• Nenhum resultado encontrado

O planejamento meteorológico e a sua importância para a segurança operacional na operação de aeronaves da aviação geral

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O planejamento meteorológico e a sua importância para a segurança operacional na operação de aeronaves da aviação geral"

Copied!
35
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JOÃO GABRIEL NONES DOS SANTOS

O PLANEJAMENTO METEOROLÓGICO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA OPERAÇÃO DE AERONAVES DA AVIAÇÃO

GERAL

Palhoça 2020

(2)

JOÃO GABRIEL NONES DOS SANTOS

O PLANEJAMENTO METEOROLÓGICO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA OPERAÇÃO DE AERONAVES DA AVIAÇÃO

GERAL

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Esp. Antônio Carlos Vieira de Campos

Palhoça 2020

(3)

JOÃO GABRIEL NONES DOS SANTOS

O PLANEJAMENTO METEOROLÓGICO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA OPERAÇÃO DE AERONAVES DA AVIAÇÃO

GERAL

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 23 de novembro de 2020.

__________________________________________ Orientador: Prof. Esp. Antônio Carlos Vieira de Campos

__________________________________________ Prof. Esp. Marcos Fernando Severo de Oliveira

(4)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a minha família e amigos por sempre estarem ao meu lado, mesmo nos momentos difíceis, prestando todo o apoio para não desistir e seguir com meus estudos.

Ao meu professor e orientador Antônio Carlos Vieira de Campos, pelo apoio e instrução na realização do trabalho de conclusão de curso e pelos ensinamentos passados nas demais matérias.

Aos demais professores do curso de Ciências Aeronáuticas da UNISUL por todos os conhecimentos passados durante o curso, me ajudando a me tornar um profissional cada vez melhor.

(5)

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo evidenciar a importância de se realizar um bom planejamento meteorológico antes de cada voo, com a finalidade de melhorar a segurança operacional na operação de aeronaves da aviação geral, também apresentou os principais tipos de informações meteorológicas que estão disponíveis para a consulta da tripulação antes do voo e as consequências de se realizar um voo sem um planejamento adequando para o mesmo. A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória com procedimento bibliográfico e documental, buscando conhecimento por meio de livros, artigos, documentos, regulamentos e reportagens e a abordagem da pesquisa foi qualitativa. Ao final da pesquisa concluiu-se que é de extrema importância realizar um planejamento adequado antes de qualquer voo, no qual deve-se buscar todas as informações pertinentes a operação, desde os aeródromos de partida, destino e alternativa e em rota. Uma das etapas deste planejamento é a busca das informações relativas as condições meteorológicas. A não observância das condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo poderá resultar na entrada inadvertida em condições de voo por instrumentos ou a entrada em áreas de formação de gelo e turbulência com uma aeronave que não seja aprovada para este tipo de voo, prejudicando a segurança de voo e podendo levar a uma desorientação espacial e consequentemente a um acidente aéreo.

Palavras-chave: Planejamento de voo. Planejamento Meteorológico. Segurança de voo. Desorientação Espacial.

(6)

ABSTRACT

This paper aimed to highlight the importance of carrying out a good meteorological planning before each flight, in order to improve operational safety in the operation of general aviation aircraft, it also presented the main types of meteorological information that are available for consultation of the crew before the flight and the consequences of taking a flight without adequate planning for it. This research is characterized as exploratory with bibliographic and documentary procedure, seeking knowledge through books, articles, documents, regulations and reports and the research approach was qualitative. At the end of the research it was concluded that it is extremely important to carry out an adequate planning before any flight, in which one must search for all the pertinent information to the operation, from the departure, destination and alternative aerodromes and en route. One of the stages of this planning is the search for information related to weather conditions. Failure to observe the meteorological conditions that will be encountered during the flight may result in inadvertent entry into instrument flight conditions or entry into areas of ice formation and turbulence with an aircraft that is not approved for this type of flight, jeopardizing safety flight and can lead to spatial disorientation and consequently to an air accident.

Keywords: Flight planning. Meteorological Planning. Flight safety. Spatial Disorientation.

(7)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Plotagem do código SIGMET no site REDEMET ... 22

Figura 2 - Carta SIGWX ... 23

Figura 3 - Carta WIND/TEMPERATURES ... 24

Figura 4 - Legenda das imagens de satélite... 26

Figura 5 - Imagem de satélite realçada ... 26

Figura 6 - Legenda das imagens de radar ... 28

(8)

LISTA DE SIGLAS ANAC CENIPA CMA CMV DECEA FAB IFR

Agência Nacional de Aviação Civil

Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Centro Meteorológico de Aeródromo

Centro Meteorológico de Vigilância

Departamento de Controle do Espaço Aéreo Força Aérea Brasileira

Regra de Voo por Instrumentos IMC NOTAM RBAC RBHA ROTAER VFR

Condições Meteorológicas de Voo por Instrumentos Aviso aos Aeronavegantes

Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil

Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica Manual Auxiliar de Rotas Aéreas

Regra de Voo Visual VMC

WAFC

Condições Meteorológicas de Voo Visual Centro Mundial de Previsão de Área

(9)

SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO ...9 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ...10 1.2 OBJETIVOS ...10 1.2.1Objetivo geral ...10 1.2.2Objetivos específicos ...10 1.3 JUSTIFICATIVA ...11 1.4 METODOLOGIA ...11

1.4.1Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa ...11

1.4.2Materiais e métodos ...12

1.4.3Procedimentos de coleta de dados ...13

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ...13

2REFERENCIAL TEÓRICO ...14

2.1 PLANEJAMENTO ...14

2.1.1Planejamento de voo ...14

2.1.1.1 Etapas de um planejamento de voo ...15

2.1.2Planejamento meteorológico ...17

2.1.2.1 Informações meteorológicas ...19

2.1.2.1.1Códigos METAR e SPECI ...19

2.1.2.1.2Código TAF ...20 2.1.2.1.3Código SIGMET ...21 2.1.2.1.4Código GAMET ...22 2.1.2.1.5Código AIRMET ...22 2.1.2.1.6Cartas SIGWX ...23 2.1.2.1.7Carta WIND/TEMPERATURES ...24 2.1.2.1.8Imagens de satélite ...25 2.1.2.1.9Imagens de radar ...27

2.1.3Consequências de um planejamento de voo mau elaborado ...29

2.1.3.1 Desorientação espacial ...29

3CONSIDERAÇÕES FINAIS ...31

(10)

9

1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento cada vez maior da aviação geral em todo o mundo, ou seja, o aumento do número de aeronaves voando no espaço aéreo, é necessário que se invista mais em segurança operacional com a finalidade de mitigar ao máximo os riscos das operações aéreas, melhorando a segurança de voo e tornando a aviação cada vez mais segura.

