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Na atualidade intensificam-se as transformações na periferia metropolitana do Rio de Janeiro, motivadas pela reestruturação da metrópole fluminense diante do avanço do terciário, atendendo aos interesses da economia globalizada conjugando movimentos locais e globais.

Assim, valores, hábitos, padrões de coportamente e objetos, anteriormente restritos ao núcleo metropolitano, ultrapassam seus limites e capturam espaços próximos e distantes, reafirmando a força da metrópole. A expansão da mancha urbana e a reorganização produtiva do capitalismo alteraram as relações entre o centro-periferia, tornando - as mais complexas.

As mudanças, atualmente em curso, se distribuem desigualitariamente pelo espaço metropolitano do Rio de Janeiro, num processo dialético, integrando e/ou excluindo os diferentes lugares da metrópole ao circuito da produção, do consumo e dos serviços, dinamizando e alterando a arquitetura espacial dessa área.

Diante do exposto, a periferia metropolitana do Rio de Janeiro deixa, parcialmente, à retaguarda, a ideia de um lugar distante, carente de infraestrutura, homogeneidade social e

lócus de patologias sociais. Desse modo, essa fração do espaço desempenha novas funções

associadas aos equipamentos de consumo, às modernas formas de habitar e às dinâmicas industriais que coexistem com precárias condições de infraestrutura.

A expansão do terciário e as novas dinâmicas da indústria ditam novos ritmos ao processo de urbanização dessa área que ganha novos conteúdos sociais, políticos e econômicos alterando, dessa forma, a sua morfologia e o ambiente construído.

Nesse contexto, insere-se o município de Nova Iguaçu que apresentou, no decorrer do processo de produção social do espaço, distintas funções, atendendo aos interesses endógenos e exógenos. As transformações presentes na cidade devem ser compreendidas à luz da inserção da metrópole do Rio de Janeiro na rede global de cidades face à modernização do setor terciário e à reorientação da indústria.

A transição desse paradigma, na escala global, repercute na escala local diante da expansão desse setor, que impõe novos ritmos ao processo contraditório e desigual de urbanização da cidade.

Inicialmente, o sítio da cidade era Iguassú Velho, que se constituiu como um importante entreposto comercial e, posteriormente, exerceu o papel de cinturão agrícola face ao cultivo da cana-de-açúcar, do café, onde o processo de ocupação ocorreu às margens do rio Iguassú. Posteriormente, com a passagem da ferrovia ocorreu a transferência da sede política da Vila de Iguassú para Maxambomba intensificando, desse modo, as mudanças socioespaciais que ocorriam.

Com as riquezas oriundas da laranja, há a emergência de uma nova classe social, o desenvolvimento do comércio, da indústria e dos serviços secundários à industrialização: fabricação de caixas, transporte das frutas dos pomares aos barracões, acondicionamento das laranjas (PEREIRA, 1977). Emergia, então, uma nova sociedade com outros valores, hábitos e paradigmas onde, gradativamente, em substituição ao lavrador, surgiam os operários que ansiavam por dignidade e reivindicavam melhores condições de trabalho (BELL, 1973) nas pequenas fábricas e indústrias locais desse período.

Com o declínio da citricultura motivada, dentre outras, pela expansão da metrópole, as terras da cidade ganharam novos usos abrigando os segmentos de baixa renda e se constituindo como frente de expansão industrial (SOARES, 1962; PACHECO, 1984; ABREU, 1987) diante da explosão imobiliária, que fomentou vertiginosamente rupturas com a ordem anteriormente estabelecida.

Na atualidade, as atividades relacionadas à indústria e ao terciário indicam novos contornos e caminhos para a urbanização da cidade diante da chegada de novos sistemas de objetos e valores que imprimem suas marcas no espaço que a distinguem das sociedades precedentes - agrícola e industrial. Esse processo, no entanto, não ocorreu de imediato, sem conflitos e contradições, avanços e retrocessos, envolveu disputas no plano social, econômico, político e ideológico, onde estão presentes velhos e novos agentes.

