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I- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

7. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

É realmente muito lenta a tomada de consciência pelos indivíduos e pelas comunidades de que a natureza e o meio ambiente não são somente aquele cenário existente imediatamente diante dos nossos corpos, mas algo de dimensões planetárias.

O pensamento atual ainda leva as pessoas a crer que a expectativa de vida do ser humano no século XXI é igual àquela de cem ou mais anos atrás. Isso leva a sociedade a sempre raciocinar em termos imediatos, sem pensar no futuro e naqueles que virão no futuro. Talvez seja isto o que suprime de cada indivíduo das coletividades a consciência de usar hoje somente o certo e o necessário e deixar o restante bem conservado para a posteridade.

Os problemas ambientais, como observado no início, por já serem reconhecidos e interpretados como assuntos a merecer tratamento de urgência, estão a exigir, de forma premente, um repensamento, haja vista que as intervenções ao meio ambiente vêm se tornando uma atividade de alto risco, pelas possíveis implicações na qualidade de vida, como no caso do uso inconseqüente de áreas de preservação, de proteção dos mananciais ou ocupação da zona costeira.

A preocupação com esses problemas, no contexto mundial, pode ser identificada formalmente com a Convenção de Estocolmo, em 1972. No Brasil, sob a perspectiva jurídica, ela data da promulgação da lei Federal Nº. 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio ambiente, sendo consolidada com a Constituição de 1988, que contemplou o meio ambiente com capítulo específico.

Os dois textos retro citados enumeram instrumentos de proteção ao meio ambiente, ou seja, instrumentos que viabilizam de forma efetiva a proteção do patrimônio ambiental. Dentre eles, destaca-se o zoneamento ambiental, instrumento técnico que se ocupa de avaliar as peculiaridades ambientais e respectivos processos sociais, culturais e econômicos de determinado espaço geográfico, com

vistas ao disciplinamento da utilização de seus recursos e o desenvolvimento das atividades econômicas em benefício da preservação ambiental.

O zoneamento deve ser realizado através de documento jurídico, uma lei, dispondo sobre as regras de uso, ocupação e outras condicionantes em resguardo ao espaço que se pretende proteger, em razão de seus atributos naturais. Obviamente, o documento é precedido de um diagnóstico viabilizando a identificação do patrimônio ambiental da região que se pretende zonear, evidenciando nesse momento uma interdisciplinariedade entre o Direito e as Ciências Ambientais.

O zoneamento ambiental poderá receber classificação específica segundo o objetivo a que se destina (urbano, industrial, agrícola, costeiro, ecológico- econômico, ecológico-econômico costeiro).

O Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro do Ceará, objeto do exercício acadêmico da dissertação, foi elaborado tendo como propósito, o cuidado de disciplinar o espaço geográfico de interação entre o mar, a terra e o ar da zona costeira cearense. Ao fazê-lo, foi necessário, primeiramente, conhecer esses espaços de interação (os Municípios de abrangência), identificando-lhes as características, fragilidades, potencialidades e capacidade de suporte de atividade econômica já instalada ou em vias de instalação.

O ZEEC atendeu a metodologia científica para conhecer os atributos naturais da costa do Ceará, fazendo-o através da identificação de três unidades geoambientais: a Frente Marinha, Os Corredores Fluviais e as Terras Altas, com as específicas singularidades que a natureza lhes reservou, como as unidades litoestratigráficas em diferentes setores, com rochas cristalinas, sedimentos eólicos, sedimentos aluviais e lacustres etc.; as vegetações dos tabuleiros, litorâneas, da caatinga etc. Além disso, definiu a abrangência da zona costeira do Estado.

Ao dispor de todas essas informações, o conhecimento dos atributos, fragilidades, potencialidades e capacidade de suporte, e, sendo formalizado em texto legal, evidente que o ZEEC é um instrumento jurídico de proteção da zona

costeira do Ceará. Assim, a pesquisa contribui para um melhor entendimento do ZEEC, concebido com uma idéia voltada para uma nova estratégia de desenvolvimento visando, primordialmente, a sustentabilidade orientada e controlada do território

Além disso, o ZEEC deverá orientar os planos diretores municipais de desenvolvimento sustentável dos 38 Municípios localizados na zona costeira.

Finalmente, conclui-se que o ZEEC, por sua natureza intrínseca de instrumento e por seu caráter dinâmico, deve ser sujeito a periódicas revisões e atualizações a partir de um compromisso do poder público, pois trata-se de um recurso que pode e deve ser utilizado visando o planejamento do desenvolvimento.

8. BIBLIOGRAFIA

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