Uma maneira de aumentar a segurança operacional é realizar, antes de cada voo, um planejamento. Neste planejamento de voo devem estar incluídas todas as informações pertinentes ao voo, desde informações sobre os aeródromos de partida, destino e alternativas até informações acerca da rota a ser voada, possibilitando um maior conhecimento por parte da tripulação a respeito do voo.

Uma das etapas do planejamento de voo é o planejamento meteorológico, o qual é realizado pelos tripulantes e deve conter todas as informações meteorológicas observadas e previstas da origem, destino, alternativa e em rota. Da posse destas informações a tripulação deve realizar uma análise e determinar se é possível realizar o voo dentro dos parâmetros de segurança aceitáveis.

Com este planejamento é possível ter uma consciência situacional de todas as condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo, evitando que se encontre maiores surpresas no decorrer do voo. Conhecendo as condições meteorológicas a tripulação já estará preparada caso tenha que realizar um desvio para evitar áreas de formação de gelo, turbulência e trovoada ou caso tenha possibilidade de precisar alternar se o aeroporto de destino estiver com previsão de deterioração das condições meteorológicas.

Com o crescimento e a evolução da aviação em todo o mundo tivemos um grande avanço no que diz respeito as informações meteorológicas disponíveis para a tripulação, ajudando na elaboração de um bom e confiável planejamento meteorológico.

Existem diversas informações meteorológicas disponíveis para a consulta, por parte da tripulação, antes do voo, temos por exemplo as observações meteorológicas nos aeródromos nos códigos METAR e SPECI e previsões no código TAF. Também temos as informações meteorológicas em rota que podem ser conhecidas pelos códigos SIGMET, GAMET e AIRMET, além das cartas meteorológicas WIND/TEMPERATURES e SIGWX e as imagens de radar e satélite.

(11)

10

Um planejamento meteorológico mau elaborado ou a falta dele afeta a segurança operacional, uma vez que a tripulação não terá ciência das condições meteorológicas que encontrarão durante o voo, podendo levar a aeronave voando sobre regras de voo visual a entrar em condições de voo por instrumentos ou entrar em áreas de formação de gelo ou trovoada as quais a aeronave pode não ser aprovada.

A entrada em condições de voo por instrumentos quando com uma aeronave não homologada e com piloto não habilitado para voos por instrumentos estará correndo um grande risco de ocorrer uma desorientação espacial, devido a aeronave não possuir os equipamentos mínimos exigidos para o tipo de voo e o piloto não ter o treinamento adequado para voos por instrumentos podendo levar a uma desorientação espacial que dependendo da altura poderá desencadear em um acidente aeronáutico.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Qual a importância do planejamento meteorológico para elevar os níveis de segurança operacional na operação de aeronaves da aviação geral?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Compreender a importância do planejamento meteorológico para elevar os níveis de segurança operacional na operação de aeronaves da aviação geral.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Pontuar os itens de um planejamento meteorológico para realizar um voo com bons índices de segurança operacional.

(12)

11

c) Identificar as consequências de um planejamento meteorológico mau elaborado.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com a evolução da aviação e o aumento do número de aeronaves da aviação geral é necessário aumentar a segurança operacional, uma vez que a cada ano o objetivo principal da aviação é de mitigar os riscos das operações tornando o setor aéreo cada vez mais seguro.

Uma das maneiras de contribuir com a segurança da operação é realizar um planejamento antes de cada voo, englobando todas as informações pertinentes que serão necessárias durante o voo. Da posse deste planejamento o piloto em comando poderá realizar o voo sem encontrar grandes surpresas.

Uma das fases do planejamento de voo é o planejamento meteorológico, que é de vital importância para segurança operacional, ajudando a tripulação a ter uma consciência situacional de quais condições meteorológicas serão encontradas durante o voo.

Um conhecimento amplo das condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo contribui para evitar que se encontre inadvertidamente, durante o voo, condições de voos por instrumentos, áreas de formação de gelo, trovoadas e turbulência severa.

A realização de um planejamento meteorológico possui muitos pontos positivos além da segurança operacional, contribuindo também para a economia de custos, no conforto dos passageiros e no tempo de voo, sendo escolhido pelos tripulantes um nível de voo e rota que melhor favoreça a operação.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa

A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória, que é definida por Lakatos e Marconi (2003, p.188) como:

(13)

12

Investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.

Ou seja, consiste em um estudo para que o pesquisador se familiarize com o assunto estudado.

Quanto ao procedimento da pesquisa caracteriza-se como bibliográfica, que conforme Gil (2002, p. 44): “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Desta maneira, foi realizada uma extensa pesquisa bibliográfica nos materiais disponíveis com o objetivo de se aprofundar no tema proposto. Também foi utilizado o procedimento documental, que conforme Lakatos e Marconi (2003, p. 174), a coleta de dados é realizada por meio de documentos, chamados de fontes primárias.

A natureza da pesquisa refere-se a abordagem qualitativa, que conforme Gil (2002, p. 90): “costuma-se verificar um vaivém entre observação, reflexão e interpretação à medida que a análise progride, o que faz com que a ordenação lógica do trabalho torne-se significativamente mais complexa, retardando a redação do relatório”.

1.4.2 Materiais e métodos

Os materiais bibliográficos analisados foram livros e periódicos que descrevem sobre planejamento de voo, planejamento meteorológico, segurança operacional, meteorologia e desorientação espacial. E os materiais documentais analisados foram documentos diversos sobre legislações regendo a Aviação Civil brasileira que oferecem requisitos e padrões de procedimentos em relação ao tema proposto, tais como: Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica (RBHA), Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil (RBAC), documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), documentos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).

(14)

13

1.4.3 Procedimentos de coleta de dados

Para a coleta de dados para a pesquisa foram selecionados livros, artigos e documentos com relação ao assunto estudado. As pesquisas foram realizadas na biblioteca das UNISUL, Google acadêmico e sites oficiais. Como descritores foram utilizadas as seguintes palavras: “planejamento”, “planejamento de voo”, “planejamento meteorológico”, “informações meteorológicas”, “desorientação espacial”.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho foi estruturado em 3 capítulos divididos da seguinte maneira:

No capítulo 1, apresenta-se a introdução, na qual é composta pela contextualização do tema, problema da pesquisa, objetivo geral, objetivos específicos, justificativa, metodologia e estrutura do trabalho.

No capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica, onde é apresentada a importância de um planejamento meteorológico para realizar um voo com bons níveis de segurança operacional.

Por fim, no capítulo 3 é apresentada a conclusão do trabalho, seguidas das referências bibliográficas utilizadas.

(15)

14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PLANEJAMENTO

Em grande parte de nossa vida nós aplicamos um planejamento, seja um planejamento de curto prazo como um almoço, definindo todos os ingredientes e o modo de preparo do mesmo ou uma viagem no final de semana definindo tudo que é necessário levar, ou um planejamento de longo prazo como a abertura de um negócio definindo todos os passos necessários para atingir o sucesso ou até mesmo um planejamento de vida.

Segundo o dicionário Michaelis, planejar significa: “1- Criar ou elaborar um plano. 2- Fazer planos para; devisar, programar, projetar. 3- Ter como intenção”. (PLANEJAR, 2020). Ainda, segundo o dicionário Michaelis, planejamento significa: “1- Ato de planejar. 2- Organização de uma tarefa com a utilização de métodos apropriados. 3- Determinação de ações para atingir as metas estipuladas por uma empresa, órgão do governo etc.; planificação”. (PLANEJAMENTO, 2020).

Segundo Silva (2018), “planejar é garantir o conhecimento prévio de todas as informações disponíveis referentes à atividade que se pretende realizar, preparando com antecedência um plano para as condições previstas e alternativas para situações inesperadas”.

Ou seja, para realizar um planejamento nós devemos conhecer todas as informações referentes a determinado assunto para definir todos os passos que devemos tomar para chegar a um objetivo final, preparando alternativas caso seja encontrado alguma situação que não estava nos planos.

2.1.1 Planejamento de voo

O planejamento faz parte de nossa vida e com certeza não podia deixar de fazer parte da aviação. Na aviação é de extrema importância realizar um planejamento adequando antes do início de cada voo, com o objetivo de conhecer todas as informações pertinentes a operação, envolvendo não somente os aeródromos de partida, destino e alternativa, mas também todas as informações importantes em rota.

(16)

15

Um bom planejamento de voo contribui para elevar as margens de segurança operacional na operação de aeronaves em todas as áreas da aviação. Segundo o CENIPA (2015) “Segurança operacional é o estado no qual o risco de lesões às pessoas ou danos aos bens é reduzido ou mantido em um nível aceitável, ou abaixo do mesmo, por meio de um processo contínuo de identificação de perigos e gerenciamento dos riscos”.

Desta maneira, realizando um planejamento de voo podemos contribuir para melhorar a segurança da operação, uma vez que com o planejamento o piloto em comando consegue identificar os perigos que podem ser encontrados durante a operação, como por exemplo uma formação de trovoadas ou formação de gelo, turbulência, aeródromo de destino ou alternativa abaixo dos mínimos exigidos e etc.

Com o piloto em comando ciente de todas as condições e informações sobre a rota a ser voada, ele pode tomar a decisão de prosseguir ou não o voo, levando em consideração o tipo de operação e os limites da aeronave em questão e do próprio piloto em comando, gerenciando os riscos da operação.

Segundo Liasch (2010), deve-se realizar um planejamento de voo adequando com a finalidade de melhorar a segurança operacional do voo, “pois o planejamento deficiente ou a sua ausência constitui um dos mais importantes fatores contribuintes de acidentes aeronáuticos, ficando atrás apenas do erro de julgamento e da falha ou ausência de supervisão”.

Segundo Silva (2018), um planejamento de voo bem executado aumenta a segurança operacional. “Prova disso, são as estatísticas nacionais: 40% dos acidentes na aviação particular entre os anos de 2007 e 2016 tiveram como fator contribuinte o planejamento deficiente por parte do piloto”.

Analisando estes números podemos perceber que grande parte dos acidentes tiveram como fator contribuinte a falta ou deficiência no planejamento de voo, que resultaram em acidentes, sendo prova de que é necessário sempre realizar um bom planejamento antes de cada voo, o qual contribui para aumentar a consciência situacional do piloto durante a operação.

2.1.1.1 Etapas de um planejamento de voo

Antes do início de cada voo a tripulação deve realizar um planejamento de voo, englobando todas as informações importantes que serão necessárias para

(17)

16

realizar o voo de maneira segura. Este planejamento é estritamente importante para se realizar um voo com bons níveis de segurança operacional, uma vez que o piloto em comando tomará conhecimento de todas as informações que poderão ser necessárias durante as fases do voo. Para a realização de um adequado planejamento de voo, deve-se realizar o exposto no RBHA 91 (EMD12, 2005), item 91-103 - Atribuições pré-voo:

Cada piloto em comando deve, antes de começar um voo, familiarizar-se com todas as informações disponíveis concernentes ao voo. Tais informações devem incluir:

(a) para um voo IFR ou fora das vizinhanças de um aeródromo, informações e previsões meteorológicas, requisitos de combustível, aeródromos de alternativa disponíveis se o voo planejado não puder ser completado e qualquer condição conhecida de tráfego aéreo sobre a qual o piloto em comando tenha sido informado pelo controle de tráfego aéreo;

(b) para qualquer voo, comprimento das pistas e situação dos aeródromos a serem usados e as seguintes informações sobre distâncias de pouso e de decolagem:

(1) para uma aeronave civil para a qual é requerido que o Manual de Voo aprovado contenha dados de distância de decolagem e de pouso, os dados de distâncias de decolagem e de pouso nele contidos; e

(2) para uma aeronave civil não enquadrada no parágrafo (b) (1) desta seção, outras informações confiáveis, apropriadas à aeronave, relacionadas com seu desempenho conforme os valores conhecidos de altitude dos aeródromos, gradiente das pistas, peso bruto da aeronave, vento e temperatura.

Segundo o exposto no RBHA 91 (EMD12, 2005), o piloto em comando deve “familiarizar-se com todas as informações disponíveis concernentes ao voo”, ou seja, deve conhecer todas as informações relativas aos aeródromos envolvidos no voo, buscando as informações que constam no ROTAER, por exemplo, distâncias declaradas e o tipo de pista, cabeceiras, elevação do aeródromo, NOTAM, horário do nascer e do pôr do sol, frequências de comunicação, obstáculos próximos ao aeródromo, regulamentos para tráfego local, procedimentos de voo e etc.