Nesse período de transformações, de consolidação da sociedade urbana, é importante salientar que as mudanças, com ritmos distintos, ora mais lentas e ora mais velozes, não destroem e nem apagam completamente as relações e estruturas pré-existentes, posto que cada espaço apresenta dinâmicas e inércias próprias, que ora resistem e ora dialogam com a nova ordem estabelecida.

Decorrente disso, despontam, em Nova Iguaçu, modernos hábitos e valores, indicando a extensão do urbano que repercutem no tempo e no espaço introduzidos por uma pluralidade de novos agentes presentes no cotidiano da cidade. Assim, o espaço, em permanente transformação, complexo, produto das ações e relações construídas, destruídas e reconstruídas, se constitui como um campo de tensão, conflitos e embates envolvendo uma gama de agentes na sua produção social.

Palco de lutas entre os agentes diversos que disputam acirradamente a sua hegemonia, o espaço não deve ser compreendido como um receptáculo ou uma tela vazia a ser preenchida, pois exprime as relações sociais, mas reage também sobre elas (LEFEBVRE, 1999). Desse modo, esse deve ser entendido, num duplo processo, também como sujeito e ação no processo de (re) produção, carregado de contradições e significados.

A produção social do espaço envolve uma gama de agentes - Estado, grandes empresas industriais, promotores imobiliários, proprietários de solos rurais ou urbanos, instituições financeiras e sujeitos sociais - dotados de práticas, estratégias e intencionalidades distintas.

A multiplicidade de funções desempenhadas por esses agentes não é homogênea e nem se distribui igualitariamente pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro e, assim, diante da metropolização, novas áreas são capturadas e inseridas no circuito da produção e do consumo.

Como consequência da ação desigual desses agentes, que moldam e dão novos contornos ao espaço metropolitano, as áreas dotadas de infraestrutura e arborizadas, que

denotam uma urbanização de status (CÔRREA, 1989) são etiquetadas (HARVEY, 2006). Em

contrapartida, os espaços marginalizados, localizados nas proximidades de presídios, áreas industriais e favelas, por exemplo, perdem o seu valor.

O espaço, então, ganha novas nuances e atributos, o solo é (re) valorizado, o lugar redefine o seu conteúdo e se reposiciona na escala da metrópole, se moderniza, hierarquiza e se fragmenta em mosaicos que ora se integram e ora se excluem. Com efeito, os municípios de Seropédica, Paracambi, Queimados, Duque de Caxias, São Gonçalo e Nova Iguaçu, dentre outros, se constituem como lugares atrativos aos investimentos de ordem pública e/ou privada na implantação de condomínios logísticos, hotéis e apart-hotéis, shopping centers e universidades.

A disputa por esses investimentos intensifica a “guerra dos lugares” (SANTOS, 2002) entre os diversos municípios da área metropolitana do Rio de Janeiro. Assim, a metropolização se expande e os lugares da metrópole exercem funções que se distinguem do período precedente - abrigar instalações industriais e os segmentos de baixa renda. Nos dias atuais, esses lugares selecionados ganham autonomia, exercem influência sobre o seu entorno e deixam, parcialmente, à retaguarda a ideia de subespaços subordinados à metrópole.

No caso específico de Nova Iguaçu, há uma autonomia com relação ao núcleo metropolitano explicada pela presença de um centro de negócios e serviços pujante e dinâmico. Esse aspecto reforça a centralidade da cidade no espaço metropolitano quando comparada aos municípios do seu entorno reproduzindo as relações e os arranjos socioespaciais presentes na estrutura da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

As mudanças presentes na cidade resultam da intervenção dos agentes, isolada e/ou em conjunto, em imbricadas relações, legais ou ilegais, não são igualitárias e geram distorções expostas e materializadas no ambiente construído. A intervenção do Estado, desse modo,

carregada de contradições e ideologias, atende aos interesses das classes sociais hegemônicas, embora o discurso dominante seja o da igualdade e neutralidade. Essa ação desigual inaugura, desse modo, a destruição do espaço social (GOTTDIENER, 2010).

No processo de renovação física e (re) valorização do espaço através de ações -implantação de infraestrutura e de equipamentos de uso coletivo - e regulamentações que normatizam o espaço, acirram-se os conflitos e/ou alianças entre os demais agentes e o Estado, que não perde a sua centralidade política atuando em todas as instâncias do território.

