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CAPÍTULO 4 A OPERAÇÃO DO BNB: OPERAÇÃO COM RECURSOS

4.1 Fundos Constitucionais: legislação e condições de gestão

4.1.2 Consequências da legislação sobre a relação entre as atribuições do BNB e FNE e

a) Atribuições e Balancete do FNE

O FNE tem contabilidade própria, valendo-se do sistema contábil do BNB para registro de seus atos e fatos, em subtítulos específicos, com apuração de resultados à parte. As diretrizes contábeis adotadas pelo Banco do Nordeste para o controle do FNE estão consubstanciadas no Plano Contábil do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - COFIN, instituído pela diretoria do Banco no uso das atribuições que lhe confere a Lei Nº 7.827/89.

São receitas do FNE os encargos financeiros incidentes sobre as operações de crédito e a remuneração paga pelo Banco do Nordeste sobre os recursos dos Fundos momentaneamente não aplicados. Isto por que estes recursos podem dirigir-se ao BNB, passando a ser uma das fontes de recursos desse banco (balancete do BNB). Para a

utilização desses recursos em balancete próprio o BNB paga então uma remuneração ao Banco do Nordeste. Paralelamente, constituem despesas os valores relativos à contratação de auditoria externa e os decorrentes da taxa de administração a que o Banco do Nordeste faz jus como gestor do Fundo.

No que se refere ao Risco Operacional, seguindo a legislação comentada em item anterior, para operações contratadas até 30.11.1998, o FNE era isento de risco operacional, cabendo ao Banco do Nordeste, na condição de responsável pela integridade patrimonial do Fundo, honrar os créditos que se revelarem irrecuperáveis. Quanto às operações contratadas a partir de 01.12.1998, o risco operacional do Banco passou a ser de 50%, cabendo igual percentual ao Fundo. Nas operações de crédito com recursos do BNO realizadas diretamente pelo BNB em seu próprio balanço (utilizando-se dos recursos do FNO que se dirigiram ao BNB) o risco de crédito passou a ser integralmente do BNB.

Como consequência destas definições de Risco, na estrutura patrimonial do FNE, as operações de crédito contratadas até 30.11.1998 permaneciam registradas em contas de origem até a sua final liquidação, sem constituição de provisões para créditos de difícil liquidação. Já as operações contratadas a partir de 01.12.1998, quando em curso de anormalidade, terão 50% de seu valor registrados em contas representativas de atraso ou de créditos em liquidação, conforme o caso, com a constituição da respectiva provisão.

As receitas oriundas das operações de crédito em curso irregular, contratadas até 30.11.1998, eram também contabilizadas nas contas de resultado do FNE, uma vez que o Fundo era isento de risco operacional. Entretanto, considerando a assunção pelo Fundo de 50% do risco operacional das operações de crédito contratadas a partir de 01.12.1998, quando em curso anormal, somente 50% das receitas dessas operações serão contabilizadas nas contas de resultado do FNE.

Em 2001 houve outra mudança importante no relacionamento do Fundo com o Banco (Medida Provisória Nº 2.196-1, de 28.06.2001) e suas reedições. O Banco Central muda às regras de exigências de capital dos bancos e de cálculo das mesmas, sendo que o BNB passa a apresentar problemas por conta da inadimplência dos créditos concedidos pelo Fundo Constitucional, dos quais ele era avalista. Dentre as providências tomadas e comentadas mais abaixo, uma delas é a que passa os riscos das operações de crédito efetuadas pelo FNE até 1998 para o próprio fundo. Estas operações passam a ter Del Credere = zero, pois o BNB passa a não mais ser o responsável por elas.

Ou seja, a partir daí, no que se refere aos riscos, O FNE passa a ser responsável por 100% do risco de crédito relativo às operações contratadas até 30.11.1998. Nas operações contratadas a partir de 01.12.1998, o risco operacional do FNE é de 50%, cabendo igual percentual ao Banco do Nordeste. O Fundo é isento de risco operacional nos recursos repassados para o Banco do Nordeste, para que este, em nome próprio, realize operações de créditos. Relatório 2001.

A taxa de administração de 3%(três por cento)a.a., a que o Banco faz jus, é calculada sobre o patrimônio líquido do Fundo, apropriada mensalmente e limitada, em cada exercício, a partir de 1999, a 20% (vinte por cento) do valor das transferências realizadas pelo Tesouro Nacional.

Sobre os recursos que representam disponibilidades do Fundo em poder do Banco do Nordeste, incide remuneração (com base na variação da TJLP e a partir de 14 de janeiro de 2000 com base na taxa extra-mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil) paga pelo Banco, cuja contabilização é feita na adequada conta de resultado do Fundo, dentro do regime de competência.

b) Atribuições e Balancete do BNB

Ao Banco do Nordeste cabe aplicar os recursos e implementar a política de concessão de crédito; definir normas, procedimentos e condições operacionais; enquadrar as propostas de financiamentos nas faixas de encargos; deferir os créditos; formalizar contratos de repasses de recursos para outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil; prestar contas sobre os resultados alcançados; exercer outras atividades inerentes à aplicação dos recursos e à recuperação dos créditos.

Para operacionalizar o FNE, o Banco utiliza-se de sua estrutura logística, compreendendo instalações, mão de obra e sistemas informatizados. Para ser gestor e garantidor do Fundo, o BNB recebe uma remuneração, já comentada acima, mais o Del credere.

No que se refere à relação do BNB e do FNE em termos de balanço, existem várias interrelações:

i) compete, ao Banco do Nordeste, na condição de responsável pela integridade patrimonial do Fundo, honrar os créditos que se revelarem irrecuperáveis, na forma da Medida Provisória Nº 2.035- 22, de 27.06.2000 e, posteriormente pelas modificações

efetuadas em 2001. Ou seja, para os créditos até 1998, até 2000 honrava integralmente com os riscos e a partir daí, é responsável por 50% dos riscos. Com as modificações de 2001 o BNB deixa de ser responsável pelos riscos dos créditos efetuados até 1998.

Considerando-se esta questão, a provisão para créditos de liquidação duvidosa das operações realizadas com recursos do FNE é registrada pelo Banco como provisão para passivos contingentes. De acordo com a legislação de 2000 este aprovisionamento era total, nas operações até 1998 e 50% depois disso. Posteriormente, pela legislação de 2001 o provisionamento para as operações do FNE até 1998 deixou de ser feito pelo Banco.

ii) Conforme já comentado, uma parte dos recursos do FNE pode ser dirigida ao BNB para ser utilizada por ele, compondo seu próprio balanço. São disponibilidades do Fundo em poder do Banco. Referem-se a os recursos livres, que ainda não estão liberados e comprometidos com operações de crédito.

Para utilizar estes recursos, o BNB paga uma remuneração ao FNE. Para as operações de crédito realizadas com estes recursos (Outras Obrigações/FNE), o risco incide totalmente sobre o Banco.O Fundo Constitucional é regulamentado por legislação própria e a provisão para créditos de liquidação duvidosa das operações realizadas com recursos do FNE é registrada pelo Banco como provisão para passivos contingentes (R$ 32.319 mil em 30.06.2000 e R$ 82.438 mil em 30.06.1999)

4.1.3 Evolução da legislação quanto a definição do porte dos tomadores10