Para realizar um voo IFR ou um voo de navegação, fora das vizinhanças de um aeródromo, deve-se calcular os requisitos de combustível para determinado voo, respeitando os limites estabelecidos no RBAC 91 (EMD01, 2020), item 91-151 - Requisitos de combustível e óleo para voos visuais (VFR), considerando condições meteorológicas conhecidas, voar do aeródromo de origem até o destino e mais 30 minutos de reservas em voo diurno ou mais 45 minutos em voo noturno.

(18)

17

E no RBAC 91 (EMD01, 2020), item 91-167 - Requisitos de combustível e óleo para voos por instrumentos (IFR), considerando condições meteorológicas conhecidas, voar do aeródromo de origem até o destino, voar do destino até a alternativa e após possuir reservas para voar com velocidade normal de cruzeiro por mais 45 minutos.

Dentre as atribuições pré-voo descritas no RBHA 91 (EMD12, 2005), podemos destacar as “informações e previsões meteorológicas”, na qual podemos chamar de planejamento meteorológico, que é de vital importância para realizar um voo com bons níveis de segurança operacional, uma vez que conhecendo as informações meteorológicas o piloto em comando do voo poderá se antever as condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo.

2.1.2 Planejamento meteorológico

O planejamento meteorológico, segundo a ANAC (2017), consiste no estudo detalhado de todas as condições meteorológicas desde o local de origem, destino, alternativa e em rota, analisando todas as informações referentes aos boletins de observações e previsões meteorológicas. Este planejamento necessita ser realizado com adequada antecipação antes da decolagem, uma vez que é necessário ter o conhecimento da evolução das condições meteorológicas pertinentes ao voo.

Existem diversos meios oficiais disponíveis para realizar consultas das informações meteorológicas, o principal deles, no Brasil, é o REDEMET, site no qual possui todas as informações meteorológicas observadas e previstas dos principais aeródromos da América do Sul, além de possuir cartas meteorológicas e informações das condições observadas e previstas em rota. Também pode ser consultadas as informações meteorológicas no site AVIATION WEATHER CENTER e no Portal CGNA.

Com a evolução das tecnologias utilizadas com a finalidade de executar observações e previsões meteorológicas podemos perceber uma maior facilidade nas consultas meteorológicas para a execução do planejamento de voo. Hoje em dia temos diversos novos dispositivos instalados nos aeródromos que antes não possuíam nenhuma facilidade, tais como: câmeras em tempo real e estações meteorológicas automatizadas.

(19)

18

Segundo a ANAC (2017) estes dispositivos, como as câmeras em tempo real e estações meteorológicas automatizadas, devem ser utilizados apenas para complementar as informações meteorológicas dos meios oficiais. Em virtude da eficácia destes dispositivos não ser comprovada por uma fonte oficial e por poder induzir o piloto em comando ao erro, observando as imagens sem o devido auxílio de um meteorologista. Desta maneira, deve-se consultar as informações meteorológicas oficiais e utilizar estes dispositivos apenas como um complemento para o planejamento meteorológico.

Abaixo segue um checklist operacional das condições meteorológicas, ou planejamento meteorológico, que deve ser executado antes de cada voo de acordo com a ANAC (2017):

A consulta das informações meteorológicas disponíveis dos aeródromos de decolagem, destino, alternativa e em rota deve ser realizada, conforme a sequência de verificações abaixo:

- Consultar METAR, SPECI, TAF, SIGMET, AIRMET, GAMET e verificar: Condições de vento, visibilidade, teto, nebulosidade, temperaturas e precipitação;

- Atentar para os mínimos meteorológicos para operação VFR e IFR estabelecidos nos regulamentos e nas cartas dos aeródromos;

- Verificar se o vento presente e o vento previsto enquadram-se dentro das limitações do manual da aeronave;

- Verificar registros e previsões do tempo para a rota a ser voada, consultando imagens de satélites, cartas SIGWX e cartas de vento em altitude;

- Verificar se há condições meteorológicas adversas previstas (formação de gelo, nevoeiro, chuva forte, tesoura de vento, rajadas de vento, turbulência);

- Verificar condições para retorno ou pouso de precaução em caso de ambiente visual degradado (velocidade e altura mínima para helicópteros voando VFR).

Analisando o checklist operacional das condições meteorológicas emitido pela ANAC e realizando o mesmo antes de cada voo podemos ter certeza que estamos realizando um planejamento meteorológico adequando para o voo. Onde deve-se consultar todas as informações meteorológicas oficiais tais como METAR, SPECI, TAF, SIGMET, AIRMET e GAMET ficando atento a condições meteorológicas que possam afetar o voo e verificar se as condições estão de acordo com as limitações estabelecidas no manual da aeronave que se pretende realizar o voo (ANAC, 2017).

Segundo (Liasch, 2010), “deve-se verificar as condições meteorológicas da rota, analisando-se as cartas de prognóstico ao invés das imagens de satélite,

(20)

19

cuja análise é bastante complexa. Não é suficiente a simples consulta das mensagens METAR, SPECI e TAF”.

Podemos perceber que a simples consulta das observações e previsões a nível da pista dos aeródromos, codificadas nos códigos METAR, SPECI e TAF, não são suficientes para realizar um voo dentro dos parâmetros de segurança operacional, uma vez que estes códigos somente informam as condições a nível da pista de pouso, não informando as condições meteorológicas que serão encontradas em rota.

Tanto quanto as informações meteorológicas nos aeródromos, as informações em rota também são de extrema importância para se realizar um voo, pois o tempo em voo de cruzeiro ou em rota corresponde, na grande maioria dos voos, a maior parte do voo. Sendo assim deve-se dedicar um estudo das condições meteorológicas na rota em que se pretende voar, analisando as cartas de tempo significativo, chamadas de SIGWX, além dos códigos meteorológicos para voos em rota como o SIGMET, AIRMET e GAMET e as imagens de radar e satélite.

2.1.2.1 Informações meteorológicas

2.1.2.1.1 Códigos METAR e SPECI

De acordo com o DECEA (2017), METAR é o “Informe meteorológico regular de aeródromo. Utilizado para a descrição completa das condições meteorológicas observadas em um aeródromo. É reportado em intervalos regulares de uma hora”.

E segundo o DECEA (2017), SPECI é o “Informe meteorológico especial de aeródromo. Utilizado para a descrição completa das condições meteorológicas quando ocorrer uma ou mais variações significativas nas condições meteorológicas entre os intervalos das observações regulares”.