No processo de produção social do espaço, os proprietários fundiários estão interessados na incorporação de suas terras pela metrópole incrementando a urbanização. Em Nova Iguaçu, esse processo ganhou força no pós-guerra com a “febre imobiliária” (ABREU, 1987) que converteu grandes extensões de terras em loteamentos urbanos destinados aos segmentos de baixa renda e à indústria (PACHECO, 1984).

Diante do exposto, grandes extensões de terras ociosas que, anteriormente, sofreram um processo de esterilização, são, na atualidade, consumidas por novos investimentos industriais, locais e globais, que ditam, juntamente com as atividades terciárias, as dinâmicas do atual processo de urbanização do espaço metropolitano e da cidade de Nova Iguaçu. As terras ganham novos usos abrigando modernas indústrias do setor de cosméticos, por exemplo, que destinam sua produção para o mercado externo e interno se articulando em redes com outras cidades e impulsionando o surgimento de novos serviços.

O capital imobiliário também se constitui como um agente importante na produção social do espaço em Nova Iguaçu, apropriando-se de diferentes frações do território, incorporando, construindo e comercializando imóveis destinados aos diferentes estratos de renda. Do ponto de vista espacial, a ação de grandes e médias construtoras - Gafisa, RJZ/Cyrella, Klabin Segall e Visione Engenharia - se concentra espacialmente no trecho inicial da Estrada Abílio Augusto Távora, lócus das residências da classe média local, de amenidades naturais, da oferta de serviços qualificados e da proximidade do Centro.

A construção de modernas formas arquitetônicas, que se destacam na escala local e são destinadas a um grupo seleto da cidade, promove o uso “estetizado do solo urbano” (SCOTT, 2012) suprimindo do espaço parte da memória urbana - os bangalôs e casarões que datam do período da citricultura. Salientamos, no entanto, que o discurso dos moradores exprime as contradições presentes no espaço, pois moram “(...) em condomínios de luxo, diferentes das casas do bairro. Mas sempre falta água, as ruas são cheias de buracos, o trânsito é muito ruim e quando chove alaga todo o condomínio. Era melhor morar em Vila de Cava”.

Às grandes construtoras se somam as pequenas empresas, oriundas do período da citricultura, que atuam na produção do espaço nas áreas mais distantes do Centro da cidade, construindo imóveis destinados aos estratos de baixo poder aquisitivo, principalmente, no trecho final da Estrada Abílio Augusto Távora no trecho posterior ao bairro de Cabuçu. Os elevados índices de violência, a carência de infraestrutura - saneamento básico, iluminação e pavimentação, a distância da Área Central e os engarrafamentos justificam o desinteresse das grandes construtoras por essa área.

No processo de extensão da metrópole, as indústrias desempenham um papel fundamental consumindo grandes porções de terra, articulando e conectando difentes escalas - local, regional, nacional e global. A implantação de novas plantas industriais nos diferentes lugares da metrópole resulta de um conjunto de fatores atrativos ofertados: terras amplas, planas e baratas, fuga de congestionamentos, redução de imposto, isenção fiscal, infraestrutura e de telecomunicações. Mas, como já foi dito anteriormente, a implantação de novas unidades industriais, gera novas oportunidades de emprego e movimenta o comércio local. Em contrapartida, a chegada dessas indústrias ocasiona a falta d`água em diversos bairros e o aumento no consumo de energia elétrica.

Em Nova Iguaçu, a industrialização está associada ao desenvolvimento da citricultura no primeiro quartel do século XX e se constituiu como indutora dos processos vinculados ao desenvolvimento da realidade urbana (LEFEBVRE, 2001). No período supracitado, despontou uma frente industrial na cidade que provocou, à época, a expansão do mercado de trabalho “(...) com novas categorias de operários que não mais se limitavam à faina dos pomares” (PEREIRA, 1977, p. 140).

Nesse período de transição, foram implantados na cidade cinemas, teatros, cafés e indústrias destruindo relações tecidas anteriormente e criando outras. A sociedade e a vida urbana penetravam, então, na cidade que emergia do campo (LEFEBVRE, 2001) e, como consequência surgem novas contradições. Coexistem, então, em relações de conflitos e embates diferentes paradigmas da sociedade, posto que em cada período há acúmulos de tempos sociais e coexistências.

