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CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE POTENCIAL 1 Tendências Futuras da Paisagem Local

ACAPRENA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE PRESERVAÇÃO DA NATUREZA.

4.7 CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE POTENCIAL 1 Tendências Futuras da Paisagem Local

4.7.1.1 Ações de Desenvolvimento Desordenado

Dentre as ameaças à biodiversidade da Morraria, é possível considerar o asfaltamento da estrada que adentra e atravessa a área, a implantação de obras de entretenimento como extensão do Parque Beto Carrero World, a continuidade de ocupação irregular na Ponta da Galheta e nas encostas da porção ocidental, as atividades de extração de terra, as ações de retirada de palmito e de plantas ornamentais, e a caça.

Considerando as manchas de Floresta, é percebido que as manchas 1, 2, 3 e 4 mantém os mais altos valores para a conservação da biodiversidade local. No entanto, a eficiência da mancha 1 pode ser mais significativa no tocante à possibilidade de manutenção de populações mínimas viáveis por compor área mais extensa. È observado, ainda, que a mancha 2, apesar de se manter na mesma classificação das manchas 3 e 4, em termos de tamanho, apresenta área muito superior, cujo sistema de padrão adotado não a discriminou por se encontrar no mesmo intervalo de valor.

As manchas 3 e 4, apesar de áreas de pequeno tamanho, compensam seu valor para a conservação com base no índice de forma, se igualando aos resultados da mancha 2. No entanto, mesmo com valores de índices de forma similares, as manchas 5 e 6 apresentam os menores valores para a conservação devido as suas áreas pouco expressivas para a manutenção da biodiversidade.

Ainda, todas as manchas de Floresta (1, 2, 3, 4, 5 e 6) têm os seus valores para a conservação reduzidos em função do isolamento das mesmas em relação as manchas de mesma tipologia. Diferente das manchas 7, 8 e 9, constituídas de Estágios Avançados e Médios, que mantêm unidade espacial, e por isso, elevam seus valores para a conservação.

No entanto, estas manchas apresentam valores de conservação mais baixos no tocante aos índices de forma e as tipologias de vegetação secundária, onde não deve haver ocorrência natural das espécies Ocotea catharinensis (canela-preta),

Copaifera trapezifolia (pau-óleo), mas podem conter Virola bicuhyba (bocuva), Cabralea canjerana (canharana) e Euterpe edulis (palmito).

Cabe ressaltar, ainda, que estas manchas são expressivas para o estabelecimento de outras espécies bióticas, principalmente devido às suas dimensões e às suas conectividades, e especialmente por manterem algumas espécies-chave comuns também em ambientes mais abertos, como Orlalis

squamata (aracuâ), Pitangus sulphuratus (bentevi), Turdus rufiventris (sabiá-

laranjeira) e Thraupis sayaca (sanhaço-cinzento), os quais podem contribuir com a dispersão por entre as manchas, inclusive atingindo às manchas de Floresta.

Estas manchas são também importantes ambientes potenciais ao estabelecimento de espécies vegetais tolerantes ao stress, que contribuirão para a

4.6.2 Valores de Conservação e a Biodiversidade Atual

A diversidade biótica na Morraria é mantida em função das condições existentes em relação à estrutura espacial da paisagem e ao padrão funcional dessa estrutura para as espécies locais, que apresentam diversos tipos de comportamento e de persistência na metapopulação (HANSKI, 1998).

Como as populações dependem de área mínima viável para se sustentar, é verificado que a Morraria contém área significativa, independente da fragmentação existente internamente, sendo que DOUROJEANNI e PÁDUA (2001) reconhecendo a importância do tamanho das áreas para proteção da natureza, ressaltam que áreas menores não devem ser desprezadas. Diversos estudos mostram que os riscos de extinção estão diretamente relacionados com o tamanho da população, o que por sua vez depende do tamanho efetivo do habitat (BELLAMY54 et al., 1996 in METZGER et al., 2002); assim como as possibilidades de recolonização estão relacionadas com o isolamento/conectividade do fragmento.

Neste contexto, a estrutura e o arranjo paisagístico definem a diversidade biótica a ocupar e a permanecer no local, sendo na Tabela 13 estabelecidos valores de conservação relacionados à situação da área de estudo como fragmento. Foram consideradas apenas as nove manchas mais relevantes na paisagem, as quais, supostamente, possibilitam uma maior diversidade de espécies.

