O presente trabalho permitiu ao professor estagiário, como interveniente durante o estudo, fazer uma reflexão sobre o modo como implementou as simulações computacionais nas suas aulas que ajudassem a melhorar o processo numa segunda intervenção. Permitiu também refletir sobre o seu percurso de aprendizagem ao longo do estágio.
Assim, e ao contrário do que pensava inicialmente, a implementação de um recurso deste género não é uma tarefa simples, principalmente quando este é manipulado pelos alunos. Para além de terem sempre a tentação de sair do percurso delineado pelo professor, constatei que o computador é uma ferramenta que envolve muito facilmente os alunos, fazendo com que se esqueçam do que se passa na sala de aula.
Relativamente aos recursos e estratégias utilizadas na sala de aula, penso que foram bastante enriquecedoras para os processos de ensino e de aprendizagem, na medida em que proporcionaram um maior interesse, dinamismo, participação e envolvimento dos alunos nas atividades propostas, ao mesmo tempo que estimularam a valorização e importância da aprendizagem das Ciências, mais em concreto o ensino da Física e da Química. Quanto aos questionários facultados no final de cada simulação, reconheço que foram fundamentais para a avaliação das aprendizagens e da relação que os alunos estabeleceram entre o saber, saber-ser e saber-estar nas atividades propostas. Por último, avaliando a minha posição enquanto professor estagiário, considero que evoluí positivamente na minha postura e na interação com os alunos, no sentido em que adquiri um conjunto de experiências que me permitiram promover uma pedagogia ativa, um clima propício de aula, um agradável relacionamento e cooperação com os alunos. Por outro lado, penso ter melhorado no modo de exploração dos conteúdos e questões-problema colocadas aos alunos, uma vez que, quando a exploração de um tema ou apresentação de uma questão-problema assumi mais o papel de participante e interveniente, averiguando as dúvidas e dificuldades dos alunos para os ajudar a reorganizar o seu conhecimento científico, de forma mais objetiva e eficiente, permitindo assim estimular aprendizagens por competências. Para tal, tentei valorizar os conhecimentos prévios dos alunos acerca dos conteúdos abordados, através da reflexão sobre a prática, corrigindo as falhas, esperando pelas respostas e explorando as
56
curiosidades, em cooperação e interação com os alunos, produzindo assim novos conhecimentos de modo mais significativo e motivador.
Em jeito de conclusão, admito que nem sempre foi possível concretizar as etapas delineadas, uma vez que tiveram de ser repensadas e/ou reajustadas face às dificuldades que iam surgindo ao longo do estágio. Por este motivo, o meu trabalho sofreu alguns “desvios”, tudo no sentido de promover atividades que abordassem os conteúdos de forma significativa e funcional, e que permitissem desenvolver competências, mas sobretudo melhorar os resultados de aprendizagem dos alunos.
57
7.Referências bibliográficas
Arantes, A. R.; Miranda, M. S.; Studart, N. (2010) – “Objetos de aprendizagem no
ensino de física: usando simulações do PhET”. Física na Escola, v. 11, n. 1.
Ausubel, D. P. (2003) – “Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva
cognitiva.” Tradução: Lígia Teopisto. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora
Interamericana, 242p.
Cachapuz, A.; Praia, J.; Jorge, M. (2004) – “Da Educação em Ciência às orientações
para o Ensino das Ciências: um repensar epistemológico.” Ciência & Educação,
v. 10, n. 3, p. 363-381.
Cardoso, S. O. O.; Dickman, A. G. (2012) – “Simulação computacional aliada à teoria
da aprendizagem significativa: uma ferramenta para ensino e aprendizagem do efeito fotoelétrico.” - Caderno Brasileiro de Ensino de Física v. 29, n. Especial 2,
p. 891-934.
Cohen, L.; Manion, L.; Morrison, K. e Wyse, D. (2010). “A guide to teaching practice” (revised 5th edition). London and New York: Routledge.
