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O presente trabalho teve como objetivo analisar, a partir das experiências de três professoras, de que forma ocorre à avaliação de alunos do 3°ano, final do ciclo de alfabetização de uma escola municipal de Pariconha-AL. Para desenvolver esta pesquisa, buscamos compreender o processo histórico da educação escolar, pontuando o surgimento da avaliação na escola, trazendo os tipos e funções da avaliação e suas contribuições, bem como suas especificidades no processo de ensino aprendizagem. Discutimos também a importância da avaliação no primeiro ciclo de alfabetização, apresentando os tipos de avaliações aplicadas pelas políticas públicas na alfabetização como a Provinha Brasil e a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA); e por fim foram analisados os discursos e as experiências de professoras que atuam no 3º ano do Ensino Fundamental sobrecomo ocorre à prática de avaliação neste ciclo escolar.

Dentre os resultados, observamos que a escola parece não se preocupar tanto em manter em seus documentos uma orientação teórica sobre avaliação como subsídio para os professores aplicarem em sala de aula. Essa constatação se deve ao fato de que ao analisarseu Projeto Político Pedagógico foi possível identificar apenas um pequeno trecho em um dos seus objetivos específicos sobre a avaliação, o que levou a pesquisadora a se questionar sobre esse fato, pois acreditamos que é de grande relevância que o documento tão importante como o PPP da escola contemple teorias que ajudem aorientar o trabalho pedagógico do professor em relação às práticas deavaliação.

Vimos também que as professoras relataram o quanto é difícil trabalhar com alunos do 3º ano, visto que a maioria chega a esse anoescolar com níveis diferenciados de aprendizagens em relação à alfabetização. Em busca de minimizar essa dificuldade, as mesmas relataramtrabalhar com atividades diferentes para contemplar as aprendizagens distintas, utilizando de atividades lúdicas, livros didáticos e quadros brancoscom objetivo de despertar a curiosidade dos mesmos e facilitar o processo de alfabetização.

Na questão sobre avaliar os alunos a fim de oportunizar a vivência da cidadania, questão inspirada no objetivo específico do Projeto Político Pedagógico da escola todas relatou contemplar esse objetivo em sua prática pedagógica, porém destacaram que não depende só dá escola educar os alunos para a cidadania, pois esse é um papel conjunto com a

família dos alunos, no qual há muitos casos de família que não se interessam pela vida escolar de seus filhos e que acaba influenciando de forma negativa na formação do aluno.

Em relação à importância da avaliação escolar as três professoras entrevistadas mencionaram a relevância de utilizar avaliações qualitativas e quantitativas, trazendo a contribuição de avaliar o aluno em todo o seu contexto como também a importância dos docentes se dedicarem a esse nível de alfabetização.

Na questão que traz o papel da Provinha Brasil na avaliação escolar, as professorasresponderam que a mesma não facilita a prática pedagógica, por não condizer com a realidade sociocultural dos alunos. Para elas, essa provinha trazquestões de difíceis interpretações para os alunos que em alguns casos apropria professora não consegue nem explicar a questão para que o aluno possa entender. Outro fator negativo é a questão da Provinha Brasil ser igual para todo o país, sabendo que a realidade educacional varia de região para região.

Em relação ao sistema educacional pautado em ciclos, as três professoras ressaltaram não concordar com este modelo, com a justificativa de que a maioria dos alunos chega ao 3° ano sem estarem minimamente alfabetizados, trazendo para as professoras a missão de tentá- los alfabetizar até o final do ano para que sejam avaliados através de nota para progredirem para o próximo ano.Dessa forma, enfatizam que preferiam a organização de escolas através de séries, na qual em suas visões os alunos se esforçavam mais para poder merecer passar de ano, diferentemente da progressão automática realizada pela escola cicladas. Cabe sinalizar que essa discussão é polêmica, visto que até mesmo na literatura tal tema ainda não é consensual entre pesquisadores da área de educação.

Em nossa opinião seria interessante que a escola buscasse integrar todo o corpo escolar, professores, gestão e comunidade escolar/local para identificar as causas que dificultam a alfabetização dos alunos. É importante avaliar se o problema decorre realmente da implantação do sistema de ciclos ou dos métodos utilizados pelos professores ou se tudo isso é consequência de um problema maior decorrente da falta de valorização da educação pública no país.

Deste modo, entendemos que deve haver uma parceria entre escola e sociedade, na qual busquem estratégias positivas para professores e alunos, decidindo o melhor caminho a percorrer em prol da qualidade da alfabetização. Compreendemos também que as práticas

avaliativas dos professores necessitam romper com práticas avaliativas classificatórias, transformando seus planejamentos em planos que considerem a realidade cognitiva dos alunos. Assim, a avaliação deve estar pautada no processo de aquisição do conhecimento do aluno, intervindo nos momentos necessários e partindo dos conhecimentos prévios dos mesmos para que possa estabelecer um diálogo a fim de passar tranqüilidade e segurança para que eles falem e mostrem suas dúvidas e inquietações, trazendo resultados positivos para ambas as partes.

Enfim, a pesquisa foi de grande relevância, pois atendeu aos objetivos do trabalho que foi compreender como ocorre o processo avaliativo de alunos que estão no 3º ano do ensino fundamental.Como nem toda pesquisa se esgota em si mesma, entendemos ser possível aprofundar este tema, buscando investigar os motivos mas específicos que levam a essa defasagem na alfabetização, comparando com o mais atual modelo das políticas educacionais, no qual objetiva alfabetizar os alunos até o segundo ano do ensino fundamental.

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