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Pesquisas realizadas no estudo da importância da governança

3. Metodologia

3.2. Pesquisas realizadas no estudo da importância da governança

Com relação ao enfoque epistemológico, a pesquisa empreendida é classificada como empírico-analítica, a qual segundo Martins (2002: p. 34):

“(...) esta abordagem apresenta em comum a utilização de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativas. Suas propostas têm caráter técnico e forte preocupação com a relação causal entre variáveis. A validação da prova científica é buscada através de testes dos instrumentos, graus de significância e sistematização das definições operacionais”.

De forma geral, procuraram-se dados do Ibovespa e do IGC, para depois aplicar métodos estatísticos para buscar relacioná-los e verificar o comportamento das duas amostras.

O método do Ibovespa contempla a variação dos preços das ações listadas na Bovespa. Não há, porém, na composição desse índice, consideração sobre as tratativas da companhia com relação às práticas de governança corporativa. No método do IGC, por outro lado, as empresas consideradas são apenas as listadas nos segmentos especiais de listagem da Bovespa — nível 1, nível 2 e Novo Mercado.

3.2. Pesquisas realizadas no estudo da importância da governança corporativa

Diversos estudos foram publicados buscando a mensuração dos impactos da adoção de práticas de governança corporativa no mercado de capitais brasileiro. Muitos desses estudos pretendem quantificar e explicar se a aplicação de boas práticas de governança corporativa em companhia de fato gera valor para essa

empresa, agrega na geração de resultados, valoriza suas ações na bolsa de valores e aumenta a rentabilidade.

Nesse sentido, Silveira (2005) em sua dissertação de mestrado — posteriormente publicada em formato de livro — investiga se a estrutura de governança corporativa foi relevante para as companhias abertas brasileiras de 1998 a 2000 e se as companhias adequadas às recomendações do IBGC e da (CVM) alcançaram maior valor de mercado ou melhor desempenho.

Três variáveis de governança foram consideradas: separação dos cargos de diretor executivo e presidente do conselho, tamanho do conselho e independência do conselho. Utilizou-se uma regressão múltipla do tipo seção transversal entre as variáveis dependentes de valor e desempenho e as variáveis independentes de governança corporativa. A variável diretor executivo como presidente do conselho apresentou resultados mais importantes, com forte evidência de que, em média, as empresas que têm pessoas distintas ocupando os cargos de diretor executivo e presidente do conselho são mais valorizadas pelo mercado. A variável tamanho do conselho apresentou um relação certamente não linear, sugerindo que as empresas com um número intermediário de conselheiros alcançam melhor desempenho. A variável independência do conselho não apresentou relação significativa contra as variáveis de valor e desempenho.

Silveira (2006) no livro de sua tese de doutoramento propõe nova pesquisa com objetivo de avaliar se os mecanismos de governança são exógenos e se exercem influência sobre o valor de mercado e a rentabilidade das companhias abertas no Brasil. A pesquisa foi dividida em três partes inter-relacionadas. A primeira parte investigou os determinantes da qualidade da governança corporativa, isto é, os fatores que fazem com que algumas empresas apresentem um nível de governança maior do que outras submetidas a um mesmo ambiente contratual. Como aproximação para a qualidade da governança corporativa, construiu-se um índice de governança para as 161 companhias componentes da amostra. O resultado principal desta primeira parte sugere que a estrutura de propriedade influencia a qualidade da governança corporativa. Especificamente, encontrou-se uma relação negativa significante entre o excesso de direito de voto em posse do acionista controlador e a qualidade da governança. Os resultados também

indicaram que as empresas maiores, emissoras de ADRs e com melhor desempenho apresentam, em média, melhor governança corporativa.

A segunda parte do estudo investigou os determinantes da concentração da propriedade, isto é, os fatores que fazem com que o acionista controlador detenha um percentual maior de ações nas companhias abertas. Aplicando técnicas de dados em painel para o período de 1998 a 2002, os resultados indicaram que a concentração da propriedade não parece ser determinada de forma endógena por outras variáveis corporativas. Os resultados, todavia, dependem do método de estimação dos coeficientes empregado, já que se obteve significância estatística pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinário mas não pelos procedimentos de Efeitos Aleatórios e de Efeitos Fixos, que se mostraram mais adequados.

A terceira parte da pesquisa investigou a relação entre governança e desempenho por meio de diferentes abordagens econométricas em escala crescente de complexidade. Os resultados não indicaram uma influência significante e consistente da qualidade da governança sobre o desempenho das empresas, já que houve mudança no sentido da relação entre o nível de governança e algumas variáveis de desempenho quando foi aplicada a abordagem de equações simultâneas, em relação aos resultados obtidos nas regressões múltiplas com equações isoladas. Das variáveis de desempenho testadas, Q de Tobin foi a que mostrou a relação positiva mais consistente com a qualidade da governança. Como outros resultados importantes, observou-se que as empresas com menor concentração do direito de voto em posse do controlador, menor nível de endividamento, maior proporção de intangíveis, maior tamanho, emissoras de ADRs e com ações mais líquidas apresentaram, em média, melhor desempenho. A discrepância dos resultados obtidos na relação entre governança corporativa e desempenho, em função da abordagem econométrica empregada, destaca a necessidade de um maior desenvolvimento da teoria sobre governança corporativa, de forma a melhor especificar, por meio de equações estruturais, os relacionamentos entre os diferentes mecanismos de governança.

Securato e Securato (2003) apresentaram um estudo introdutório sobre indicador de governança corporativa obtido por meio da relação dívida/patrimônio líquido. Procurou-se estabelecer uma relação ótima para cada empresa entre retorno e o grau de alavancagem da empresa para em seguida verificar se esta

relação tem sido mantida pela empresa. Este estudo foi dirigido para as empresas da área de siderurgia e se obteve evidências da relação proposta.

Para tanto, foi estabelecido uma regressão para o prêmio da ação ordinária na qual dentre as varias parcelas envolvidas uma delas era a alavancagem financeira e outra o seu quadrado, o que nos levaria a possibilidade de uma relação ótima entre divida e patrimônio.

O trabalho mostrou a existência de evidências sobre a possibilidade de obtermos um indicador para a relação dívida/patrimônio líquido que caracteriza uma empresa ou empresas de um mesmo setor ou ainda um perfil de governança corporativa, o qual possa ser considerado padrão.

Silveira et al. (2004) investigam os determinantes da concentração das ações ordinárias em posse dos acionistas controladores das companhias abertas brasileiras. A análise visa a entender os fatores que fazem com que uma empresa tenha estrutura de controle mais concentrada do que outras submetidas a um mesmo ambiente contratual.

Foram aplicados o método dos Mínimos Quadrados Ordinários e os procedimentos de Efeitos Aleatórios e Efeitos Fixos para um painel de 161 empresas entre os anos de 1998 e 2002. O resultado principal é que os aspectos endógenos testados como possíveis determinantes não parecem influenciar a concentração do direito de controle nas companhias abertas brasileiras. Os resultados, todavia, dependem do método de estimação dos coeficientes, apresentando significância estatística apenas pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários. Este método, entretanto, se mostrou menos adequado do que os procedimentos por Efeitos Aleatórios e por Efeitos Fixos, cujos resultados não indicaram significância estatística para os coeficientes de quaisquer variáveis.

Os resultados evidenciam a importância da utilização de métodos de estimação alternativos. Além disso, obtém-se uma evidência em favor dos estudos que visam a avaliar a influência da estrutura de propriedade e controle sobre o desempenho corporativo, já que as variáveis de concentração da propriedade não parecem ser determinadas de forma endógena por outras variáveis corporativas.

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