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4 APROXIMAÇÕES ENTRE O NATURALISMO EPISTEMOLÓGICO DE DEWEY E

4.6 considerações finais

para uma velha forma de pensar, talvez estivesse demonstrando que o conhecimento estava diante de uma nova forma de interpretação da natureza.

Esse novo nome deu início a um método que sempre procurou a ação invés de discussões infindáveis. E Dewey (2011) argumenta ainda que esse domínio do homem sobre a natureza de forma pragmática que não vise discussões infindáveis, deveria se direcionar cada vez mais para a vida cotidiana e social. Com as mudanças na forma de conceber o natural, o mundo social também passou por modificações, surgiram cada vez mais novas tecnologias, o ser humano passou cada vez mais a dominar a natureza e rodar o mundo procurando conhecer cada vez.

Segundo Dewey (2011, p. 59), ―a mente humana acostumou-se à investigação e à descoberta, deleitou-se, curiosa e interessada, com as revelações do novo e do exótico, ao mesmo tempo em que o velho e o usual perdiam o encanto e atrativo‖. Assim, as descobertas da natureza contribuíram com o avanço do homem e o abandono de coisas conservadores em relação ao conhecimento.

Dewey se torna atual por demonstrar que esse desejo ainda não chegou ao fim, pois o homem cada vez se liga a natureza, cada vez está interessado pelas consequências de suas ações e descobertas.

4.6 considerações finais

Portanto, este capítulo procurou mostrar uma epistemologia de base naturalista, destacando alguns pensadores que argumentaram sobre esse método. Foi demonstrado também à compreensão de Dewey em relação à naturalização da epistemologia e sua crítica a maneira de conhecer conservador, sendo que esta maneira impossibilitava o homem de adentrar aos segredos da natureza.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi desenvolvida uma investigação a cerca do pensamento filosófico e epistemológico de John Dewey como objetivo de entender em que consiste seu conceito de experiência, sobretudo, as contribuições que este filósofo apresenta para uma epistemologia naturalizada. Em todos os escritos, o conceito de experiência de Dewey é responsável para o desenvolvimento do seu pensamento, nele está contido a sua compreensão de pragmatismo, do método instrumentalista e maneira como este pensador entende a sociedade e formação do cidadão em todos os âmbitos, desde a história às relações mútuas e contato com a natureza.

Dewey, ao se utilizar da ideia de experiência, desenvolveu uma teoria do conhecimento que ver na natureza o principal meio de se chegar ao conhecimento. Neste trabalho foi desenvolvido uma análise para compreender como a teoria de Dewey entende essa natureza como sendo a responsável pelo conhecimento, e foi possível constatar que Dewey apresenta uma epistemologia de base naturalista, onde a natureza se deixa conhecer e torna-se participativa das relações interações com todas as coisas.

A análise trouxe para o debate uma forma de se entender a epistemologia afastando-se do modelo tradicional de entendimento do conhecimento como sendo meramente abstrato. Com o conceito de experiência de Dewey, é possível destacar a importância que a experiência tem e o quanto ela contribui para a maneira como os seres desenvolve suas relações. A natureza abre uma conexão com o método experimental e faz com que se encerre uma barreira que impossibilitava o desenvolvimento da experiência para com a natureza. Dewey apresenta dessa maneira um conceito de experiência que torna possível a conexão da natureza com o método experimental, e faz isso demonstrando que existe barreira entre ciência e filosofia. Assim, a partir do conceito de experiência, Dewey tira a subjetividade da responsabilidade do conhecimento, e argumentou que a experiência não se erguia acima do particular e ficava presa as amarras da subjetividade porque os pensadores tradicionais estavam imersos em um racionalismo que não se abria para a noção de experiência.

Dewey desenvolveu uma articulação entre experiência e natureza partindo da ideia de seleção natural e do processo evolutivo desenvolvida no darwinismo. Ao se amparar nas ideias darwinistas Dewey argumentou que todos os corpos estão diante

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de um processo de adaptação ao meio ambiente e desse processo desenvolvem suas experiências, fazendo com que exista uma continuidade. Assim, a experiência não é mais subjetiva, mas está presente na natureza e em todos os corpos dentro de um processo de continuidade, fazendo com novas experiências surjam. O pensamento é responsável nesse espaço para refletir .as experiências e a continuidade delas. O conhecimento dessa maneira deixa de procurar uma justificação, passa a reconhecer a origem e todos os processos, cognitivos e históricos.

Com o pragmatismo foi possível perceber o processo evolutivo e a maneira como o conhecimento além de ter a experiência e natureza como base e fundamento, necessita de ação para que as conexões e atividades ocorram. Para os pragmatistas e principalmente para Dewey que motivou esta análise, a ação contribui para o desenvolvimento do conhecimento, as coisas só possuem caráter de verdade se forem capazes de desenvolver uma ação e dessa ação surgirem consequências práticas. Dessa forma, os pragmatistas defendem uma epistemologia da ação com a existência de consequências que sirvam para vida prática, pois o pragmatismo procura cada vez mais ligar a teoria a prática. Assim, a verdade no pragmatismo surgirá a partir das consequências práticas e ação é a energia que que torna possível o pragmatismo.

No primeiro capítulo foi feita uma investigação acerca do conceito de experiência de Dewey e como este critica a epistemologia tradicional, destacando a importância do conhecimento desenvolvido através do método experimental em conexão com a natureza. Neste capítulo foi possível adentrar também a importância dos tipos de experiência que Dewey apresenta em seu pensamento, a experiência primeira como sendo aquela responsável por mostrar como os seres recebem a partir do bruto o seu contato com a natureza, na experiência secundária acontece o processo de refinamento das experiências primeiras e posteriormente a organização dessas experiências.

Nesse processo o pensamento não perde seu valor, sendo, pois, o responsável pela reflexão do processo de experienciar e pelo desenvolvimento da continuidade das experiências. Neste capítulo foi possível também demonstrar a posição anticartesiana e antifundacionista de Dewey, destacando a sistematização de conhecimento que este filósofo faz partir da experiência tornando-a uma força

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necessária para se chegar a natureza e dela abstrair o que for necessário para manter um conhecimento contínuo que se renova a cada experiência.

No segundo capítulo foi feita uma abordagem com destaque para o pragmatismo e instrumentalismo de Dewey. Em relação ao pragmatismo foi feita uma análise acerca do processo evolutivo e quais os seus fundadores, destacando a caracterização que Dewey faz dessa corrente filosófica. Em Dewey, o pragmatismo é caracterizado a partir da ideia de experiência e de ação que esta experiência produz. Para ele, o pragmatismo que importa com os fenômenos consequentes que uma experiência e uma ação podem desenvolver. Assim, ele desenvolveu seu pragmatismo com vistas para as consequências futuras e não para os acontecimentos passados, e entende que o pragmatismo é uma teoria da verdade prática.

No terceiro capítulo a investigação foi direcionada para a compreensão entre o naturalismo epistemológico de Dewey e o naturalismo na atualidade. A epistemologia naturalizada tem sua fundamentação na própria natureza e se utiliza da experiência como apoio. Em Dewey foi possível compreender a importância do caráter científico para o conhecimento, pois, na epistemologia de cunho naturalista, o conhecimento existe a partir do método científico. A natureza é a responsável pela movimentação das coisas no mundo, e o método experimental está responsável para adentrar a natureza e mostrar como acontece essa movimentação das coisas.

Com isso, os principais desafios mostrados estão diante da renovação que o pragmatismo trouxe para a epistemologia e negação que este faz da filosofia racionalista; uma compreensão de como Dewey faz essa articulação entre experiência e natureza, demonstrando que não existe separação entre filosofia e ciência, e que a natureza não é estática e contribui para o desenvolvimento do conhecimento.

Nas respostas a esses desafios a pesquisa também desenvolveu uma investigação em relação ao método instrumentalista de Dewey, no qual é caracterizado como um estabelecimento de uma teoria lógica e precisa dos conceitos, dos juízos e das inferências em suas diversas formas em relação aos procedimentos de considerar como funciona o pensamento frente as consequências que surgidas no futuro. No instrumentalismo proposto por Dewey é necessário submeter os conceitos ao clivo das experiências, ao processo de experimentação. Assim, o instrumentalismo é um método importante para Dewey, pois este procurou

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a partir de um esforço continuo reconstruir a filosofia e modificar a lógica tradicional. com isso, a ideia de Dewey ao trabalhar o método instrumentalista traz como destaque que o pensamento terá que explicar sempre que consequências existentes nas implicações filosóficas para a vida humana.

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