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Ao longo dessa pesquisa foi possível construir uma relação entre as condições históricas, sociais, econômicas, tecnológicas e subjetivas que atravessam a infância contemporânea, fazendo um comparativo entre a sociedade tradicional e a contemporânea.

Em meio as transformações sociais mais relevantes da contemporaneidade podemos citar a adultização infantil, que coloca a criança como um pequeno adulto, com lugar e papel ativo na família e na sociedade. Essa adultização infantil é fortemente reforçada pela mídia, que disponibiliza uma gama de objetos adultos em versão infantil, como cosméticos, vestimentas, entre outros.

Baseado nisso, pode-se dizer que a dinâmica atual da sociedade contemporânea está fortemente enraizada no capitalismo. Seguimento que exerce forte influência nos discursos sociais e, consequentemente em todos os aspectos humanos, colocando o objeto como a única possibilidade de reconhecimento social.

Esses objetos do modelo capitalista tornam-se o norte para a estruturação e formação das identidades, se tornando uma referência subjetiva, lugar este que outrora era ocupado pela função paterna. Ao mesmo tempo que essas mudanças aconteceram também começaram a surgir novas patologias que apontam a fragilização desse sistema.

É justamente nesse declínio da função paterna que as crianças tornam-se perdidas quanto ao seu desejo e quanto a lei. Permanecem assim a mercê das imposições da mídia, e do imperativo social de velocidade e felicidade aliados ao consumismo.

As consequências desse processo podem ser notadas no brincar infantil, que agora é empobrecido de fantasia e elaboração. É um brincar recheado de tecnologia e que dispensa uma elaboração e a presença de um outro, deixando suas capacidades imaginárias adormecidas, assim como seu corpo.

Para além da criança, os efeitos também podem ser notados na família que agora elege a criança como uma figura ativa e de poder, consequência do alto nível narcisico depositado desse pequeno que não pode ter frustrações.

Assim começa a dinâmica da desautorização familiar que causa fortes impactos na estruturação psíquica infantil e na sociedade como um todo, resultando em crianças com problemática nas relações sociais, na internalização da lei e no seu

desejo como sujeito.

Esse trabalho teve como propósito a reflexão sobre a infância contemporânea partindo de questões sobre sua identidade, a importância do brincar e do brinquedo e como esses se estruturam hoje, além da importância da referência familiar.

Sobre a infância são infinitas as questões a serem estudadas, questões que não pude abordar devido a delimitação do assunto. Porém, espero que meu trabalho proporcione ao leitor uma curiosidade sobre o infantil e que dai possam surgir novas pesquisas que contemplem esse tema.

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