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10. AVALIAÇÃO DO MODELO PROPOSTO

11.1 Considerações finais

Proporcionar segurança ao consumidor e contribuir para a satisfação de suas exigências, bem como proporcionar a todos os agentes da cadeia benefícios, tais como redução de perdas e de custos, são os principais resultados da gestão da qualidade em cadeias de produção agroalimentares.

O conceito de gestão da qualidade em cadeias de produção, tendo como ponto de partida a satisfação do consumidor final, não está suficientemente difundido e adotado na cadeia de produção de leite e derivados. São muitas as deficiências que demonstram a falta de qualidade do produto oferecido ao consumidor final, que vão do produtor rural até o ponto de venda.

Esse trabalho traz uma contribuição para a cadeia de produção de leite e derivados, na medida em que introduz conceitos de gestão e coordenação da qualidade em cadeias, por meio da proposição de um modelo de referência para a gestão da qualidade nesta cadeia específica.

A contribuição principal desse modelo encontra-se na coordenação entre os agentes, baseada numa concepção sistêmica da qualidade, em que, além de admitir a existência da gestão da qualidade sob o enfoque interno e individual de cada segmento, admite que há necessidade de coordenação da cadeia como um todo, orientada para a solução de problemas e ações de melhorias.

O modelo de referência proposto foi estruturado a partir da conceituação de coordenação da qualidade em cadeias de produção agroalimentares: “um conjunto de atividades planejadas e controladas por um agente coordenador, visando a aprimorar a gestão da qualidade na cadeia, por meio de um processo de transação das informações, contribuindo para a qualidade do produto final com redução de custos e de perdas em todas as etapas da cadeia” (TOLEDO et al., 2003).

A partir dessa conceituação para a coordenação da qualidade em cadeias de produção agroalimentares, foi possível identificar os principais pontos a serem considerados para o desenvolvimento e adequação do modelo:

1) Um dos princípios básicos e fundamentais para a implementação do modelo está na definição e no papel do agente coordenador. O agente coordenador, além de ter como função “auxiliar o gerenciamento da qualidade” na cadeia, a partir da coleta e distribuição de informações relativas à qualidade, também deve estimular a relação de cooperação entre os agentes da cadeia.

2) Gerenciar a qualidade da cadeia de produção implica em estabelecer um sistema de informação sobre os requisitos da qualidade de produto e da gestão da qualidade para todos os agentes da cadeia, com um objetivo comum a todos, que é a garantia da qualidade do produto ao consumidor final e a redução de perdas e desperdícios em todas as etapas da cadeia.

3) Desdobramento das atividades de coordenação da qualidade, bem como definição dos elementos a serem coordenados. As atividades de coordenação foram desdobradas a

partir dos módulos do modelo, denominados Estratégia da Qualidade, Planejamento da Qualidade, Controle da Qualidade e Aprimoramento da Qualidade. E os elementos a serem coordenados nos módulos são os requisitos da qualidade de produto e da gestão da qualidade, práticas de coordenação da qualidade, indicadores de desempenho, custos e benéficos, desvios da qualidade, bem como as suas causas, ações corretivas e ações de melhoria da qualidade.

Para a implementação do modelo, algumas recomendações apresentadas são: - Definição do agente coordenador anteriormente a adequação e implementação do modelo. O agente coordenador poderá ser um representante indicado pela própria cadeia, um grupo de representantes dos agentes da cadeia, uma empresa contratada para esse propósito, ou outra forma de coordenação que a cadeia considere a mais adequada.

- Definição dos agentes envolvidos na implementação do modelo (escopo da cadeia). A aplicação do modelo não necessariamente deverá envolver todas as etapas de produção da cadeia produtiva do leite. A definição da abrangência do modelo, na cadeia onde será implantado, deverá considerar os agentes prioritários, ou seja, os agentes que oferecerão impacto na característica-chave da qualidade a ser coordenada. Desta forma, é recomendado que primeiramente o modelo deva ser implementado em dois segmentos da cadeia, para que a partir de um estágio de maturidade, no qual os resultados atingidos pelo modelo são satisfatórios, outros segmentos da cadeia se interessem em participar;

- Capacitação dos agentes envolvidos. Para a implementação do modelo é necessário que os agentes envolvidos sejam capacitados por meio de treinamentos que abrangem as práticas de gestão da qualidade a serem adotadas, bem como os padrões de qualidade do produto que devem ser seguidos. Essa capacitação deve ser prevista no módulo de planejamento. - A implementação do modelo deve ser de forma contínua, ou seja, constantemente os requisitos devem ser revistos, a fim de traçar novas metas para que a cadeia possa ser mais competitiva.

A aplicação do modelo proposto vem ao encontro das necessidades dessa cadeia específica em melhorar a qualidade do produto final e reduzir perdas e custos nas etapas de produção da cadeia.

Por fim, ressalta-se o resultado da avaliação do modelo realizada por cinco profissionais que participam ativamente no contexto atual da cadeia do leite no Brasil. De uma forma geral, a avaliação demonstrou que o modelo é original, claro, adequado à realidade das cadeias produtivas de leite, adaptável às particularidades dessas cadeias, segue uma seqüência de atividades a serem executadas, contém informações necessárias para a coordenação da qualidade, e tem como propósito a melhoria e preservação da qualidade do produto e redução de custos e perdas nas etapas da cadeia produtiva do leite.

No entanto, algumas considerações levam à melhoria na aplicação do modelo proposto, entre as quais destaca-se a necessidade de demonstrar que a implementação do modelo não implica em altos investimentos, mas em benefícios a todos os agentes envolvidos.

Desta forma, pode-se concluir que o modelo conseguiu atingir o objetivo inicial proposto, que é de fomentar a coordenação da qualidade na cadeia de produção de leite e derivados, a partir de um instrumento de gerenciamento, contribuindo para a melhoria e preservação da qualidade do produto e redução de custos e perdas em todas as etapas da cadeia.