Ou seja, o código METAR é uma informação meteorológica das condições observadas a nível da pista de um aeródromo, informando as condições de vento, visibilidade, alcance visual na pista, tempo significativo tais como chuva, chuvisco, nevoeiro, pancadas etc. nebulosidade, temperatura, pressão e informações suplementares (BANCI, 2016, p. 74). E o código SPECI nada mais é do

(21)

20

que uma atualização no METAR caso tenha alguma mudança nas condições meteorológicas no aeródromo dentro do período do METAR.

No planejamento de voo deve-se procurar os códigos METAR e SPECI dos aeródromos de partida, destino e alternativa, além de alguns em rota para ter ciência das condições meteorológicas observadas a nível da pista dos aeródromos. Com estas informações deve-se ficar atento aos mínimos operacionais de visibilidade e teto para voos VFR ou para os mínimos de visibilidade estabelecidos nas cartas de aproximação para voos IFR, além de alguma outra condição meteorológica que possa prejudicar o voo. Também deve-se observar se a velocidade e direção do vento estão dentro dos limites estabelecidos no manual da aeronave.

2.1.2.1.2 Código TAF

Conforme o DECEA (2017), o código TAF é uma previsão de aeródromo, que compreende “uma descrição completa das condições meteorológicas previstas em um aeródromo durante o período de validade, incluindo qualquer mudança considerada significativa para as operações aéreas”.

Ou seja, o código TAF vai representar por meio de códigos as condições meteorológicas previstas para o nível da pista, sendo codificadas as mudanças significativas dentro do período de validez da mensagem. “Os grupos de vento, visibilidade, condições de tempo e nebulosidade são codificados seguindo os mesmos critérios estabelecidos para o código METAR” (BANCI, 2016, p. 81).

No código TAF, por se tratar de uma previsão meteorológica, deve-se ficar atento as condições meteorológicas que serão encontradas próximas ao horário da operação no determinado aeródromo, dando ênfase, também, as condições de teto e visibilidade e os mínimos operacionais, além das demais informações contidas na previsão.

Além do METAR, SPECI e TAF existem outras informações meteorológicas que devem ser consultadas para realizar um bom planejamento, que são, segundo a ANAC (2017), os códigos SIGMET, AIRMET, GAMET, também as cartas de tempo significativo SIGXW, além das cartas de ventos e temperaturas e imagens de radar e satélite.

(22)

21

2.1.2.1.3 Código SIGMET

Segundo Banci (2016, p. 85), o Código meteorológico SIGMET é elaborado pelo Centro Meteorológico de Vigilância (CMV) e possui informações sobre “fenômenos meteorológicos em rota que possam afetar a segurança operacional das aeronaves”. Dentre os tipos de fenômenos meteorológicos reportados pelo SIGMET podemos ter, por exemplo, formações de trovoadas, nuvens Cumulonimbus, formação de gelo e turbulência. Além do tipo, o código indica se é um fenômeno observado ou previsto, a localização em coordenadas, o nível de voo em que se encontra, movimentação (direção e velocidade) e a intensidade do fenômeno.

Durante a fase de planejamento meteorológico deve-se ficar atento se existe algum código SIGMET ativo sobre a rota que se pretende voar, ficando atento qual o motivo do código ter sido expedido. Dependendo do fenômeno descrito no código, observe no manual de operações se a aeronave é aprovada para voos nestas condições ou considere realizar um desvio na rota, tanto na vertical como na horizontal, sempre atento ao deslocamento e ao nível do fenômeno.

Para uma melhor facilidade na leitura e interpretação da mensagem SIGMET, as coordenadas em que o fenômeno meteorológico está atuado são plotadas no mapa do site REDEMET. Os fenômenos meteorológicos plotados são diferenciados por cores, onde o vermelho representa trovoada ou nuvens Cumulonimbus, o azul representa formação de gelo e o amarelo representa turbulência.

Esta plotagem auxilia os pilotos na elaboração do planejamento de voo, uma vez que o piloto em comando poderá observar se na rota a qual pretende realizar o voo possui alguma mensagem SIGMET ativa, ajudando na consciência situacional antes e durante o voo.

Na imagem abaixo podemos observar as áreas que possuem uma mensagem SIGMET ativa no dia 21 de setembro de 2020. Na região norte do Brasil temos a plotagem na cor vermelha, representando trovoadas ou nuvens Cumulonimbus e na região do oceano atlântico, próximo ao Rio de Janeiro, temos a plotagem na cor azul representando formação de gelo.

(23)

22

Figura 1 - Plotagem do código SIGMET no site REDEMET

Fonte: REDEMET

2.1.2.1.4 Código GAMET

Segundo Banci (2016, p. 82), o Código meteorológico GAMET é uma previsão de área expedida para voos em baixos níveis e elaborado pelo Centro Meteorológico de Aeródromo-1 (CMA-1). Esta mensagem compreende os fenômenos meteorológicos ocorridos do solo até o FL100 (nível de voo 100) e para regiões montanhosas até o FL150 (nível de voo 150). O código GAMET é dividido em duas seções, a seção I corresponde a “informações sobre fenômenos perigosos em rota” e a seção II corresponde a “informação adicional que requeiram os voos à baixa altura”.

2.1.2.1.5 Código AIRMET

Segundo Sonnemaker (2012, p. 156), o Código meteorológico AIRMET é expedido pelo Centro Meteorológico de Vigilância (CMV) e traz informações sobre fenômenos meteorológicos observados e previstos em rota, que ainda não tenham sido inclusos no GAMET, e que possam afetar a segurança operacional das

(24)

23

aeronaves em baixos níveis. Para regiões montanhosas abaixo do FL150 (nível de voo 150) e para as demais regiões abaixo do FL100 (nível de voo 100).

2.1.2.1.6 Cartas SIGWX

Segundo Banci (2016, p. 86), a carta prognosticada de tempo significativo (SIGWX) “são cartas onde estão representados todos os fenômenos previstos e considerados significativos desde a superfície até o FL630 (nível de voo 630)”.

Esta carta representa diversos fenômenos e condições meteorológicas que são de vital importância para um piloto, nela temos a representação dos centros de pressão, frentes, zona de convergência intertropical, nível da tropopausa, correntes de jato, nuvens, além de diversas representações de fenômenos meteorológicos como: chuva, neve, granizo, pancadas, fumaça, turbulência, formação de gelo, erupções vulcânicas e etc. (BANCI 2016, p. 86).

