• Nenhum resultado encontrado

I- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

6. ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO COSTEIRO DO ESTADO DO CEARÁ

6.1 Metodologia do Trabalho

O estudo teve como orientação legal o Decreto Federal Nº. 4297/2002 e as Resoluções Conama 303/02 e 341/03, que cuidam, respectivamente, de dispor sobre parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente e sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.

O projeto foi discutido em audiência Pública na Assembléia Legislativa e, ao final foi referendo pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA.

A execução do estudo teve como orientação e sistemática de trabalho as Diretrizes metodológicas para Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil elaboradas pelo Ministério do Meio Ambiente em 2004 para os procedimentos de zoneamento ecológico da Amazônia Legal.

Quanto à cartografia, os mapas foram apresentados em escala com variação de 1:10.000,000 até 1:250.000.

Um dos aspectos interessantes a ser destacado da metodologia utilizada diz respeito às classificações dos espaços geográficos, haja vista o zelo que os profissionais que realizaram o estudo tiveram com tais espaços. Isto porque, as

zonas costeiras e o meio marinho interagem em cenário geológico que precede em milhares de anos à dinâmica de novos eventos, sobretudo a ação antrópica, que vêm alterando-lhes as feições. A par disso, a literatura desses registros compete desigualmente com a tecnologia, com as imagens de satélite, por exemplo, dificultando, algumas vezes a padronização da linguagem nas diversas classificações.

Assim, orientados com essa cautela, na classificação dos ambientes costeiros e/ou marinhos, utilizaram a classificação baseada no programa de oceano costeiro do NOAA denominado change analysis project (C-CAP), que utiliza usa sensoriamento remoto digital e medidas in situ, georreferenciados com GPS. Aliás, segundo o estudo do ZEE esse método de classificação foi utilizado no Ceará pela primeira vez na transição do século XX para o XXI, por ocasião da implantação da Área de Proteção Ambiental de Canoa Quebrada.

Em resguardo às peculiaridades locais, essa metodologia foi associada à definição dos espaços das bacias hidrográficas,que , por sua estrutura específica, evidencia os divisores de água, encostas, terraços de inundação, planícies e deltas, contribuindo para adequada classificação das unidades geoambientais e, conseqüente, as medidas protetivas a serem implementadas.

As etapas do projeto foram iniciadas com a coleta e posterior organização (catalogação) de todas as informações relacionadas com os aspectos cartográficos, estruturas espaciais de ecossistemas fluviais, geologia e geomorfologia da região, geofísica, aspectos florísticos, hidrologia, hidrogeologia. Enfim todos os dados e informações até então existentes sobre a zona costeira do Estado.

No momento seguinte esses dados foram confrontados com a verificação de campo, cujas excursões foram orientadas para o conhecimento detalhado dos aspectos bióticos e abióticos, econômicos, de uso e ocupação do solo, dos ecossistemas terrestres e marinhos, viabilizando a um só tempo uma visão panorâmica e detalhada da região.

Sobre o diagnóstico socioeconômico, foram analisados os respectivos indicadores de cada municipalidade bem como aplicação de questionários com famílias ribeirinhas objetivando a produção de dois cenários, a descrição da situação atual e tendencional dos diversos parâmetros sociais, como demografia, educação saúde, saneamento ambiental, estrutura fundiária, índices de desenvolvimento do Município. Os questionários aplicados às famílias ribeirinhas e costeiras foram realizados através de questões abertas com o objetivo de angariar informações de s qualidade sobre os diversos aspectos da municipalidade e de despertar o interesse da das comunidades sobre os problemas locais.

Ainda com relação à participação da comunidade local, foram realizados 5 Fóruns Regionais, onde eram apresentadas informações sobre a metodologia e o estudo, que tiveram contaram com as presenças de representações de 38 Municípios. O primeiro Fórum foi realizado em São Gonçalo do Amarante envolvendo representantes locais e de outros Municípios como Fortaleza, Caucaia, Pentecoste, Paracuru, Paraipaba e Trairi.

Os outros foram realizados em Acaraú, com os representantes dos Municípios Itapipoca, Amontada, Ita rema, Morrinhos, marco , bela Cruz e Cruz; Camocim, com Barroquinha, Chaval, Granja, Jijoca de Jericoacoara; Limoeiro do Norte, com Jaguaribe, Alto Santo, Tabuleiro do Norte, Quixeré, russa, Jaguaruana e São João do Jaguaribe e, por fim, em Aracati, com Icapuí, Fortim, Itaiçaba, Cascavel, Beberibe, Pindoretama, Aquiraz e Eusébio.

Além dos Fóruns também foram realizadas 12 oficinas participativas do diagnóstico socioeconômico com representantes dos diversos segmentos sociais da municipalidade nos Municípios de Camocim, Jijoca de Jericoacoara, Acaraú, Bela Cruz, Itapipoca, São Gonçalo do Amarante, Cascavel, Beberibe, Limoeiro do Norte, Aracati e Icapuí.

Observa-se, todavia, que o estudo não faz referências específicas aos informes oficiais ou institucionais das administrações municipais, como planos ou projetos bem como os planos e/ou programas e projetos estaduais em estudo ou propostos para as diversas regiões costeiras.

Referida omissão não deve ocorrer no zoneamento ecológico-econômico, como bem lembra SABER (op. cit):

Em caráter obrigatório, precisa-se reunir toda a documentação sobre a extensão, a distribuição e a tipologia das áreas de preservação e conservação existentes no interior da área em estudo Da mesma forma que deverá obter todos os informes sobre as infra- estruturas instaladas ou em processo de instalação, envolvendo, ainda, o conhecimento do mosaico de planos, programas e projetos propostos para a região, em diferentes tempos por diferentes órgãos.

Não há como aceitar a idéia simplista de que a determinados espaços ecológicos devem corresponder espaços econômicos, numa sobreposição plena e totalmente ajustável. E totalmente utópico pensar-se que o potencial dos recursos naturais de uma área possa ser avaliado em termos de uma sociedade homogênea na sua estrutura de classes e de padrões de consumo

Como se observa, a ausência dessa informação e o respectivo cruzamento com as informações sobre os sistemas ambientais e o detalhamento dos elementos dos aspectos bióticos e abióticos implicará uma deficiência na prestação de informações em torno de soluções aos novos desafios de ordenamento territorial costeiro do Estado.

6.2 Aspectos Ecológicos – Econômicos da Zona Costeira do Estado do