização, nunca o fez.

Foi solicitado formalmente ao SINDICLUBES/DF o número de Educadores

Físicos filiados ao sindicato, contudo, até a finalização desta dissertação, tal

solicitação não foi atendida – o formulário da solicitação consta no Anexo 9 desta dissertação.

5.7 Sindicato das Academias e demais Empresas de Prática Esportiva do