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CAPÍTULO 4 A OPERAÇÃO DO BNB: OPERAÇÃO COM RECURSOS

4.1 Fundos Constitucionais: legislação e condições de gestão

4.1.1 Evolução da legislação quanto às cobranças e pagamentos ao BNB

Quanto a este aspecto, o Quadro 8 resume as principais definições e modificações legais até 2003. O fato principal a ser abordado é o de que todas as modificações tiveram o cuidado de garantir os ganhos bancários. Aliás, no início da legislação ficava claro que os bancos receberiam uma remuneração (2% do Patrimônio líquido) mesmo se não emprestassem. Na medida em que a renumeração dos bancos foi estabelecida, se tornou vantajoso para os bancos não emprestarem recursos, pois ocorreria menos risco de

inadimplência e eles garantiriam uma base maior de renumeração para administração dos fundos

Merece especial destaque a modificação efetuada pela lei Pagamentos e Remuneração segundo a Medida provisória n 1.846-10, de 29.06.1999, segundo a qual Remuneração do Banco seria feita através da somatória: Del credere + 20% das transferências efetuadas pelo Tesouro.

Quadro 8 - Legislação e mudanças nas condições de pagamento e remuneração. Pagamentos e Remuneração segundo a lei Lei 7.827, de 27.09.1989

 Taxas Pagto Tomador = (juros + del credere) + TR (Juros + del credere = no máx 8% a.a)

Não se definia o valor do del credere

 Remuneração do Fundo = juros pagos

 Remuneração do Banco = Del credere + 2% do Patrimônio Líquido (PL) do Fundo

 PL = (Recursos repassados + atualização monetária) – prejuízos acumulados Pagamentos e Remuneração segundo a Lei 9.126, de 10.11.1995

 Taxas Pagto Tomador = (TJLP + del credere) (del credere = até 6% aa)

 Remuneração do Fundo = juros pagos

 Remuneração do Banco = Del credere + 3% do Patrimônio Líquido (PL) do Fundo

 PL = (Recursos repassados + atualização monetária) – prejuízos acumulados

 Recursos não emprestados voltam ao fundo e também são corrigidos monetariamente Obs: A mudança ocorre para garantir o ganho dos bancos pois TJLP > TR

Pagamentos e Remuneração segundo a Medida provisória n 1.846-10, de 29.06.1999

 Taxas Pagto Tomador = ( juros + del credere) + IGPDI (juros +del credere = 8% aa)  fixo del credere = 3% aa

 Remuneração do Fundo = juros + IGPdi

 Remuneração do Banco = Del credere + 20% das transferências efetuadas pelo Tesouro

 Rebate sobre taxa de juros: Podem ser aplicados descontos de até 60% sobre as taxas cobradas (não incidindo, portanto, sobre a variação do IGP-DI) protege o 3% dos

Bancos Obs:

i) Ocorre a transferência, para os bancos, de 1/5 dos tributos da União, que deveriam ser destinados ao financiamento das empresas e produtores de cada região. Com isto . Os repasses das receitas da União para o financiamento dos setores produtivos, dessas regiões passam a se dar em apenas 2,4% das receitas da União e não mais os 3% determinados pela Constituição, já que 0,6% vão direto para as instituições financeiras (Teixeira, 1999).

ii) o pagamento envolvido (juros+ Del credere + IGPDI) acabavam sendo mais elevados que os de outros mediadores do SNCR ou acessíveis aos produtores das regiões mais desenvolvidas.

Pagamentos e Remuneração segundo a Lei 10.177, de 12.01.2001

 Taxas Pagto Tomador = (juros +del credere)

(Juros + del credere) = taxa fixa (varia de acordo com o porte do tomador e o tipo de operação)

del credere = 3% aa

del credere será reduzido em percentual idêntico ao fundo de aval

 Remuneraçã do Fundo = juros pagos

 Remuneração do Banco = Del credere + 20% das transferências efetuadas pelo Tesouro

 Podem ser aplicados descontos de até 60% sobre as taxas cobradas (não incidindo, portanto, sobre a variação do IGP-DI) protege o 3% dos Bancos

 caso a Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP apresentar variação acumulada, para mais ou para menos,

 superior a trinta por cento, os contratos serão revistos, mas o del credere é preservado Riscos: Fica Estabelecida uma conversão da Medida Provisória Nº 2.133, de

28.12.2000, que dispunha sobre as novas condições de obrigação quanto ao risco, para as operações contratadas ao amparo do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE.

