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Grupo IV – composto de 10 sujeitos nos quais foi indicada a utilização de lacebacks passivos no arco dentário inferior A idade média deste grupo foi de

6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento da movimentação dentária é imprescindível para o controle eficiente da biomecânica durante a fase de nivelamento e primordial para o alcance das metas estabelecidas para o tratamento ortodôntico.

De acordo com o planejamento dos movimentos dentários, devemos selecionar a prescrição dos bráquetes, escolher a seqüência de arcos e estabelecer a necessidade de ancoragem. A combinação racional destes diversos fatores pode otimizar a consecução do tratamento ortodôntico, permitindo que os objetivos estabelecidos sejam alcançados com menos complicações e em menor tempo.

Para isso, no entanto, é extremamente importante que o profissional conheça e domine as propriedades dos diferentes recursos ortodônticos disponíveis.

Dentro deste contexto, julgamos que a presente investigação trouxe importante contribuição para uma melhor compreensão dos efeitos dos lacebacks na biomecânica do tratamento ortodôntico.

Vimos que os lacebacks ativos contribuíram positivamente na retração inicial dos caninos, proporcionando espaço para o nivelamento dos incisivos, e que também foram eficientes no controle do movimento ântero-posterior dos incisivos. No entanto, contribuíram decisivamente para a perda de ancoragem dos molares, vencendo, inclusive, a resistência oferecida pelos acessórios de ancoragem utilizados (AEB e arco lingual).

A dificuldade em se controlar a quantidade de força aplicada e a grande variação do nível de força gerado entre diferentes operadores foram descritas como as maiores desvantagens do método.

Com os lacebacks passivos também foi possível controlar o movimento dos

caninos e dos incisivos, sem, no entanto, sobrecarregar o sistema de ancoragem. Em alguns casos, ainda, dado o estreito limite entre a sua instalação ativa ou passiva, observou-se alguma retração dos caninos.

Na verdade, o que julgávamos ser a ação passiva dos lacebacks, clinicamente, mostrou-se suficiente para ativar a retração dos caninos, sem, no entanto, interferir na ancoragem.

Portanto, nossos resultados sugerem que é preciso cautela na utilização dos lacebacks, pois são fatores potenciais de desestabilização da ancoragem. Acreditamos que a experiência e a destreza do operador são fundamentais para o uso benéfico destes dispositivos.

Outra importante contribuição que pôde ser extraída deste trabalho é o eficiente controle biomecânico da movimentação dentária que a seqüência de fios de aço inoxidável utilizada proporcionou. O torque passivo na região dos incisivos inferiores permitiu um controle adequado da movimentação vestíbulo-lingual desses dentes, sem afetar as unidades de ancoragem.

Estes resultados levam-nos a aceitar que a movimentação dos dentes com os fios de aço inoxidável pode ser melhor controlada, permitindo ao profissional capacitado aplicações de forças com uma distribuição mais equilibrada nos setores posterior e anterior e, conseqüentemente, um melhor controle da ancoragem. Assim, é possível controlar seletivamente os movimentos dentários durante o tratamento ortodôntico, aumentando também a eficiência dos acessórios de ancoragem.

Por outro lado, ficou evidenciado, em estudos anteriores, que as ancoragens recíprocas que surgem com a interação dos fios termoativados, especialmente os retangulares (torque neutro), com os torques dos bráquetes pré- ajustados, principalmente dos dentes anteriores, tornam-se fatores de perda de ancoragem. Em contrapartida, a utilização dos arcos termoativados pode ser mais simples e cômoda, reduzindo o tempo de atendimento e facilitando a perda de ancoragem quando necessário.

Portanto, julgamos que não exista uma forma de tratamento única e ideal. Pudemos perceber que as variações biomecânicas estudadas apresentam, todas elas, vantagens e desvantagens que devem ser conhecidas e ponderadas pelo ortodontista no planejamento do caso. Conforme exposto, acreditamos que o

ortodontista não deva generalizar a seqüência de arcos mas sim, selecionar a melhor opção de acordo com as necessidades de cada paciente.

A exuberância da diversidade biológica sempre exigirá do ortodontista uma postura voltada para a individualização do tratamento ortodôntico, em todos os seus detalhes.

Estamos convictos de que o mérito do bom ortodontista não está apenas em vincular sua conduta a um método padronizado e confiável, mas principalmente em explorar as vantagens e controlar os efeitos colaterais das diversas biomecânicas empregadas, procurando endereçar a melhor proposta de tratamento às necessidades de seus pacientes. Desta maneira, estará exercendo uma Ortodontia, de fato, moderna.

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A análise e a discussão dos resultados obtidos no presente trabalho permitiram, em relação os efeitos dos lacebacks na biomecânica ortodôntica utilizada, elaborar as seguintes conclusões:

7.1 A utilização do laceback ativo promoveu uma perda de ancoragem estatisticamente significante do primeiro molar superior ao nível coronário, enquanto o laceback passivo não influenciou a estabilidade deste dente. Em ambos os grupos, o primeiro molar superior permaneceu estável no sentido vertical e não apresentou diferença na rotação do longo eixo. A perda de ancoragem verificada caracterizou diferencialmente os dois sistemas de força utilizados.

7.2 A associação dos lacebacks, tanto o ativo como o passivo, com a biomecânica adotada proporcionou um movimento posterior estatisticamente significante do incisivo central superior. Com a utilização do laceback ativo, a coroa e a raiz lingualizaram-se, mantendo inalterada a inclinação inicial de seu longo eixo. Com o laceback passivo, somente a coroa movimentou-se para lingual, levando a uma rotação horária deste dente. Apenas o movimento de extrusão observado no grupo que utilizou o laceback ativo caracterizou diferencialmente os grupos testados.

7.3 O emprego do laceback ativo levou à mesialização estatisticamente significante da coroa e da raiz do primeiro molar inferior, sem alterar, portanto, a inclinação de seu longo eixo. No grupo que utilizou o laceback passivo, foi detectada apenas uma mesialização radicular, o que contribuiu para uma rotação anti-horária do primeiro molar inferior. Nas duas situações avaliadas, houve extrusão deste dente. A perda de ancoragem coronária verificada caracterizou diferencialmente os grupos estudados.

7.4 A posição do incisivo central inferior não foi afetada, em nenhuma direção, pelas biomecânicas estudadas. Da mesma forma, não houve características diferenciais entre os grupos.

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