Nos anos de 1970, a industrialização em Nova Iguaçu ganha novo impulso com a implantação de unidades industriais, principalmente, a indústria de transformação com destaque para os seguintes ramos: químico, produtos alimentares, metalúrgica e material de transportes (RODRIGUES, 2006).

Diante do processo de redemocratização, há, nos anos de 1990 e 2000, um renascimento dos movimentos emancipatórios na Baixada Fluminense com a independência

política dos municípios de Belford Roxo (1990), Queimados (1990), Japeri (1991) e Mesquita (2001) acarretando a perda de receitas e a desindustrialização relativa, posto que os municípios de Queimados e Belford Roxo concentravam o parque industrial de Nova Iguaçu.

A fragmentação territorial alterou a relação de forças e de poder na escala regional e local, diante do surgimento de novos municípios, modificando as engrenagens que conectavam novos líderes com projetos políticos distintos acentuando “(...) a exclusão e a não integração dos não competitivos” (ALVES, 2003, p. 175) .

Em consonância com as transformações políticas, há uma reorientação econômica com o intuito de atrair novas indústrias, promover o avanço do setor de serviços “(...) espécie de caixa negra” (DOMINGUES, 1994, p. 78) da economia e reafirmar o papel histórico do município de polo comercial e importante centro logístico e industrial. Essas atividades se constituem, então, como fios condutores do atual processo de urbanização da cidade.

Os novos contornos econômicos trazem uma nova realidade urbana e implica a produção de um espaço novo que possa abrigar, atender às necessidades e às exigências das grandes empresas cujas sedes estão localizadas, quase sempre, no núcleo metropolitano. A terciarização da economia ganha destaque na economia urbana redefinindo os conteúdos dos lugares, hieraquizando-os e engendrando uma nova configuração na escala da metrópole fluminense.

Na escala local, as transformações, que envolvem os movimentos local e global, nos remetem aos anos de 1970 diante da heterogeneização social e se intensificam a partir dos anos 2000 apresentando dois momentos distintos. Inicialmente, com forte intervenção do capital imobiliário temos um boom imobiliário diante da construção de clubes-condomínios atendendo aos desejos da classe média iguaçuana.

Após os anos de 2010, com a expansão do terciário, intensificam-se as transformações, quantitativa e qualitativa, materializadas na cidade e temos a construção de modernos edifícios comerciais que se destacam na paisagem da cidade e acolhem em seu interior um mix de serviços prestados às empresas e à sociedade local e também aos municípios do seu entorno, reforçando a centralidade iguaçuana.

Com efeito, há uma relação de proximidade entre esse setor e o atual processo de urbanização em Nova Iguaçu, pois o crescimento das atividades associadas ao setor industrial e de serviços causa impacto nas transformações socioespacias com a criação de um espaço racional, produzido intencionalmente.

A expansão do terciário e a implantação de novas indústrias, em diferentes frações do território, repercutem do ponto de vista espacial, se apropriando dos “territórios adormecidos”

(ROBIRA, 2005) e alterando a morfologia da cidade. O município, então, se constitui, a partir dos anos de 2000, como um importante polo de cosméticos e perfumaria, escoando parte de sua produção para o mercado europeu e para outras áreas do país, principalmente, a Região Nordeste.

Esse setor industrial movimenta a economia local através da realização de feiras e eventos realizados em Nova Iguaçu e também em espaços de convenções na Área Central do Rio de Janeiro atraindo consumidores de diversas regiões do país e do Estado. O crescimento desse setor promove impactos qualitativos no espaço da cidade através da chegada de apart-hotéis e, também, de apart-hotéis que atuam em redes na escala mundial. A construção desses na periferia metropolitana fluminense é um dado, parcialmente, novo nessa fração do espaço, pois a rede hoteleira historicamente sempre esteve concentrada no núcleo da metrópole.

A expansão do setor hoteleiro nessa área se relaciona ao crescimento do consumo, às implantação de novas indústrias e também devido às carências de pousadas, hotéis e apart-hotéis que possam abrigar representantes de empresas exógenas e prestadores de serviços às indústrias de Nova Iguaçu e do seu entorno.