Figura 2 - Carta SIGWX

(25)

24

Na imagem acima podemos observar a carta SIGWX do dia 21 de setembro de 2020. Esta carta representa os fenômenos meteorológicos da superfície até o FL250. Realizando uma interpretação desta carta podemos notar que no litoral do Rio de Janeiro temos a presença de uma frente semi-estacionária, acompanhada de nuvens Cumulonimbus isoladas e pancadas. Abaixo da frente podemos observar uma corrente de jato de 150 nós representada por uma seta.

2.1.2.1.7 Carta WIND/TEMPERATURES

Segundo Banci (2016, p. 88), a carta WIND/TEMPERATURES é uma carta de previsão de ventos e temperaturas elaborada pelo Centro Mundial de Previsão de Área (WAFC) duas vezes ao dia. Esta carta indica a velocidade e direção do vento e a temperatura de determinados níveis de voo.

Figura 3 - Carta WIND/TEMPERATURES

Fonte: REDEMET

Na imagem acima podemos observar a carta WIND/TEMPERATURES que se refere a previsão de vento e temperatura para o FL100 (nível de voo 100) do dia 21 de setembro de 2020. Da posse desta carta o piloto poderá observar a

(26)

25

direção e velocidade do vento na rota programada, tendo ciência se encontrará vento de proa ou de cauda, que dependendo da direção e intensidade poderá afetar o tempo total de voo. Também poderá observar a temperatura do ar no nível de voo, devendo observar se está próxima ou abaixo da temperatura de congelamento, devendo, então, ficar atento a formação de gelo na aeronave.

A análise da carta de ventos e temperaturas poderá ajudar o piloto em comando a escolher o nível de voo que melhor favoreça a operação, uma vez que poderá comparar a direção e velocidade do vento em determinados níveis de voo e escolher o nível que lhe trará melhores benefícios de economia de combustível e que resulte em um menor tempo de voo.

2.1.2.1.8 Imagens de satélite

Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos CPTEC (2020), as imagens de satélite são fornecidas por objetos que estão na orbita do planeta Terra e oferecem informações que “incluem temperatura nas camadas superiores da atmosfera, umidade do ar e registro da temperatura do topo das nuvens, da Terra e do oceano”.

“Os satélites também acompanham o movimento das nuvens para determinar a velocidade dos ventos altos, rastreiam o movimento do vapor de água, acompanham o movimento e a atividade solar” (CPTEC, 2020).

Existem três tipos de imagens de satélites disponíveis para consulta no site REDEMET que são as imagens infra vermelho, realçada e visível. As imagens de satélite infra vermelho representam “a temperatura de brilho do topo das nuvens e da superfície terrestre”. A imagem realçada representa “a faixa de temperatura dos topos das camadas de nuvens”. E a imagem visível representa a “reflectância das nuvens e da superfície terrestre”. (REDEMET, 2020).

A primeira figura abaixo representa a legenda, disponível do site REDEMET, para melhor interpretação das imagens de satélite e a segunda figura representa uma imagem de satélite realçada do dia 04 de novembro de 2020. Nesta imagem de satélite podemos perceber que na região norte do Brasil temos diversas formações representadas pelas cores mais avermelhadas, que segundo a legenda representa a temperatura nos topos das nuvens de aproximadamente -90°C, indicando que o topo das nuvens está em um nível elevado. Também temos

(27)

26

algumas formações sobre o estado de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e no sul da Bahia, representadas pelas cores amareladas.

Com estas imagens de satélite o piloto em comando do voo pode observar se existe alguma formação na rota que será realizado o voo, ajudando no planejamento meteorológico. No site REDEMET também está disponível a função “animar” a imagem de satélite para visualizar o deslocamento das formações meteorológicas nas últimas horas.

Figura 4 - Legenda das imagens de satélite.

Fonte: REDEMET

Figura 5 - Imagem de satélite realçada

(28)

27

2.1.2.1.9 Imagens de radar

O radar meteorológico é “usado para detectar objetos a distância através da maneira como esses objetos propagam ou refletem ondas de rádio. Precipitação e nuvens são fenômenos detectáveis pela força dos sinais eletromagnéticos por eles refletidos” (CPTEC, 2020).

Nos radares meteorológicos são empregadas ondas eletromagnéticas de alta energia, “as ondas eletromagnéticas ao passarem por uma nuvem, causam em cada gota uma ressonância na frequência da onda incidente, de modo que cada gota produz ondas eletromagnéticas, irradiando em todas as direções” e a distância na qual se encontra a nuvem ou a precipitação é calculada pelo tempo em que as ondas eletromagnéticas levam para retornar ao radar. (CPTEC, 2020).

Ou seja, o radar emite ondas eletromagnéticas que refletem nas nuvens e na precipitação, retornando a origem das ondas e é determinada a distância que se encontra estes fenômenos pelo tempo que as ondas eletromagnéticas demoram para retornar ao radar. Se as ondas retornarem rapidamente as nuvens ou a precipitação estarão mais próximas e se demoram para retornar estarão mais afastadas do radar.

Segundo o REDEMET (2020), as imagens de radar fornecem informações a respeito “dos valores máximos de refletividade, taxa de precipitação, velocidade radial média ou largura espectral, observados durante uma varredura volumétrica”. Ou seja, fornecem informações a respeito de formação de nuvens e precipitação.

A primeira figura abaixo representa a legenda para leitura das imagens de radar meteorológico disponível do site REDEMET. A segunda figura representa uma imagem de radar do dia 04 de novembro de 2020. Nesta imagem de radar podemos perceber que na região do estado de São Paulo, mais próximo ao litoral, temos algumas ilustrações na cor verde que representa, segundo a legenda, um potencial de precipitação de aproximadamente 3 mm por hora, sendo considerado uma precipitação entre fraca e moderada. E em alguns pontos podemos perceber a representação na cor amarela representando uma maior intensidade de precipitação.

(29)

28

Figura 6 - Legenda das imagens de radar

Fonte: REDEMET

Figura 7 - Imagem de radar meteorológico

Fonte: REDEMET

A visualização das imagens de radar antes de cada voo se faz necessária para realizar um bom planejamento meteorológico. Na leitura das imagens de radar o piloto em comando poderá visualizar se em algum ponto da rota existe alguma precipitação ou formação de nuvens.

Algumas aeronaves são equipadas com radar meteorológico, no qual possibilita a tripulação visualizar imagens de radar a frente do avião durante o voo. Com estas imagens de radar o piloto em comando consegue identificar pontos de maior intensidade de precipitação no qual é recomendado realizar um desvio.

