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REPRESENTACIONAL Ulup, Barbosa, 2012 RS de Psicologia e PEE Promover reflexão, problematizar

4 CEMEI/EMEI.

6.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

No projeto aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CEP/UFTM), comprometemo-nos a realizar a pesquisa dentro dos padrões éticos contidos na resolução 196/96. O critério de suspensão estipulado foi se o número de questionários respondidos fosse inferior a 44 (quarenta e quatro). Também, os procedimentos

seriam interrompidos se o número de sujeitos, no momento das entrevistas, fosse menor que 2 (dois). Confirmamos que a UFTM e as instituições onde se desenvolveram a pesquisa possuíam a infraestrutura necessária para o seu desenvolvimento. Os recursos foram custeados pela instituição, ou por iniciativa dos próprios pesquisadores. A elaboração, confecção e obtenção da assinatura do TCLE foi responsabilidade exclusiva do pesquisador aluno do Mestrado. Após a conclusão desta pesquisa, os resultados serão apresentados em banca de defesa de Mestrado (PPGE/UFTM), socializados entre as escolas campo de pesquisa e encaminhados para publicação em revistas especializadas.

7 RESULTADOS

A partir das visitas realizadas para aplicação dos questionários e das entrevistas, podemos sugerir algumas considerações que dizem respeito a: instituição-escola, mecanismos de gestão institucional, controle dos servidores por parte das secretarias de educação e as relações entre público e privado nas escolas públicas do município. Também por meio de dados assistemáticos, entendemos possível apresentar impressões e descrições sobre as relações institucionais e interpessoais estabelecidas durante o período, o que permitiu triangulação dos dados em momento posterior.

Primeiramente, fica evidente a ausência, por parte da equipe gestora, de mecanismos republicanos de informação e controle sobre as ações e a pessoa dos professores. O controle a que nos referimos apresenta-se sob dois aspectos: controle sobre as atividades pedagógicas docentes e controle sobre os dados que revelam a identidade do professor. Quanto ao controle sobre o fazer, entendemos que o profissional tem autonomia para ser protagonista na concepção e execução do currículo – desde que atendidas as mínimas diretrizes legais – muito embora existam indícios de que esse investimento não se concretize diante da jornada extenuante a que se submete a categoria.

O que reconhecemos é que a direção (concomitantemente supervisão) tem reduzida autoridade para solicitar do professor qualquer apoio afora suas atribuições de sala de aula – mesmo aquelas correspondentes ao seu cargo. Durante nossa pesquisa, por exemplo, algumas equipes gestoras testemunhavam que não sabiam se seus professores iriam querer responder nosso inquérito. Em outros casos, recebíamos a informação de que os gestores haviam conversado de maneira bem direta e transparente com os professores, porém mesmo com prazo, estes não devolviam o material conforme combinado. Neste aspecto, cabe destacar que entre as redes (SRE e SEMEC) existem contrastes.

Foi bem mais comum que recebêssemos das unidades da SEMEC os formulários devidamente respondidos, acompanhados inclusive de listas impressas com nomes completos dos professores e assinalados indicando quem havia recebido e devolvido o material. A cobrança pelo retorno pôde ser feita de maneira mais próxima, o que sugere que os gestores do município administram com maior autoridade os recursos humanos. Por outro lado, nas unidades da SRE também foi comum voltarmos às escolas e encontrarmos os questionários expostos em cima de uma mesa da supervisão para serem retirados espontaneamente. Em alguns casos, recolhemos todos os questionários em branco, mesmo depois de semanas aguardando o retorno.

Também, quanto ao número de professores efetivos na rede e nas unidades, o desconhecimento é flagrante. Nos contatos que fizemos com a Secretaria Estadual em Belo Horizonte (por telefone, pelo “fale conosco” no sítio institucional ou presencialmente na SRE) não obtivemos retorno, o que sugere que esse quantitativo não é de fácil acesso nem para os gestores. Isso denuncia um problema mais grave, que procuramos discutir com ajuda do referencial sobre formação de professores: se não é conhecido o número de servidores na condição de efetividade, também não se conhece o perfil deste quadro, nem tampouco seus projetos e suas reais necessidades de formação continuada.

Na SEMEC o problema parece mais complicado. Na última visita que fizemos à Prefeitura Municipal (DECEDES), em 6 de janeiro de 2014, recebemos duas afirmações como resposta. Primeiramente, a servidora que nos atendeu garantiu que a SEMEC tem um levantamento total dos professores por unidades. Posteriormente, ela também afirmou que não poderíamos confiar muito nesses dados, já que a alteração (decorrente de licenças, designações e remoções ou redistribuições) ocorre com grande frequência. Ou seja, mesmo conhecendo o número de efetivos hoje, nunca se pode assegurar “amanhã” a sua quantidade e onde ele está lotado.

Em segundo lugar, foi confirmada pela servidora que atende nos recursos humanos da SEMEC que a rede municipal trabalha hoje com 50% de servidores do quadro do magistério em contrato temporário. Ora, sabemos que a contratação de funcionário público só ocorre via concurso, a forma determinada pela Constituição Federal (artigo 37) e depois ratificada pela Lei 9394/96 (artigo 206). Por outro lado, é facultado pela Lei Complementar nº 2.524/2012 em seu artigo 6º – contratação para viabilizar os serviços de saúde e educação –, que os contratos emergenciais não podem exceder 10% dos respectivos cargos providos por concurso.

Por fim, outro aspecto nos faz questionar o caráter da instituição-escola neste município, bem como a relação entre público e privado no âmbito dos procedimentos de administração e gestão dos serviços oferecidos pelo equipamento público. Foi comum que chegássemos às escolas e fôssemos recebidos com amabilidade pelos servidores. Porém, quando retornávamos e lembrávamos que tínhamos deixado o material em outra oportunidade, éramos interrompidos sempre com a afirmação: “mas você conversou com a ‘fulana’? Então você só pode resolver com ela” (sic). Insistíamos que, como aquele agente era diretor, vice ou supervisor, deveria ter conversado com alguém ou compartilhado a atribuição (já que geralmente os cargos cobrem apenas jornada de um período). Enfim, era lícito supor que pelo menos a carta de apresentação havia tramitado pela instituição. Quanto mais nos

aproximamos da rotina burocrática da escola, mais percebemos que a gestão de documentos, os mecanismos de transmissão das informações e o controle sobre a conduta dos agentes preserva ainda uma lógica personalista e intuitiva.