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2.1 PLANEJAMENTO

2.1.3 Consequências de um planejamento de voo mau elaborado

Segundo Liasch (2010), “a análise deficiente da meteorologia pode resultar facilmente em voos IMC involuntários e penetração em formações convectivas perigosas”. A entrada em condições de voo por instrumentos IMC quando ocorre com uma aeronave homologada e com piloto habilitado para voos por instrumentos não ocasiona maiores perigos, porém quando o piloto não for habilitado ou a aeronave não for homologada ou ambas, afetará negativamente a segurança da operação, podendo ocasionar acidentes.

Para evitar a entrada em condições de voo IMC ou em formações convectivas se faz necessário executar um planejamento de voo antes do início da operação, observado nas informações meteorológicas a altura das bases e topos das nuvens, formações de trovoadas, chegada de frentes e formações convectivas, afim de conhecer as condições em rota e evitar surpresas durante o voo.

Segundo Resende (2015), para voar em condições IMC, ou seja, sem referências visuais, o piloto necessita de um bom treinamento, no qual irá aprender a se orientar e a utilizar os instrumentos embarcados na aeronave para manter o controle e navegar no espaço aéreo. Após passar pelo treinamento de voo por instrumentos e pelo voo de avaliação, o piloto estará habilitado para voos IFR, podendo, assim, realizar um voo em condições IMC. Caso o piloto não seja habilitado “a perda de referência visual poderá fatalmente influenciar em um acidente!”.

Segundo Resende (2015), “voar em condições IMC é extremamente perigoso para pilotos sem habilitação IFR”. O piloto não habilitado para voos por instrumentos quando encontra uma condição de voo IMC, não estará treinado para manter o controle positivo e navegar a aeronave podendo ocorrer uma desorientação espacial.

2.1.3.1 Desorientação espacial

Segundo a FAB (2018), “a desorientação é definida como ocorrência em que o piloto entra em processo de confusão na interpretação dos parâmetros de voo, entrando ou não em atitude anormal”. Na desorientação espacial o piloto entra em confusão, sem saber determinar qual a verdadeira posição da aeronave em relação

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ao horizonte. Onde os instrumentos indicam que a aeronave está em uma posição porém os sentidos do piloto indicam que está em outra posição, levando o piloto a uma confusão e induzindo o mesmo ao erro, entrando em uma desorientação espacial que pode resultar em um acidente aéreo, caso não haja altura o suficiente para recuperar a aeronave.

Segundo a ANAC (2016), para evitar que ocorra uma desorientação espacial o piloto deve confiar na indicação do horizonte artificial, que é o instrumento que indica qual a atitude da aeronave, ou seja, a posição da aeronave em relação a linha do horizonte, mantendo o controle positivo do avião com as asas niveladas e deve desconsiderar os seus sentidos, uma vez que “a informação recebida dos órgãos do vestíbulo (no ouvido interno) é duvidosa em voo quando não acompanhada por informação visual relevante.”

As informações repassadas ao cérebro quando voando em condições por instrumentos, sem referência com o solo ou céu, não são confiáveis, uma vez que o sistema vestibular pode interpretar um voo nivelado como um voo em curva. Por isso é de extrema importância deixar de confiar nos sentidos e confiar nos instrumentos do avião.

Se o piloto não conseguir estabelecer contato visual com alguma referencia de horizonte natural, seja ela o solo ou o céu, e sendo o mesmo não habilitado e sem proficiência para voos em condições por instrumentos “estará provavelmente sujeito à desorientação espacial, o que, por sua vez, provavelmente levará à perda de controle da aeronave” (ANAC, 2016).

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a crescente demanda pela aviação geral no mundo inteiro e com cada vez mais aeronaves voando no espaço aéreo, é necessário que se invista mais em segurança operacional, mitigando ao máximo os riscos das operações aéreas e tornando a aviação cada vez mais um ambiente seguro.

Uma maneira de melhorar a segurança operacional das aeronaves que operam na aviação geral é realizar um bom e amplo planejamento antes de cada voo, englobando todas as informações que serão necessárias para realizar o voo de maneira segura e com alta consciência situacional.

O planejamento de voo faz parte das atribuições pré-voo e deve ser executado antes de qualquer voo, por mais que seja um voo rotineiro e em aeródromos já conhecidos. Esta é a fase na qual o piloto em comando deve procurar todas as informações a respeito do voo que será realizado.

Uma das fases do planejamento de voo é o planejamento meteorológico, na qual deve-se buscar todas as informações, observações e previsões meteorológicas nos aeródromos envolvidos no voo, seja o aeródromo de origem, destino e alternativa e todas as informações importantes em rota.

Existem diversas informações meteorológicas que devem ser consultadas antes de cada voo, dentre observações a nível da pista nos códigos METAR e SPECI e previsões no código TAF. As condições em rota podem ser analisadas nos códigos SIGMET, AIRMET e GAMET, além das cartas WIND/TEMPERATURES, SIGWX e imagens de radar e satélite.

Este planejamento meteorológico é de extrema importância para se realizar um voo com bons índices de segurança operacional, deixando a tripulação ciente de todas as condições meteorológicas as quais podem ser encontradas em rota, não permitindo que a aeronave entre em condições de voo na qual não é aprovada, tais como, formações de gelo, turbulência severa e em condições de tempo severo convectivo.

Realizar um voo sem o devido planejamento meteorológico fere a segurança da operação podendo levar a um acidente. A falta de estudo das condições meteorológicas as quais serão encontradas em rota poderão fazer com que um avião sobre regras de voo visuais entrar em condições de voo por instrumentos.

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A entrada em condições de voo por instrumentos em uma aeronave e com piloto não habilitado para voos nestas condições poderá resultar em uma desorientação espacial e se não houver condições de recuperar o controle da aeronave poderá desencadear em um acidente.

Desta maneira se evidencia a importância de se estudar as condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo, desde o aeródromo de origem, destino e alternativa até as condições em rota. Conhecendo as condições o piloto em comando poderá decidir em prosseguir o voo normalmente, fazer um desvio na rota ou cancelar o voo, dependendo o que poderá sem encontrado em voo e levando em consideração as limitações da aeronave e do piloto em comando.

Ao final desta pesquisa, concluiu-se que os objetivos propostos foram cumpridos, pois foi apresentada a importância de se realizar um planejamento meteorológico para realizar um voo com bons índices de segurança operacional, também foi apresentado como se deve realizar este planejamento, os principais tipos de informações meteorológicas disponíveis para consulta e as consequências de se realizar um voo sem o devido planejamento.

O tema abordado neste artigo é de extrema importância para a segurança das operações aéreas, tendo em vista isso, não se esgota pesquisas nesta área de conhecimento. É proposto que, para futuros trabalhos sobre o tema, realize um estudo de caso de acidente aeronáutico que um dos fatores contribuintes foi o fator meteorológico, analisando o que levou a tripulação a não realizar um planejamento meteorológico para o voo.

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