(30)

29

2.1.3 Consequências de um planejamento de voo mau elaborado

Segundo Liasch (2010), “a análise deficiente da meteorologia pode resultar facilmente em voos IMC involuntários e penetração em formações convectivas perigosas”. A entrada em condições de voo por instrumentos IMC quando ocorre com uma aeronave homologada e com piloto habilitado para voos por instrumentos não ocasiona maiores perigos, porém quando o piloto não for habilitado ou a aeronave não for homologada ou ambas, afetará negativamente a segurança da operação, podendo ocasionar acidentes.

Para evitar a entrada em condições de voo IMC ou em formações convectivas se faz necessário executar um planejamento de voo antes do início da operação, observado nas informações meteorológicas a altura das bases e topos das nuvens, formações de trovoadas, chegada de frentes e formações convectivas, afim de conhecer as condições em rota e evitar surpresas durante o voo.

Segundo Resende (2015), para voar em condições IMC, ou seja, sem referências visuais, o piloto necessita de um bom treinamento, no qual irá aprender a se orientar e a utilizar os instrumentos embarcados na aeronave para manter o controle e navegar no espaço aéreo. Após passar pelo treinamento de voo por instrumentos e pelo voo de avaliação, o piloto estará habilitado para voos IFR, podendo, assim, realizar um voo em condições IMC. Caso o piloto não seja habilitado “a perda de referência visual poderá fatalmente influenciar em um acidente!”.

Segundo Resende (2015), “voar em condições IMC é extremamente perigoso para pilotos sem habilitação IFR”. O piloto não habilitado para voos por instrumentos quando encontra uma condição de voo IMC, não estará treinado para manter o controle positivo e navegar a aeronave podendo ocorrer uma desorientação espacial.

2.1.3.1 Desorientação espacial

Segundo a FAB (2018), “a desorientação é definida como ocorrência em que o piloto entra em processo de confusão na interpretação dos parâmetros de voo, entrando ou não em atitude anormal”. Na desorientação espacial o piloto entra em confusão, sem saber determinar qual a verdadeira posição da aeronave em relação

(31)

30

ao horizonte. Onde os instrumentos indicam que a aeronave está em uma posição porém os sentidos do piloto indicam que está em outra posição, levando o piloto a uma confusão e induzindo o mesmo ao erro, entrando em uma desorientação espacial que pode resultar em um acidente aéreo, caso não haja altura o suficiente para recuperar a aeronave.

Segundo a ANAC (2016), para evitar que ocorra uma desorientação espacial o piloto deve confiar na indicação do horizonte artificial, que é o instrumento que indica qual a atitude da aeronave, ou seja, a posição da aeronave em relação a linha do horizonte, mantendo o controle positivo do avião com as asas niveladas e deve desconsiderar os seus sentidos, uma vez que “a informação recebida dos órgãos do vestíbulo (no ouvido interno) é duvidosa em voo quando não acompanhada por informação visual relevante.”

As informações repassadas ao cérebro quando voando em condições por instrumentos, sem referência com o solo ou céu, não são confiáveis, uma vez que o sistema vestibular pode interpretar um voo nivelado como um voo em curva. Por isso é de extrema importância deixar de confiar nos sentidos e confiar nos instrumentos do avião.

Se o piloto não conseguir estabelecer contato visual com alguma referencia de horizonte natural, seja ela o solo ou o céu, e sendo o mesmo não habilitado e sem proficiência para voos em condições por instrumentos “estará provavelmente sujeito à desorientação espacial, o que, por sua vez, provavelmente levará à perda de controle da aeronave” (ANAC, 2016).

(32)

31

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a crescente demanda pela aviação geral no mundo inteiro e com cada vez mais aeronaves voando no espaço aéreo, é necessário que se invista mais em segurança operacional, mitigando ao máximo os riscos das operações aéreas e tornando a aviação cada vez mais um ambiente seguro.

Uma maneira de melhorar a segurança operacional das aeronaves que operam na aviação geral é realizar um bom e amplo planejamento antes de cada voo, englobando todas as informações que serão necessárias para realizar o voo de maneira segura e com alta consciência situacional.

O planejamento de voo faz parte das atribuições pré-voo e deve ser executado antes de qualquer voo, por mais que seja um voo rotineiro e em aeródromos já conhecidos. Esta é a fase na qual o piloto em comando deve procurar todas as informações a respeito do voo que será realizado.

Uma das fases do planejamento de voo é o planejamento meteorológico, na qual deve-se buscar todas as informações, observações e previsões meteorológicas nos aeródromos envolvidos no voo, seja o aeródromo de origem, destino e alternativa e todas as informações importantes em rota.

Existem diversas informações meteorológicas que devem ser consultadas antes de cada voo, dentre observações a nível da pista nos códigos METAR e SPECI e previsões no código TAF. As condições em rota podem ser analisadas nos códigos SIGMET, AIRMET e GAMET, além das cartas WIND/TEMPERATURES, SIGWX e imagens de radar e satélite.

Este planejamento meteorológico é de extrema importância para se realizar um voo com bons índices de segurança operacional, deixando a tripulação ciente de todas as condições meteorológicas as quais podem ser encontradas em rota, não permitindo que a aeronave entre em condições de voo na qual não é aprovada, tais como, formações de gelo, turbulência severa e em condições de tempo severo convectivo.

Realizar um voo sem o devido planejamento meteorológico fere a segurança da operação podendo levar a um acidente. A falta de estudo das condições meteorológicas as quais serão encontradas em rota poderão fazer com que um avião sobre regras de voo visuais entrar em condições de voo por instrumentos.

(33)

32

A entrada em condições de voo por instrumentos em uma aeronave e com piloto não habilitado para voos nestas condições poderá resultar em uma desorientação espacial e se não houver condições de recuperar o controle da aeronave poderá desencadear em um acidente.

Desta maneira se evidencia a importância de se estudar as condições meteorológicas que serão encontradas durante o voo, desde o aeródromo de origem, destino e alternativa até as condições em rota. Conhecendo as condições o piloto em comando poderá decidir em prosseguir o voo normalmente, fazer um desvio na rota ou cancelar o voo, dependendo o que poderá sem encontrado em voo e levando em consideração as limitações da aeronave e do piloto em comando.

Ao final desta pesquisa, concluiu-se que os objetivos propostos foram cumpridos, pois foi apresentada a importância de se realizar um planejamento meteorológico para realizar um voo com bons índices de segurança operacional, também foi apresentado como se deve realizar este planejamento, os principais tipos de informações meteorológicas disponíveis para consulta e as consequências de se realizar um voo sem o devido planejamento.