Coutinho, C.; Lisbôa, E. (2011) – “Sociedade da informação, do conhecimento e da
aprendizagem: desafios para educação no século XXI”, Revista de Educação,
Vol. XVIII, nº 1, 5-22.
Cunha, Ana Edite; Lopes, J. Bernardino; Cravino, J. Paulo; Santos, Carla A. (2012) –
Envolver os alunos na realização de trabalho experimental de forma produtiva: o caso de um professor experiente em busca de boas práticas – Revista Electrónica
de Ensañanza de las Ciências Vol.11, Nº3, 635-659.
Decreto de lei 6/2001. Acedido em março de 2013, disponível em:
http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=31&fileName=decreto_lei_6_2001.pdf
Direção Geral do Ensino Básico e Secundário, DGEBS (1993). “Objectivos gerais de
58
Duarte, Mª da Conceição (1999) – “Investigação em ensino das ciências: influências ao
nível dos manuais escolares” - Revista Portuguesa de Educação, 12(2), pp. 227-
248.
Eça, T. A. (1998) – “NetAprendizagem – A Internet na Educação”. Porto: Porto Editora. ISBN: 972-0-34048-7.
Fiolhais, C.; Trindade, J. (2003) – “Física no Computador: O Computador como uma
Ferramenta no Ensino e na Aprendizagem das Ciências Físicas” – Revista
Brasileira de Ensino de Física, vol.25, no. 3.
Fiolhais, C.; Trindade, J. (1997) – “Física para todos - Concepções erradas em
Mecânica e Estratégias Computacionais”. In A. Pires da Silva (Eds.), A Física no Ensino na Arte e na Engenharia, (pp. 195-202) Instituto Politécnico de Tomar,
Tomar (1999)
Fonseca, Susana C. M. (2006) – “Influencia de Gases Inertes no Equilíbrio Químico:
Nuances e Simulações Computacionais”. Dissertação de Mestrado - Faculdade de
Ciências da Universidade do Porto.
Haury, D. L. & Rillero, P. (1994). “Perspectives of hands-on science teaching”. North Central Regional Educational Laboratory's. Acedido em Março de 2013 em:
http://www.ncrel.org/sdrs/areas/issues/content/cntareas/science/eric/eric-toc.htm
Hofstein, A. and Lunetta, V. N. (2003) – “The laboratory in science education:
foundations for the twenty-first century”, Science Education - 88(1): 28–54.
Kenski, Vani M. (2005) – “Das salas de aula aos ambientes virtuais da aprendizagem” in Kenski, Vani M.: Educação e Tecnologias – O novo ritmo da informação, Papirus Editora. ISBN: 978-85-308-0828-0.
Livro Verde (1997) – Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal. Missão para a Sociedade da informação. Lisboa: Ministério da Ciência e
Tecnologia. Consultado a 07/01/2013 em:
59
Lindgren, Robb and Schwartz, Daniel L. (2009) - Spatial Learning and Computer
Simulations in Science, International Journal of Science Education, 31: 3, 419 –
438.
Lopes, J. B., (2004). Aprender a ensinar a Física. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. ISBN: 972-31-1054-7.
Lopes, J., Silva, A., Cravino, J., Viegas, C., Cunha, A., Saraiva, E., Branco, M., Pinto, A., Silva, A. E Santos, C. (2010): Investigação sobre a Mediação de professores
de Ciências Físicas em sala de aula. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro.
Martinho, Tânia; Pombo, Lúcia (2009) – “Potencialidades das TIC no ensino das
Ciências Naturais – um estudo de caso” – Revista Electrónica de Ensañanza de
las Ciências Vol. 8, nº2, pp 527-538.
Martins, A.; Fiolhais, C.; Paiva, J. (2003) – Simulações on-line no ensino da física e da
Química – Revista Brasileira de Informática na Educação, V.11, N.2.
Martins, I.; Costa, J.; Lopes, J.; Simões, M. O.; Simões, T.; Bello, A.; San-Bento, C.; Pina, E.; Caldeira, H. (2003) - Programa de Física e Química A para o 11º ano ou 12º ano, Ministério da Educação – Departamento do Ensino Secundário.
Medeiros, A.; Medeiros, C. (2002) – Possibilidades e Limitações das Simulações
Computacionais no Ensino da Física. Revista Brasileira de Ensino de Física,
vol.24, no.2.
Millar, Robin (2010) – “Practical Work”. In Osborne, J., & Dillon, J. (Eds.). Good practice in science teaching: What research has to say (2nd ed.). Maidenhead, UK: Open University Press.
Morais, Carla; Paiva, João (2007) – Simulação digital e atividades experimentais em
Físico-Químicas. Estudo piloto sobre o impacto do recurso “Ponto de fusão e ponto de ebulição” no 7ºano de escolaridade. Sísifo. Revista de Ciências da
60
Oliveira, F.; Nascimento, M. A.; Alberto, H. V.; Formosinho, S. (2011) – “Ensino das
Ciências Físico-Químicas: O Papel do Professor face à Diversidade Cultural dos Alunos” – Revista Portuguesa de Pedagogia. Extra Série, pp 337-346.
Paisana, M.; Lima, T. (2012) – “Sociedade em Rede. A Internet em Portugal 2012”. Publicações OberCom.
Pereira, Paulo; Paixão, Mª. Fátima (2004) – Reações de oxidação – redução no ensino
básico numa perspectiva CTS “História de vida de uma pilha” – III Seminário
Ibérico CTS no Ensino das Ciências - Perspectivas Ciências-Tecnologia- Sociedade na inovação da Educação em Ciência.
Perkins, K.; Loeblein, P.; Harlow (2008) – “Creating PhET Activities using Guided
Inquiry Strategies” Physics Education Technology Project. Consultado a
25/02/2013 em: http://phet.colorado.edu/en/for-teachers/activity-guide
PhET, Interactive Simulations. Consultado a 10/2012, em: http://phet.colorado.edu/.
Quivy, Raymond; Campenhoudt, Luc Van (2003) – Manual de Investigação em Ciências Sociais: Gradiva.
Raupp, D.; Serrano, A.; Martins, T. (2008) – “A evolução da química computacional e
sua contribuição para a educação em Química” Revista Liberato, Novo
Hamburgo, v.9, n. 12, p. 13-22.
Rossi, A. V.; Toretti, G. V. (2003) – “Bons Resultados são Possíveis no Difícil
Contexto: Ensino de Química, Informática e Escola Pública” - Revista Brasileira
de Informática na Educação – V.11 N. 1.
Rutten, Nico; Joolingen, Wouter R. van; Veen, Jan T. van der (2012) – “The learning
effects of computers simulations in science education” - Computers & Educations
58, pag. 136-153.
Santos, M. Conceição (1999) – “Trabalho Experimental na Aprendizagem em Ciência –
O Desenvolvimento de Competências Científicas de Técnicas Laboratoriais de Biologia”. Volume I - Dissertação de Mestrado - Universidade Nova de Lisboa –
61
Santos, F.; Greca, I. (2005) – “Promovendo aprendizagem de conceitos e de
representações pictóricas em Química com uma ferramenta de simulação computacional” - Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias Vol. 4 Nº 1.
Vieira, Mª A. N. (2005) – “Uma perspectiva crítica sobre as TIC num contexto
escolar”. Dissertação de Mestrado em Educação na área de especialização em
Sociologia da Educação e Políticas Educativas – Universidade do Minho. Disponível em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3276/1/Tese_Educacao_Sociedade_Informa cao_AV.pdf
Webb, Mary (2010) – “Technology-mediated learning”. In Osborne, J., & Dillon, J. (Eds.). Good practice in science teaching: What research has to say (2nd ed.). Maidenhead, UK: Open University Press.
Wieman, C.; Adams, W.; Loeblein, P.; Perkins, K. (s/d) – “Teaching physics using
PhET simulations”. Consultado a 25/02/2013 em:
62
63