Novos Critérios:

a) Nas operações contratadas até 30.11.1998, o Banco é isento de risco operacional; b)Para as operações contratadas a partir de 01.12.1998, o risco de crédito do Banco fica limitado a 50%;

c) Nas operações contratadas em nome do próprio Banco, objeto de repasses de recursos pelo Fundo, o risco é de 100%.

Obs:

i) A partir daqui muda o formato da remuneração passando a ser estabelecida uma taxa fixa, sem correção a depender do porte do tomador e tipo de operação

ii) Contínua preocupação em garantir a remuneração dos bancos gestores

recursos aos demandantes que, de fato, tem maior dificuldade de acesso. iv) risco das operações com recursos próprios passa a ser do BNB

Pagamentos e Remuneração segundo a Medida provisória n 2.196-3, de 24.08.2001

 Valores dos fundos podem ser liberados pelos próprios bancos, só que estes arcarão com os riscos. Os recursos são transferidos ao banco

 O saldo diário dos recursos transferidos deve ser remunerdo pelas instituições financeiras com base na taxa extramercado

 Taxas Pagto Tomador = (juros +del credere) (Juros + del credere) = taxa fixa del credere = limite de 6% aa

del credere será reduzido em percentual idêntico ao fundo de aval

 Remuneração do Banco = Del credere + + 20% das transferências efetuadas pelo Tesouro

 Remuneração do Fundo = juros + TJLP

 Podem ser aplicados descontos de até 60% sobre as taxas cobradas (não incidindo, portanto, sobre a variação do IGP-DI) protege o 3% dos Bancos

 caso a Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP apresentar variação acumulada, para mais ou para menos, superior a trinta por cento, os contratos serão revistos, mas o del

credere é preservado.

 Valores dos fundos podem ser liberados pelos próprios bancos, só que estes arcarão com os riscos. Para estas operações o Del credere tem o limite de 6%aa

As instituições financeiras, nas operações de financiamento realizadas gozam da isenção tributária.

Obs:

i) Aumenta o Del credere para as operações realizadas diretamente pelos bancos ii) Os recursos transferidos podem ser utilizados pelos bancos para outras modalidades e gerar alta rentabilidade (é prevista a existência de saldos diários), desde que o banco pague a remuneração com base na taxa extramercado.

Pagamentos e Remuneração segundo Portaria nº 616, de 26 de maio de 2003:  Bancos administradores podem repassar os recursos a instituições autorizadas

Remuneração segundo o Decreto nº 5.641, de 26 de dezembro de 2005:

A taxa de administração dos fundos seria calculada mensalmente mediante a aplicação da taxa de 0,25% sobre o patrimônio líquido apurado nos balancetes mensais e balanços do respectivo fundo constitucional.

§ 1o Nos balancetes mensais, o patrimônio líquido do fundo será o apurado no último balanço semestral ou anual, acrescido do saldo das transferências do Tesouro Nacional e do saldo das contas de resultado credoras e deduzido do saldo das contas de resultado devedoras, ao final do mês de referência.

Para efeito do cálculo da taxa de 0,25% estabelecida neste decreto: Serão deduzidos do patrimônio líquido apurado para o mês de referência:  os valores repassados ao banco administrador;

 o total dos saldos médios diários das operações contratadas, conforme regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional;

 o impacto dessa mesma taxa no patrimônio líquido do fundo relativo ao mês de referência.

Pagamentos segundo o os Decretos 5.951 de 31/10/2008 e 6.367 de 30/01/2008

Redução dos níveis das taxas totais cobradas aos tomadores. Elas continuam a ser fixas e diferenciadas pelo porte do tomador e tipo de operação, mas passam a variar de 5% a 10% aa

Fonte: elaborado pelo autor com base na legislação

Com isto, garantia-se que os bancos receberiam 1/5 dos tributos que haviam sido transferidos para formar os Fundos e que, legalmente, deveriam ser destinados ao financiamento das empresas e produtores de cada região. Ou seja, pela constituição fica estabelecido que a União deveria dirigir 3% da receita de impostos, mas na verdade, acabava transferindo apenas 2,4%, visto que 1/5 (0,6%) ficava com os bancos. Outro momento importante foi à mudança estabelecida em 2001, que determinou a possibilidade que parte dos recursos dos Fundos fosse transferidos pelos bancos para que estes emprestassem livremente. Eles arcariam com o risco, mas receberiam uma remuneração maior. Neste caso, os recursos faziam parte do balancete do banco.

Esta é uma novidade, uma vez que os recursos do Fundo e os Empréstimos ligados a ele formam um balancete a parte, fato que será comentado na análise do Banco do Nordeste. Outra novidade é a de que os bancos gestores podem repassar os recursos para instituições autorizadas a operar com o FNE.