O tema abordado neste artigo é de extrema importância para a segurança das operações aéreas, tendo em vista isso, não se esgota pesquisas nesta área de conhecimento. É proposto que, para futuros trabalhos sobre o tema, realize um estudo de caso de acidente aeronáutico que um dos fatores contribuintes foi o fator meteorológico, analisando o que levou a tripulação a não realizar um planejamento meteorológico para o voo.

(34)

33

REFERÊNCIAS

BANCI, Darcy. Meteorologia para aviação: teoria e testes. [S.l.: s.n.], 2016. BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. CENIPA. Investigação e prevenção de Acidentes Aeronáuticos. SGSO: melhoria contínua na segurança

operacional. Brasília, 2015. Disponível em:

https://www2.fab.mil.br/cenipa/index.php/ultimas-noticias/899-sgso-melhoria-

continua-na-seguranca-operacional#:~:text=Entende%2Dse%20por%20seguran%C3%A7a%20operacional, perigos%20e%20gerenciamento%20dos%20riscos. Acesso em: 20/08/2020.

BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. DECEA. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. FCA 105-3 Códigos Meteorológicos METAR e SPECI. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:

https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4513. Acesso em: 01/09/2020. BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. DECEA. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. FCA 105-2 Código Meteorológico TAF. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=4511. Acesso em: 01/09/2020.

BRASIL. Ministério da Defesa. Força Aérea Brasileira. FAB divulga resultado de

investigação sobre acidente com aeronave PR-SOM. [S.l.], 2018. Disponível em:

https://www.fab.mil.br/noticias/mostra/31575/SEGURAN%C3%87A%20DE%20VOO %20%E2%80%93%20FAB%20divulga%20resultado%20de%20investiga%C3%A7%

C3%A3o%20sobre%20acidente%20com%20aeronave%20PR-SOM#:~:text=A%20quest%C3%A3o%20da%20desorienta%C3%A7%C3%A3o%20e spacial,ou%20n%C3%A3o%20em%20atitude%20anormal. Acesso em: 01/09/2020. BRASIL. Presidência da República. Agência Nacional de Aviação Civil. RBHA 91:

Requisitos gerais de operação para aeronaves civis. Rio de Janeiro, 2003.

Disponível em: https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/boletim-de-pessoal/2018/23/anexo-vi-rbha-91. Acesso em: 19/08/2020.

BRASIL. Presidência da República. Agência Nacional de Aviação Civil. RBAC 91:

Requisitos gerais de operação para aeronaves civis. Rio de Janeiro, 2020.

Disponível em: https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-rbac/rbac/rbac-91/@@display-file/arquivo_norma/RBAC91EMD01.pdf. Acesso em: 24/10/2020.

BRASIL. Presidência da República. Agência Nacional de Aviação Civil.

Meteorologia e Planejamento de Voo. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:

<https://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/profissionais-da-aviacao-

civil/meteorologia-aeronautica/veja-mais/meteorologia-e-o-planejamento-de-voo#:~:text=O%20planejamento%20de%20qualquer%20voo,e%20da%20previs%C3 %A3o%20do%20tempo>. Acesso em: 18/08/2020.

(35)

34

BRASIL. Presidência da República. Agência Nacional de Aviação Civil. Carta de

Segurança Operacional. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em:

<https://www.anac.gov.br/assuntos/paginas-tematicas/gerenciamento-da-seguranca-operacional/arquivos/carta/edicao-5>. Acesso em: 09/10/2020.

CPTEC. Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. Glossários. [S.l.], 2020. Disponível em: https://www.cptec.inpe.br/glossario.shtml#25. Acesso em: 04/11/2020.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas 2002.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de

metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LIASCH, Jonas. Como o bom planejamento pode evitar acidentes

aeronáuticos? [S.l.], 2010. Disponível em:

http://culturaaeronautica.blogspot.com/2010/10/como-o-bom-planejamento-pode-evitar.html#:~:text=O%20piloto%20tambem%20deve%20prever,a%20maioria%20da s%20opera%C3%A7%C3%B5es%20a%C3%A9reas. Acesso em: 31/08/2020. PLANEJAR. In: Michaelis. São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponível em:

https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/planejar/. Acesso em: 25/10/2020.

PLANEJAMENTO. In: Michaelis. São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponível em:

https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/planejamento/. Acesso em: 25/10/2020.

REDEMET. Rede de Meteorologia do Comando da aeronáutica. Imagens de

satélite. Disponível em:

https://www.redemet.aer.mil.br/?i=produtos&p=imagens-de-satelite. Acesso em: 04/11/2020.

REDEMET. Rede de Meteorologia do Comando da aeronáutica. Radares

meteorológicos. Disponível em:

https://www.redemet.aer.mil.br/?i=produtos&p=radares-meteorologicos. Acesso em: 04/11/2020.

REDEMET. Rede de Meteorologia do Comando da aeronáutica. Disponível em: https://www.redemet.aer.mil.br/. Acesso em: 21/09/2020.

RESENDE, Flávio. O perigo de um voo em condições IMC. [S.l.], 2015. Disponível em: http://cmteresende.blogspot.com/2015/01/o-perigo-de-um-voo-em-condicoes-imc.html. Acesso em: 30/08/2020.

SILVA, Vinícius dos Anjos. As etapas do planejamento de um voo. [S.l.], 2018. Disponível em:

https://medium.com/nexatlas/aprenda-como-realizar-um-planejamento-de-voo-completo-4ae1b0ef8724. Acesso em: 18/08/2020. SONNEMAKER, João Batista. Meteorologia. 31 ed. São Paulo: ASA, 2012.

Referências

Documentos relacionados

Este desafio nos exige uma nova postura frente às questões ambientais, significa tomar o meio ambiente como problema pedagógico, como práxis unificadora que favoreça

A análise mostrou a oportunidade de (i) adoção de uma estratégia de planejamento que reflita um modelo sustentável de desenvolvimento que inclua decisões sobre o futuro da Amazônia

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

Podem treinar tropas (fornecidas pelo cliente) ou levá-las para combate. Geralmente, organizam-se de forma ad-hoc, que respondem a solicitações de Estados; 2)

Os dados experimentais de temperatura na secagem da pêra em estufa a 40 o C estão apresentados na Figura 6, assim como os valores calculados pelo modelo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam