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3 A REFORMA EDUCACIONAL DE 191 E AS ESTRATÉGIAS DE

3.1 O Conselho Nacional de Educação

O Conselho Nacional de Educação (CNE) foi criado pelo Decreto Federal n.º 19850 de 11 de abril de 1931 como órgão consultivo do Ministro da Educação e Saúde Pública (Art. 1), ou seja, ele não tinha poder para decidir, mas para sugerir ao Ministro alguma medida (Art. 4), porém, a maioria das vezes, o Ministro acompanhava as deliberações do CNE.100

Seus membros eram de nomeação do Presidente da República e com mandatos de 04 anos, podendo ser reconduzidos. A composição do CNE estava definido no Art. 3 do referido Decreto:

I - Um representante de cada universidade federal ou equiparada. II - Um representante de cada um dos institutos federais de ensino do direito, da medicina e de engenharia, não encorporados a universidades.

III - Um representante do ensino superior estadual equiparado e um do particular tambem equiparado.

IV - Um representante do ensino secundário federal; um do ensino secundário estadual equiparado e um do particular tambem equiparado.

V - Tres membros escolhidos livremente entre personalidades de alto saber e reconhecida capacidade em assumptos de educação e de ensino.

Para o Decreto n.º 19850, o CNE deveria se reunir 04 vezes por ano ordinariamente nos meses de janeiro, abril, julho e novembro101 e cada reunião subdividida em quantas sessões fossem necessárias (Art. 6 §único) de até 03 horas102. Algumas reuniões tiveram mais de 10 sessões.103 Os membros do CNE

100 Na Constituição Federal de 1934, o Art. 152 manteve o caráter sugestivo do Conselho Nacional de Educação, ou seja, de apenas de subsidiar o Governo com sugestões que poderiam ou não ser acatadas. No recurso da Escola de Pharmacia e Odontologia de Uberaba apresentado, por meio de seu advogado ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e Saúde Pública contra o parecer n.º 206-A/1935, o “Egrégio Conselho” foi citado como sendo um órgão "cujas funções são de um modo geral [...] meramente consultiva" (Departamento Pessoal. Anexo A, 164.41)

101 O Art. 8 do Regimento Interno do Conselho Nacional de Educação definiu estes meses, mas na prática, estas datas variaram em acordo com a vontade dos conselheiros, que mantinham autonomia para isso.

102 Art. 10 do Regimento Interno do CNE.

103 A exemplo da 3ª reunião do ano de 1931. (Diário Oficial de União, 09 dezembro 1932. Seção 1. p. 55)

não receberiam salário, mas receberiam uma gratificação referente a diárias e despesas de viagens. (Art. 7) 104

Dentre as principais funções do CNE, a mais comum foi a de “estudar e emitir parecer sobre assumptos de ordem administrativa e didática, referentes a qualquer instituto de ensino, que devem ser resolvidos pelo Ministro” (Art. 5 letra D), conforme verificado nas Atas do CNE.

O Ministro da Educação e Saúde Pública era o Presidente nato do "Conselho de Educação", sendo substituído em suas ausências, pelo diretor do Departamento Nacional do Ensino (Art. 6), que era seu membro nato. (Art. 3 §2º)

Para estudo das matérias submetidas ao CNE, seriam constituídas, segundo o Regimento Interno, as seguintes Comissões: de Ensino Primário e Secundário; de Ensino Superior, Artístico e Profissional; de Regimentos; de Legislação e Consultas; de Ensino Técnico e Profissional.105 Cada uma destas Comissões era responsável por analisar e emitir pareceres conforme suas matérias.106

No caso das Escolas de Pharmacia e Odontologia, para obter a inspeção preliminar, deveria impetrar o seu pedido junto a Diretoria Nacional de Educação. Esta, nomearia um fiscal provisório que seria responsável por emitir um primeiro relatório e protocolado junto ao Conselho Nacional de Educação ao qual o remeteria à Comissão de Ensino Superior. Caso fosse aprovado, seria concedida a inspeção preliminar. Conquistada a inspeção preliminar, a instituição deveria organizar seu Regimento Interno em acordo com o Estatuto das Universidades, e submetê-lo à apreciação da Comissão de Regimentos e/ou Legislação e Consultas, do CNE, ao emitiria seu parecer.

A Escola de Uberaba iniciou seu processo solicitando a inspeção preliminar em 31 de dezembro de 1931 junto ao Ministério da Educação, que somente encaminhou para a Secretaria do Conselho Nacional de Educação no início do ano

104 Com a Lei Federal n.º 174 de 06 janeiro 1936, que reorganizou o CNE, ficou definida uma gratificação diária para cada um dos seus membros (Art. 12).

105 Estas comissões estavam previstas no Art. 13 do Regimento Interno do Conselho Nacional de Educação e vistas em funcionamento nas diversas Atas do CNE.

106 Por portarias do dia 05 de novembro de 1931, em acordo com o Art. 25 do Regimento Interno do CNE, que definia os funcionários do CNE, foram contratados o Bacharel Américo Lourenço Jacobina Lacombe, como Secretário com salário mensal de 1:600$000 (hum conto e seiscentos mil réis); Dr. Francisco Luiz Leitão, como Oficial estenógrafo e salário mensal de 1:200$000 (hum conto e duzentos mil réis); Jordão de Oliveira no cargo de porteiro-contínuo com salário mensal de 700$000 (setecentos mil réis). (Diário Oficial da União, 21 novembro 1931. Seção 1. p. 06) Obs: As Atas do CNE foram inicialmente taquigrafadas, ou seja, as falas dos conselheiros eram registradas pela técnica de taquigrafia, que é uma técnica específica que simplifica a escrita em tempo real. O Oficial Estenógrafo posteriormente traduzia o texto taquigrafado para o português fluente.

de 1932. Seguindo os tramites citados acima, caberia ao Conselho Nacional de Educação decidir sobre o futuro da Escola de Pharmacia e Odontologia de Uberaba. Não esperando dificuldades na aprovação de seu pedido, Mineiro Lacerda demonstrou certa intimidade com o Ministro da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos ao lembrá-lo que em abril de 1928, ele visitou pessoalmente as instalações da Escola de Uberaba, registrando no Livro de Impressões a seguinte passagem: “Deixo aqui a optima impressão que me deixou a Escola de Pharmacia e Odontologia de Uberaba cuja iniciativa é digna de todos os applausos. Uberaba, 27 de abril de 1928 (a) Francisco Campos”. (Livro de Impressões de Visitantes. Anexo A, 164.40)

Estando o pedido formalmente protocalado e em acordo com a legislação. O Departamento Nacional do Ensino nomeou o Dr. Galba Moss Velloso fiscal federal, incumbindo-o de apresentar o primeiro relatório sobre a Escola de Uberaba, dando encaminhamento ao protocolo feito por Mineiro Lacerda solicitando a inspeção preliminar107.

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