• Nenhum resultado encontrado

Capítulo II: Demência

2.3 Consequências da Demência

Para compreendermos os impactos que estas demências acarretam e qual a solução para tentar estabiliza-los ou diminui-los, é necessário um entendimento sobre os seus sintomas e as suas diferenças.

Fornari, Garcia, Hilbis e Fernadenz (2010) definem-nos algumas características e sintomas de cada uma delas:

Doença de Alzheimer:

- Perda de memória episódica para eventos recentes;

- Compromete também a memória semântica (exemplo: vocabulário) e a memória operacional (exemplo: número de telefone);

- Comprometimento da linguagem, inicialmente com afasia motora que é manifestada através de dificuldade em nomear pessoas e objetos que são rapidamente entendidos pelo sujeito;

- Mais tarde progride para afasia sensitiva (incapacidade ao nível de habilidades visuo-espaciais);

- Apraxia (comprometimento na realização de tarefas motoras já assimiladas anteriormente pelo sujeito);

- Com a evolução surgem os sintomas neuropsiquiátricos (agressividade, agitação e o vaguear).

Demência Vascular:

- Refletem dois padrões distintos em que variam nas suas características clínicas: Cortical; disfunção executiva, afasia, apraxia, agnosia, heminegligência (baixa perceção dos estímulos sensoriais), confusão, comprometimento visuo-espacial e amnésia.

Subcortical; Ataxia (falta de coordenação de movimentos motores voluntários), história de quedas, instabilidade no humor e personalidade, deficit cognitivo (disfunção da memória), perda da função executiva e alterações neuro psicológicas (afasia e heminegligência).

Demência Frontotemporal:

- Esta demência manifesta-se cedo, por volta dos 57 anos, sendo rara a partir dos 75 anos;

1ª. Variante da demência Frontotemporal:

- Mudanças no comportamento e personalidade; - Comportamento social não usual;

- Padrões de alimentação fora do normal;

- Dificuldades na perceção de algumas expressões emocionais (exemplo: sarcasmo);

2ª. Variante da demência Frontotemporal:

- Perceção dos significados preservada, mas dificuldade em entender a palavra correta;

- Só num estado mais tardio da doença é que o paciente perde as capacidades de interpretação;

3ª. Variante da demência Frontotemporal:

- Forte afasia (dificuldade em nomear objetos e de compreender palavras); - Baixa frequência de sintomas psicóticos como ilusões, alucinações e paranoia;

Demência de Lewy:

- Síndrome demencial que se manifesta progressivamente; - Instabilidade das funções cognitivas em horas ou até minutos; - Alucinações de acontecimentos experienciados e recorrentes; - Sintomas parkinsonianos;

- As habilidades visuo-espaciais (concentração e funções executivas) são mais afetadas do que a memória;

- Num estado mais tardio da doença surgem delírios, alucinações não visuais, depressão e disfunções comportamentais do sono.

2.3.1 Perda Sensorial e Demência:

Perda sensorial tem como definição: diminuição da capacidade de resposta a estímulos que afetam os nossos sentidos tais como, a visão, audição, o tacto, paladar e o olfato.

Pesquisas mostram que D.A. e a demência afetam a qualidade de vida da pessoa pois alteram as suas capacidades de interpretação ao nível dos sentidos. (National Institute of Health, 2002).

O modelo biológico da demência reitera que existem alterações neurológicas no cérebro, assim como a perda severa de tecido cerebral. Estes são possíveis fatores que afetam a compreensão e processamento da informação sensorial nas pessoas com demência. (Cohen-Mansfield, 2000; Richards & Beck, 2004).

O autor analisa o declínio dos 5 sentidos tirando as seguintes conclusões para cada um deles:

Perda da visão:

A idade está na maior parte dos casos associada a alterações na visão. A lente e a córnea tornam-se menos transparentes com a idade e a pupila mais pequena afetando assim o campo de visão. A demência contribui também para pequenas alterações nas capacidades visuais da pessoa porque, afeta a capacidade neurológica que ajuda a transmitir imagens dos olhos para o cérebro afim de serem interpretadas e compreendidas (Bakker, 2003).

Outros fatores que afetam a visão da pessoa são as doenças como: glaucomas, cataratas, degeneração macular e retinopatia diabética. Alguma perda de visão pode ser compensada com o uso de óculos, mas a perda de memória devido a demência provoca o esquecimento do uso dos óculos por parte do doente.

A demência altera também a perceção da imagem alterando a capacidade cognitiva do cérebro que leva a distúrbios e má interpretação visuais. (Mendez, 1996).

Perda de Audição:

A perda de audição é gradual e começa na meia idade. Esta perda deve-se à perda de elasticidade do tímpano. Pessoas com perda de audição podem por vezes ouvir o som da palavra, mas não compreendê-la.

A perda de audição pode ser controlada evitando barulhos de fundo e usando proteções para os ouvidos. A demência afeta também pessoas com boa saúde auditiva, causando má interpretação dos sons o que pode provocar alucinações auditivas. (Bakker, 2003)

Perda do paladar e olfato:

Os sentidos do paladar e do olfato estão relacionados, mas antes da sensação atingir o cérebro não há relação direta entre eles. Estes sentidos diminuem com a idade e as pessoas com demência também são afetadas por esta perda (Bakker,

2003). Este decréscimo no sentido olfativo expõe as pessoas a vários perigos tais como: não deteção de fumo, fugas de gás e comida estragada (Dalton, 2010).

Perda do tato:

A investigação diz-nos que a perda de sensibilidade ao toque acontece com o avançar da idade, pois a pele perde elasticidade e torna-se tensa. Pessoas mais velhas tornam-se menos responsivas aos estímulos do tato pela perda de elasticidade da pele, podendo não sentir dor por não ter sensibilidade ao toque. (Kemmet & Brotherson, 2008).

O toque também pode ter um efeito terapêutico dependendo do método de execução. Massagens de mãos e outras formas de toque têm efeitos terapêuticos, como o uso de cães e gatos na terapia.

O estado da demência afeta a sensibilidade da pessoa. Em estados avançados da doença encontra conforto em animais de peluche ou brinquedos junto ao corpo, o tato sinaliza segurança, sensação de pertença e proteção (Bakker, 2003).

A perceção de perda do tato na pessoa é importante no uso da terapia de Snoezelen, esta terapia usa os sentidos da pessoa para melhorar a sua capacidade cognitiva, melhorando assim a sua saúde (Bakker, 2003).

2.4 Impacto da demência: