The point
CHOI’S GALLERY
84 Considerámos, para esta análise, que as dez revistas analisadas no estudo de casos seria
uma amostra demasiado reduzida. Deste modo, recolhemos informações de 20 revistas, to- das relacionadas com a área em questão. São elas: Amuseum (semestral, 11€), A New Type of
Imprint (trimestral, 26,99€), Architectural Digest (mensal, 6€), Attitude (bimestral, 6€), Baseline
(quadrimestral, 16€), Berlin Quarterly (trimestral, 15€), Brand (bimestral, 19,95€), Cabana (se- mestral, 20€), Computer Arts (mensal, 7,8€), DamN (bimestral, 12€), Étapes (bimestral, 22,8€),
Frankie (bimestral, 8,9€), IDPURE (trimestral, 12€), Kinfolk (trimestral, 20,25€), Milk (bimestral,
6,7€), Monocle (bimestral, 11€), Real Review (trimestral, 10€), The Lifted Brow (trimestral, 15€),
Relativamente aos acabamentos, a encadernação utilizada pela maioria das revistas (exceto a Gerador que utiliza agráfos) utiliza uma encadernação à base de cola, sendo que algumas são cosidas previamente e outras não. Os tipos de papel utilizados são bastante variados e a gramagem é geralmente alta, visto que a maioria das revistas tem um caráter de coleção. alguns são brilhantes, outros mate, uns revestidos, outros não, com ou sem laminações na capa. Em relação a aditivos à capa, a IdN e a Roof são as únicas a utilizar uma
aplicação de verniz uv localizado figura 76.
Avaliar os “valores da revista”, perceber o seu intuito e ideias foi especial- mente útil para determinar o conceito da nossa revista. Existe uma grande diversidade de revistas, desde as mais sérias às mais descontraídas, às que são comprometidas com a comunidade de designers e que, geralmente, afirmam estar empenhadas em inspirar e unir designers pelo mundo inteiro.
Avaliar diferentes capas foi também essencial para perceber que alguns elementos são fundamentais para compor uma capa apelativa e que alicie os consumidores. É exemplo disso a utilização de elementos gráficos que se re- pitam a cada número, e que sejam de uma cor contrastante com a imagem da capa. É o caso do círculo que a Eye utiliza para inscrever o número da publica- ção; a barra vertical da IdN; o título da Novum e a lombada da Minchō antes do novo design.
No que respeita a chamadas de capa, estas não se mostraram um elemento essencial nas revistas desta índole, sendo que apenas a IdN e a IDEAT as apre- sentam claramente. Na IDEAT, as próprias chamadas de capa são um elemento original da capa, mudando de cor a cada número, tornando a capa apelativa. A IDEAT veio contrariar a tendência de não utilizar chamadas de capa, utilizan- do as mesmas como parte integrante da imagem, em harmonia com a mesma. As imagens de capa demonstram diferentes naturezas, umas com ilustra- ção, outras com fotografia, sendo que algumas são realizadas propositadamen- te para a capa, como a Novum, a Eye e a Gerador. Outras aproveitam o trabalho dos artistas contemplados na revista, como a Print, a Pli, a Minchō, etc.
Relativamente ao logotipo das revistas, foi possível verificar que a maioria (exceto apenas a Eye) apresentam uma identidade gráfica puramente tipográ- fica, predominando os tipos de letra sem serifas e sem a utilização de qualquer símbolo que os acompanhe. Neste aspeto, a maioria das revistas que tem feito novos designs nos últimos anos, tem optado por soluções mais simples e di- retas, como é o caso da Novum, da Print e da Minchō, sendo que neste último exemplo, ao contrário dos restantes, se verifica uma perda de personalidade em prol da simplificação.
Ao nível do interior das revistas, também se notou uma grande diversidade de abordagens, desde revistas que apostam claramente em imagens, o caso da revista Gallery. Todavia, encontramos maioritariamente revistas que apresen- tam um equilíbrio entre texto e imagem. As grelhas também são as mais diver- sas, variando entre revistas que não apresentam uma grelha definida (como a
Gallery, o que se traduziu num fluir bastante confuso), e revistas com apenas
figura 76 | Verniz uv localizado, na revista Roof, n.º 7, 2017
duas colunas (como a Gerador, que, tendo um formato pequeno optou por duas colunas, obtendo uma grelha pouco flexível). Existem ainda revistas com 3, 4, 6, 8, 10 ou 12 colunas, como é o caso da Eye, revelando bastante flexibilidade no seu layout.
Um dos elementos mais importante das revistas é a utilização de sistemas de navegação que ajudem o leitor a encontrar aquilo de que está à procura e a situá-lo de uma forma rápida e eficaz. Uma navegação conseguida passa por apresentar índices claros e diretos. É o caso da maioria das revistas, exceto a
IdN que mostra um índice muito pouco percetível figura 77. Bons exemplos são o índice da Eye figura 78 e o da Minchō figura 79.
Ao longo do interior das revistas, os sistemas de navegação podem pas- sar pela utilização de páginas com cores diferentes, como faz a Novum para assinalar os artigos pertencentes ao tema em destaque no número. Passam também pela utilização de ícones para simbolizar o fim dos artigos, como faz
a IdN, a Minchō, a Gerador, a Eye, etc. figura 80. Também a correta posição dos fó-
lios ajuda à navegação, assim como a utilização de separadores para destacar os artigos mais importantes. A utilização de ícones, na Gallery, ao longo das páginas, que identifiquem a área a que pertence o artigo também é um bom exemplo de uma ajuda à fácil navegação. Seria ainda mais útil se os ícones não fossem pouco claros.
