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2. Fundamentação teórica

2.4. A Lei das Sociedades Anônimas

2.4.5. Conselho Fiscal

Coelho (2002, v. 2: p. 228) define conselho fiscal como órgão de assessoramento da assembléia geral na votação de matérias atinentes à regularidade dos atos de administração da companhia. Ou “o principal instrumento, conferido pela lei aos acionistas, de fiscalização da gestão da empresa”.

Para o IBGC (2004: p. 40) o conselho fiscal “é um órgão não-obrigatório que tem como objetivos fiscalizar os atos da administração (...) e dar informações aos sócios”. Deve ser visto como uma das ferramentas que visam agregar valor para a sociedade, agindo como um controle independente para os sócios.

Além disso, o IBGC (2004: p. 40) considera o conselho fiscal como parte integrante do sistema de governança corporativa das organizações brasileiras.

O conselho fiscal requisita informações, examina documentos e opina sobre a legalidade e adequabilidade contábil dos atos da administração.

A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas (LSA, art. 161). O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral (LSA, art. 161, § 1°).

O conselho fiscal, quando o funcionamento não for permanente, será instalado pela assembléia-geral a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de seu funcionamento terminará na primeira assembléia-geral ordinária após a sua instalação (LSA, art. 161, § 2°).

Na constituição do conselho fiscal serão observadas as seguintes normas: (a) os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a voto; (b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número igual ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um. (LSA, art. 161, § 4°)

Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal (LSA, art. 162).

Não podem ser eleitos para o conselho fiscal, além das pessoas

enumeradas nos parágrafos do artigo 1479, membros de órgãos de administração e

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LSA, art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para a investidura em cargo de administração da companhia, a assembléia-geral somente poderá eleger quem tenha exibido os necessários comprovantes, dos quais se arquivará cópia autêntica na sede social.

§ 1º São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia

empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia (LSA, art. 162, § 2°).

Atuação do conselho fiscal está sujeita a limites precisos. O conselho tem competência para fiscalizar, mas não pode substituir os administradores da companhia no tocante à melhor forma de conduzir os negócios.

Nesse sentido, compete ao conselho fiscal (LSA, art. 163):

(i) fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos

seus deveres legais e estatutários;

(ii) opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do

seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-geral;

(iii) opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem

submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão;

(iv) denunciar aos órgãos de administração, e se estes não tomarem as

providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis a companhia;

(v) convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração

retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as matérias que considerarem necessárias;

popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos.

§ 2º São ainda inelegíveis para os cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários.

(vi) analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia;

(vii) examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas opinar;

(viii) exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições especiais que a regulam.

No mais, cabe destacar que o conselho fiscal (ou seus membros) pode: exigir a disponibilização de cópias dos balancetes e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente e, quando houver, dos relatórios de execução de orçamentos (LSA, art. 163, § 1°), solicitar aos órgãos de administração esclarecimentos ou informações, assim como a elaboração de demonstrações financeiras ou contábeis especiais (LSA, art. 163, § 2°); assistir às reuniões do conselho de administração, se houver, ou da diretoria, em que se deliberar sobre os assuntos em que devam opinar (LSA, art. 163, § 3°); em caso de a companhia tiver auditores independentes, solicitar-lhes os esclarecimentos ou informações que julgar necessários, e a apuração de fatos específicos (LSA, art. 163, § 4°), e, se a companhia não tiver auditores independentes, poderá, para melhor desempenho das suas funções, escolher contador ou firma de auditoria (LSA, art. 163, § 5°),

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