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Holocausto (definição

G) Seleção de objetos e imagens

I) Análise final do projeto e elaboração do relatório

3. Considerações Finais

Um dos grandes objectivos deste trabalho foi, de facto, construir um projeto museológico tendo em consideração a natureza religiosa, social, comunitária, espacial, financeira e cultural da instituição. E foi precisamente aqui que residiram os grandes problemas que pautaram este trabalho: a pouca liquidez financeira, os impedimentos inerentes a uma comunidade religiosa que se pauta pela ortodoxia, o reduzido número de associados da Comunidade, o espaço reduzido, etc.

Daí ter-se deixado de lado, desde o início deste projeto, um trabalho que se apresentasse como utópico ou dificilmente executável. O que aqui se propôs foi um projeto concreto, pensado, estudado, feito “à medida” para a Comunidade Israelita do Porto. Um projeto que pudesse ser integrado no edifício-sede da Comunidade – a Sinagoga – e que se localizasse nas áreas previamente reservadas para o efeito.

Apesar de o projeto não passar, para já, de uma proposta, estando a sua concretização dependente de uma série de factores totalmente alheios ao seu autor, a intenção do mesmo é que seja realmente concretizado. Daí se ter posto de lado elementos, cenários, expositores e materiais que dificultasse a sua concretização, embora tal fosse mais prestigiante, atual e dinâmico (à cabeça as TIC).

No futuro será necessário desenvolver um estudo aprofundado das coleções constantes na CIP, assim como estudos alargados de público de forma a traçar, com ainda mais clareza e exatidão científica, as necessidades e expectativas todos os grupos de visitantes possíveis.

Ao longo do amadurecimento da instituição dever-se-á repensar as exposições, assim como as estratégias de comunicação com os públicos (quer inseridas nas próprias exposições, quer no marketing e divulgação da própria instituição).

Pretende-se, também, no futuro, continuar o inventário, assim como o estudo aprofundado das coleções constantes na CIP. A aquisição de novas coleções também será uma mais-valia para a instituição e poderá, eventualmente, facilitar os objectivos e, consequentemente, a missão do MJBB. A conservação preventiva das coleções, apesar de no geral estarem salvaguardadas, deverá ser, no futuro, uma outra aposta da instituição, podendo esta cooperar com instituições ligadas, precisamente, à conservação e ao restauro.

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Embora o presente projeto não tenha incluído temas relacionados com a conservação das coleções, o desenvolvimento do marketing do museu e a concepção de formas de aumentar a acessibilidade dos conteúdos expostas a todos os grupos de eventuais visitantes (nomeadamente pessoas portadoras de deficiência) – por motivos de tempo e do número de páginas disponíveis para o presente trabalho –, no futuro, dever- se-á apostar nestas áreas. A realização de muitas destas propostas permitirão à instituição credenciar-se como Museu, podendo concorrer à Rede Portuguesa de Museus, o que lhe dará um novo fôlego e, sem dúvida, muita experiência como instituição gestora de património cultural.

Apesar de poder ter sido mais exaustiva do ponto de vista explicativo e do recurso a textos sagrados, evitou-se com esta exposição, explicar em demasia a complexidade dos rituais e tradições judaicos, por ter um carácter educativo dirigido, sobretudo, a alunos do básico e do secundário.

Assim, prestou-se mais atenção aos conteúdos que se pretendem transmitir aos diversos públicos visitantes e que contextualizarão toda a exposição, do que propriamente aos objetos e seu respectivo estudo (i.e. estudo de coleções), que devido à brevidade do tempo disponível e do tamanho máximo do trabalho, não foi possível desenvolver.

Ou seja, no fundo, pretende-se criar uma ferramenta a partir da qual a CIP poderá construir uma exposição pioneira.

Esta seria também a primeira exposição permanente a realizar-se numa Sinagoga ativa, o que constitui um trabalho pioneiro que tem de estar bem fundamentado do ponto de vista da ortodoxia judaica. Assim, além das recomendações de organismos ligados à museologia como o ICOM e o IMC, é preciso ter em atenção um conjunto de regras religiosas, além das contingências particulares da CIP, como comunidade, sendo importante ter sempre presente os Estatutos e as exigências/diretrizes da Direção e do Rabino.

Pretendeu-se, portanto, com este trabalho, fugir um pouco à normalidade e aos típicos trabalhos académicos que se limitam a enumerar os regulamentos museológicos. Aqui, será preciso lidar com a falta de recursos financeiros, a falta de recursos humanos, a falta de espaço disponível para as exposições e as particularidade de uma casa religiosa, onde apertadas regras religiosas imperam.

Seria também, no futuro, interessante assegurar parcerias com outras instituições culturais, religiosas, de ensino, etc., de forma a potencializar a ação da instituição.

89 Algumas dessas parcerias poderão passar pela Memoshoah24, por vários museus judaicos (ou mesmo a Associação do Museus Judaicos da Europa), por outras instituições museológicas na Cidade do Porto (quer municipais, quer estatais como museus, bibliotecas e arquivos), etc.

Como se referiu anteriormente, a exposição tem de estar assente na missão e objectivos já definidos e tendo em vista as necessidades e expectativas dos grupos visitantes. Assim, o objectivo fundamentalmente instrutor, educativo e informativo que se pretende alcançar não se coaduna com uma mera apresentação descontextualizada de objetos religiosos judaicos. Optou-se, portanto, por apresentar o mínimo de alfaias judaicas – suficientes para enquadrar as práticas religiosas da religião – ao invés de multiplicar os objetos levando à distração do objectivo educativo da exposição e consequente afastamento da missão e objectivos da instituição.

Desta forma, termina aqui este trabalho, na esperança de que ele possa ser melhorado e concretizado.

Hugo Miguel Sacramento Vaz

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Referências Bibliograficas