TABELA 13: VALORES DE CONSERVAÇÃO PARA AS MANCHAS MAIS RELEVANTES NA MORRARIA DA PRAIA VERMELHA

Denominação Tamanho Forma Tipologia Isolamento Valor Total

Mancha 1 3 4 5 1 13 Mancha 2 2 5 5 1 13 Mancha 3 2 5 5 1 13 Mancha 4 2 5 5 1 13 Mancha 5 1 5 5 1 12 Mancha 6 1 5 5 1 12 Mancha 7 3 3 4 5 15 Mancha 8 3 1 4 5 13 Mancha 9 2 2 4 5 13

Uma área eficiente aos propósitos de conservação da biodiversidade, sem considerar as especificidades bióticas, deveria apresentar valor total máximo de 20.

54 BELLAMY, P. E.; HINSLEY, S. S.; NEWTON, I. Local extinctions and recolonisations of passerine

e as ocupações irregulares.

A omissão na participação de tomadas de decisão e na adoção de políticas publicas, voltadas para os problemas ambientais, impedem a conservação efetiva da área e de sua biodiversidade, pois tendo por base as informações do meio social, reforçada pela vivência local, denota-se que não existe um planejamento ou uma estratégia definida para o destino da Morraria da Praia Vermelha, apesar do potencial turístico, da pressão antrópica e da importância ecológica existentes.

A legislação privilegia a área no tocante a proteção ambiental que pode remeter a benefícios sociais, mas a falta de investimentos em medidas conservacionistas, como fiscalização e educação ambiental, entre outras, discutidas adiante, aponta deficiências na percepção dos valores ambientais, que muitas vezes, por não estar sensível à importância de uma paisagem mais integra, tornam o ambiente vulnerável antropogenicamente.

Como sugere FRANKLIN (1993), não há como isolar fisicamente a biodiversidade sem influências humanas é preciso uma forma de gestão integrada. Nesse aspecto, a Proposta de Lei do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (SANTA CATARINA, 2002), assim como a proposta de projeto “Corredor Ecológico da Costa Catarinense” (IBAMA, 2003), se efetivadas poderiam ordenar as atividades na área voltadas a sustentabilidade, restringindo áreas prioritárias à preservação.

No entanto, qualquer medida de proteção a área, é imprescindível o envolvimento e a aceitação da comunidade, e conforme DIEGUES (1996) afirma, as atividades de conservação não constituem atividades propriamente, mas sim, um processo entre todos os setores sociais. COSTA (1997) também admite que o envolvimento da comunidade é de total importância, pois sem o entendimento, o apoio, a participação e a colaboração da população nenhum projeto tem sustentabilidade.

Dessa forma, não é previsto um futuro para a área, para a qual são reconhecidas duas vertentes tendenciosas, uma voltada mais à dimensão conservacionista, e outra à dimensão desenvolvimentista, uma podendo dominar a outra, dependendo da participação comunitária e da vontade política dos governantes.

áreas adjacentes mais baixas;

d) Erosão Marinha – a freqüência está associada à chegada de ondulações de alta energia, geradas pelas tempestades em zona oceânica, sendo a ocorrência mais demarcada no período de outono e inverno, cujos efeitos são mais percebidos na vegetação herbácea da Formação Pioneira com Influência Marinha.

FORMAN e COLLINGE (1996) ainda incluem como distúrbio natural, a dinâmica mínima da área, sendo que as manchas requerem espaços, cujas ações de dinamismo natural não permitam eliminar espécies.

Estes fenômenos, mesmo considerados naturais, podem ter seus efeitos intensificados pela ação humana, sendo que as manchas constituídas de floresta tendem a manter uma maior estabilidade (DEGRAAF e MILLER, 1996; ODUM, 1997; TILMAN, 1999) frente às estas alterações. Portanto, a biodiversidade existente nessas manchas, tende a se manter mais protegida, sendo que o sistema possui relativa capacidade para suportar pequenas modificações dentro de um processo natural (FORMAN e COLLINGE, 1996).

4.6.1.2 Vulnerabilidade Antropogênica da Paisagem

A influência humana é bastante evidente na área, seja através da interferência nos recursos florestais ou nos recursos marinhos. Portanto, a ação antrópica é exercida diretamente pelas duas matrizes, provinda da planície do entorno para o interior da área, favorecida pelos corredores - estrada de terra e trilha, assim como do sentido do mar para a Morraria. Nesse caso, possibilitada pelo acesso de embarcações no costão ou pelo corredor - linha do costão. Esse mesmo sistema de interferência é utilizado para atividades turísticas.

Ainda, a influência humana se evidencia na área, seja através da atuação ou da omissão de atos. Mesmo atualmente, a atuação se dá mais expressivamente através de atividades que causam impactos ambientais, prejudicando a conservação da biodiversidade, como a retirada de plantas e de animais da floresta e a extração intensiva dos recursos marinhos, bem como a alteração dos habitats que mantém a biodiversidade, como as atividades de queimadas, as extrações de retirada de terra

4.6 CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ATUAL