Por fim, cabe comentar que a partir de 2001 passa a haver uma nova lógica para o pagamento das taxas pelos devedores. Deixam de existir correções e são estabelecidas as remunerações totais, que variam de acordo com o porte do tomador e o tipo de operação.

No que se refere à análise das operações como um todo, destacam-se as seguintes questões:

a) Houve, ao longo da implantação dos Fundos, uma mudança nas exigências de pagamento sobre os devedores e de remunerações aos devedores. No que se refere às primeiras as modificações procuraram, continuamente, preservar as taxas repassadas aos

Bancos Gestores (Del credere). Quando as segundas, além da busca constante de garantia das citadas taxas, outro ponto importante a ser comentado é a da alta remuneração vinculada a ganhos sobre Patrimônio Líquido, que levavam a que os bancos recebessem uma grande remuneração, mesmo que não emprestassem. Aliás, o não empréstimo aparecia como positivo, uma vez que o montante não emprestado voltava a se agregar ao patrimônio do Fundo, aumentando o montante sobre o qual era calculada parte da remuneração do banco. A mudança deste tipo de remuneração atrelada ao PL em 2001 encerra este tipo de manobra. A partir daí, permanece uma alta remuneração, pois o cálculo se dá sobre 20% dos recursos transferidos, mas a manobra do não empréstimo não mais se sustenta. Isto por que o cálculo não é mais sobre o PL.

b) A permissão de que ocorra transferência de recursos para o próprio banco emprestar (em seu balancete) cobrando taxas maiores, mas arcando com o risco de crédito a partir de 2001 é outro marco importante. Note-se que a partir daí, ficava estabelecido que.

c) No início da implantação dos Fundos os encargos cobrados muitas vezes excediam as cobranças exigidas por outros programas de crédito, o que contrariava a própria legislação dos Fundos. Conforme vimos, entre 1995 e 1999 houve mudanças nos instrumentos de Correção Monetária, mas as taxas totais permaneceram as mesmas (8%aa), sempre preservando-se o Del Credere.

Neste sentido, o Quadro 9 apresenta os valores médios dessas taxas cobradas. Observe-se então que a o enquadramento por porte passa a ser essencial para o tomador, uma vez que os de menor porte passam a pagar taxas menores.

Para ter-se uma ideia, no caso da legislação de 2008 ficaram estabelecidas as remunerações que constam no Quadro 10. Aqui nota-se, por exemplo, que há uma diferença maior de taxas entre os primeiros níveis de classificação (de mini para pequeno; de pequeno para médio). No entanto, no caso das últimas classificações a diferença de taxas é muito pequena; de apenas 0,5% aa (de médio para grande).

Por fim, outro fato importante a comentar refere-se à paulatina queda no nível das taxas que ocorre à medida que o país entra em uma trajetória de maior estabilização. Destaque especial deve ser dado à queda das taxas entre 2007 e 2008 (Quadro 9). No que

se refere ao movimento de queda das taxas, note-se que a maior queda deu-se no nível dos médios e grandes produtores. De fato, considerando-se a mudança ocorrida de 2001 para 2008, a queda das taxas para os mini-produtores caiu de 6% aa para 5% aa, enquanto que para o grupo de Grande porte ela caiu de 14% para 10% aa. Ou seja, caiu a diferença entre os Grupos, e os mais beneficiados foram os de Grande Porte.

Quadro 9- Encargos financeiros – Evolução histórica - 1990/2008

Fonte: Ministério da Integração Nacional 2007 (*) Varia de acordo com o porte e atividade do tomador de crédito.

Quadro 10- FNE- Taxas cobradas de acordo com a classificação por porte do tomador – Legislação de 2008

I – operações rurais:

a) agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF: os definidos na legislação e regulamento daquele Programa;

b) mini produtores, suas cooperativas e associações: 5% ao ano;

c) pequenos produtores, suas cooperativas e associações: 6, 75% ao ano; d) médios produtores, suas cooperativas e associações: 7,25% ao ano; e e) grandes produtores, suas cooperativas e associações: 8,50% ao ano. II – operações industriais, agro-industriais e de turismo:

a) microempresa: 6,75% ao ano;

b) empresa de pequeno porte: 8,25% ao ano; c) empresa de médio porte:9,50% ano; e d) empresa de grande porte: 10% ao ano. III – operações comerciais e de serviços: a) microempresa: 6,75% ao ano;

b) empresa de pequeno porte:8,25% ao ano; c ) empresa de médio porte: 9, 50% ao ano; e d) empresa de grande porte: 10% ao ano.

4.1.2 Consequências da legislação sobre a relação entre as atribuições do BNB e FNE