A presença desses empreendimentos articula aos hotéis uma pluralidade de serviços - locação de automóveis, bares, restaurantes e altera a ordem cotidiana diante de novos agentes e práticas do urbano que indicam outros usos para a fruição do tempo e do espaço, apropriados pela lógica do consumo. Esses agentes circulam pela cidade e se distinguem pela forma como se expressam, lugares que frequentam, pelo que consomem, a vestimenta, pelos veículos nos quais circulam, quase sempre lentamente pelas ruas apertadas do Centro da cidade ou a pé com seus passos acelerados.

O crescimento de atividades associadas ao consumo, legal ou ilegal, elitista ou popular, estimula novos processos e nos permite compreender as dinâmicas de produção e reprodução social do espaço urbano através da construção de formas arquitetônicas modernas que embelezam, seduzem e reorganizam os espaços da cidade.

O período posterior aos anos de 1990 indica a expansão dos shopping centers para municípios selecionados da periferia metropolitana, sinalizando a transição, parcial, do espaço da moradia dos segmentos de baixa renda e da indústria para o espaço do consumo, explicado,

também, pela heterogeneização social (FURLANETTO et alii, 1987) indicando uma

redescoberta desta área pelo capital.

O estímulo ao consumo, no entanto, ocorre num espaço onde imperam as contradições. De um lado, temos a pobreza, as precárias condições de vida e de trabalho de boa parte da população local excluídas dos seus direitos à cidade que pressupõe a superar as

desigualdades materializadas na cidade (SEABRA, 2014). Por outro lado, os ambientes purificados com seus corredores iluminados e suas vitrines sedutoras atraindo uma gama de consumidores, sempre ansiosos por novidades. Esses ambientes coexistem com bares, vendinhas, pequenos restaurantes e lanchonetes que estão presentes nas ruas empoeiradas e violentas dinamizando a economia, colorindo, enchendo de som e movimento as ruas dos bairros do município. A cidade, então, reafirma sua força e se constitui como um espaço de sociabilidade.

Em concomitância à urbanização urbanizada, coexistem vastas frações do espaço em que a urbanização, processo ininterrupto, não se concretizou em sua plenitudade. Esse processo se singulariza pela presença do urbano que conjuga em seu interior estruturas do tempo passado e do tempo presente, que projeta a cidade para o futuro mas também que se constitui como um entrave ao seu desenvolvimento.

Coexistem, então, no mesmo espaço, num processo dialético, diferentes tipos de urbanização resultantes da expansão da cidade que, no passado, se constituía, linearmente, de duas ruas que acompanhavam os trilhos da ferrovia. Na atualidade, a urbanização se estende, guiada por uma pluralidade de agentes, para além dos limites da cidade e captura territórios ainda não completamente urbanizados e sinalizam para uma nova realidade urbana nesses lugares.

Assim, emergem novas questões, as quais tradicionais concepções associadas à urbanização não apreendem mais as transformações em curso desse processo. Elencamos, dessa forma, questões que podem ainda ser aprofundadas em novos estudos: a inauguração da Cidade da Moda com a presença de empresários da região serrana do Rio de Janeiro - Nova Friburgo e Teresópolis e trabalhadores bolivianos oriundos do bairro do Brás em São Paulo, o enriquecimento de famílias por conta dos loteamentos e que, atualmente, realizam suas atividades na Região dos Lagos do Rio de Janeiro e em outras frações do espaço metropolitano fluminense.

Para além dessas, mencionamos a desconcentração de lojas renomadas de grife na escala local -Toulon, South, Cacau Show e Boticário e das atividades bancárias, localizadas anteriormente na Área Central de Nova Iguaçu, para os bairros de Austin e Comendador Soares, bairros que se constituem como subcentros e concentram pequenas indústrias e um comércio popular bastante dinâmico. Essas atividades nos remetem às famílias associadas também à citricultura, dando origem a empresários locais que, num processo de ascensão social, se deslocam desses bairros para os novos condomínios localizados nos bairros da elite local.

Processo semelhante ocorre também na Posse, Miguel Couto e Vila de Cava levando à

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