Considerámos importante sintetizar os pontos positivos e negativos de
cada revista, como mostra a tabela 1, na página seguinte.
figura 77 | Esquerda: Índice da revista IdN, vol. 22, n.º 6, 2015/2016
Fonte: Investigadora (2017)
figura 79 | Direita: Índice da revista Minchō, n.º 12, 2017
Fonte: Investigadora (2017) figura 78 | Centro: Índice da revista Eye, n.º 92, 2016
Fonte: Investigadora (2017)
figura 80 | Ícones que marcam o fim dos artigos das seguintes publicações (da esquerda para a direita): IdN, Eye, Gerador, Minchō e IDEAT
tabela 1 | Pontos positivos e negativos de todas as revistas analisadas no estudo de casos
Fonte: Investigadora (2017) Gerador ›Índice claro
›Ícone no fim de cada artigo
›Chamadas de capa originais
›Qualidade das imagens
›Ícone no fim de cada artigo
IDEAT
›Papel com transparência
›Texto corrido com cor
›Grelha de apenas 2 colunas
›Quantidade de publicidade
›Não foi possível identificar grelha
›O índice aparece a meio da revista
›Acabamentos na capa
›Logotipo interessante
›Grelha original
›Ícone no fim de cada artigo
IdN ›Capa monocromática
›Texto justificado sem hifenização
›Índice muito confuso
›Papéis com gramagens diferentes
›Aproveitamento da lombada
›Aproveitamento do espaço branco
›Índice claro
›Separadores claros
›Ícone no fim de cada artigo
Minchō ›Capa pouco chamativa
›Logotipo demasiado neutro
›Inconsistências na grelha
›Ideia para a imagem de capa
›Logotipo com personalidade
›Papel colorido a destacar secções
›Grelha de 8 colunas divididas em 16
Novum ›Layouts diferentes para as 2
páginas do índice
›Grelha flexível
›Índice claro e legível
Pli ›2ª capa pouco ergonómica
›Lombada sem informação
›Logotipo pouco legível
›Grelha flexível de 12 colunas
Print ›Papéis com gramagens diferentes
›Logotipo neutro
›Quantidade de publicidade
›Pouco espaço branco
›Muito texto por spread
›O índice aparece a meio da revista
›Acabamentos na capa
›Identidade visual forte
›Qualidade das imagens
›Aproveitamento do espaço branco
›Utilização de separadores
Roof ›Revista espelho (lê-se nos dois
sentidos)
›O índice só aparece num sentido
›Capas monocromáticas
›Elementos decorativos desnecessários
›Identidade Visual forte
›Utilização inteligente da lombada
›Círculo com o número da publicação
›Grelha flexível de 12 colunas
›Clareza do índice
›Ícone no fim de cada artigo
Eye Choi’s Gallery
PONTOSPOSITIVOS
›Não utiliza grelha
›Logotipo pouco legível
›Texto pouco cuidado
›Layouts confusos
4.2. QUESTIONÁRIOEXPLORATÓRIO
Considerámos importante que a comunidade do design se pronunciasse so- bre o projeto, pelo que foi decidido utilizar uma metodologia não interven- cionista de pesquisa na forma de questionário exploratório de administração direta. Este foi aplicado junto a alunos, professores e profissionais da área, de maneira a conhecer melhor o público-alvo e ir ao encontro das suas expecta- tivas bem como identificar oportunidades relativas ao nosso produto. Desta forma, fomos capazes de identificar quais as áreas do design mais populares e assim objetivar os conteúdos da revista de maneira a ir ao encontro das prefe- rências do público. Foi também possível averiguar qual a quantia monetária que o público em geral está disposto a oferecer em troca da revista, bem como a sua periodicidade.
Este questionário começa com uma breve descrição da investigação, bem como uma explicação do motivo pelo qual surgiu a necessidade de o realizar. Assim, informamos as pessoas do que se trata e pedimos a sua colaboração, salvaguardada a confidencialidade dos dados.
O questionário é composto por três questões de identificação, seguidas de sete questões que pretendem avaliar o envolvimento dos inquiridos na área, as suas preferências, as suas expectativas e intenções. Combina questões abertas quando se pretende receber informação mais rica e por vezes inespe- rada, sem influenciar nem restringir hipóteses de resposta, contribuindo para a riqueza do projeto, apesar de serem de mais difícil análise. Contém também questões fechadas (escolha múltipla e caixas de seleção). O questionário foi elaborado utilizando o Google Formulários, um serviço do Google Drive. A uti- lização desta plataforma permite a fácil divulgação do questionário através de vários meios.
Foi importante definir características sociodemográficas na seleção da amostra, visto que se trata de uma revista sobre design português e destinada a profissionais e alunos da área. Assim, o questionário foi difundido através
das redes sociais, alertando para esta restrição85. Os participantes foram, por-
tanto, selecionados de acordo com um processo de amostragem aleatória, re-
sultando numa amostra de 115 sujeitos86.
85Para além desse alerta, através da questão de identificação relativa à profissão do inquiri-
do, confirmamos a sua ligação à área do design ou das artes em geral.