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De acordo com os achados desse estudo, concluiu-se que as pessoas que apresentaram maiores índices de absenteísmo foram aquelas com piores escores de atividade física e satisfação no trabalho, e aquelas que apresentaram menores índices de afastamento do trabalho foram as que tiveram melhores escores de atividade física e satisfação no trabalho. Verificou- se então uma relação direta entre atividade física e satisfação no trabalho, e uma relação inversa entre atividade física e absenteísmo e entre satisfação no trabalho e absenteísmo.

Apesar de o estudo não ter pretendido identificar todas as variáveis para investigar os motivos que levaram aos afastamentos, é oportuno destacar que o controle do absenteísmo é considerado uma tarefa difícil, assim acredita-se que a satisfação no trabalho pode ser um dos fatores importantes para reduzir seus índices. Constatou-se que os índices de absenteísmo-doença entre os trabalhadores administrativos da instituição estudada apresentaram-se moderadamente elevados, indicando a necessidade de estudos mais profundos e que considerem variáveis capazes de modificar e melhorar o fenômeno desse universo de trabalho.

Os riscos para a saúde relacionados ao tipo de atividades dos funcionários administrativos dependem muito das condições em que o trabalho é desempenhado. A maneira individual de realizar uma tarefa, variáveis psicossociais como insatisfação no trabalho, movimentos repetitivos, posturas incorretas e estáticas são descritas como fatores de risco. Posturas inadequadas produzem tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema musculoesquelético.

Com base nos prontuários dos trabalhadores, constatou-se que as doenças do sistema osteomuscular e as psíquicas foram as causas mais frequentes das licenças analisadas nesta categoria estudada no ambiente laboral. De acordo com os resultados apontados na pesquisa, pode-se ressaltar que os mesmos geraram subsídios para a administração do serviço

de saúde do servidor, no sentido de contribuir para a prevenção de riscos no trabalho com ginástica laboral, e promoção da saúde com incentivo aos exercícios físicos.

A título de reflexão e para ilustrar melhorias potenciais de satisfação no trabalho, e por consequência, da saúde do trabalhador, o exemplo aqui sugerido serve para enfatizar que a implantação de um programa de atividade física pode vir a constituir uma das estratégias para a promoção da satisfação no trabalho e da saúde do trabalhador.

Fundamentados em tudo que encontrou-se na literatura pode-se concluir que quando não existe satisfação, favorece-se o adoecimento, porque o ambiente de trabalho é onde passamos uma grande parte do tempo e deve ser um lugar de prazer e satisfação e não de sofrimento. Enfim, o trabalho nunca será indiferente à saúde – ou ele contribui para a promoção da saúde ou para sua deterioração.

Também é preciso destacar – e isso foi descrito por diversos autores – como se pode ler no corpo deste trabalho, que a atividade física contribui para a satisfação como um dos fatores, mas tem-se consciência de que existe uma complexa rede de relações entre diversos outros fatores, o que torna essa busca, um espaço de luta constante.

Embora a pesquisa não tenha sido mais aprofundada, reconhece-se que a prática da atividade física na população estudada tem importância significativa em relação à satisfação e ao absenteísmo. Se as pessoas não estão satisfeitas no trabalho, então querem ficar longe dele.

Ao mapear os resultados encontrados, identificou-se a necessidade de estudos mais investigativos, que possam ampliar o espaço de diálogo entre empregador e trabalhador para a construção coletiva de projetos e ações na instituição.

Se a correria do dia-a-dia, algumas vezes, impede o trabalhador de praticar uma atividade física, por mais simples que seja, por si mesmo, levando-o à insatisfação, doenças e afastamentos, entende-se que a instituição deva promover oportunidades de prática de atividade física, dividindo-os em

grupos, de forma que essa atividade não afete a rotina de trabalho, e contribua para a motivação de seus funcionários. Há que se investir na disponibilidade de um espaço, na aquisição de equipamentos básicos que permitam a realização de atividades moderadas.

Acredita-se que os resultados alcançados neste trabalho possam servir de subsídio a uma iniciativa desse gênero, no âmbito da Universidade Federal do Triângulo Mine iro, para diminuir o sedentarismo, em busca de melhores níveis de saúde, menos afastamentos, e, consequentemente, maior satisfação e maior produtividade.

Dentre os benefícios, podemos enumerar, em relação aos funcionários e à instituição, respectivamente, gerenciamento do estresse, promoção geral da saúde e bem-estar, melhoria do relacionamento interpessoal; aumento da produtividade, diminuição de ausências e acidentes e redução das despesas médicas.

Referidos resultados, no âmbito da UFTM poderão ser usados para que a instituição:

. Crie mecanismos de estímulo à aderência da atividade física entre seus

funcionários;

. Permita e incentive a troca de experiências pessoais positivas

relacionadas à prática da atividade física;

. Invista em programas de atividade física para seus servidores, como

prevenção para diversos problemas decorrentes da vida sedentária.

É interessante notar que atualmente as pessoas estão valorizando mais que um bom salário para decidir sobre a empresa onde querem trabalhar (principalmente aquelas que, devido ao talento, podem às vezes ser disputadas por várias empresas) e que elas valorizam o tempo livre (para elas não existe só o trabalho), mesmo que não tenham família.

Nota-se que a valorizações de questões como: bom ambiente de trabalho, programas de promoção à saúde (por exemplo: exercícios físicos, ginástica laboral), como citadas no estudo, são diretamente ligadas à qualidade

de vida. Isto pode fazer com que as empresas voltem uma especial atenção a essas questões, oferecendo um melhor ambiente de trabalho para todos os trabalhadores e desenvolvendo programas eficazes (e não apenas superficiais) de promoção à saúde, tendo como resultado a diminuição do absenteísmo e um significante diferencial competitivo para a instituição, pela importância dada ao tema “qualidade de vida no trabalho.”

A análise dos indicadores utilizados nesse estudo permite conclusões úteis para se propor uma ação gerencial voltada à melhoria da gestão de pessoas dentro da instituição pesquisada. É importante destacar, que, por mais que se tenha buscado estudos de diversos autores e que a pesquisa in loco tenha sido atenta e organizada, sabe-se que é difícil desvendar toda a psicodinâmica motivacional e que o comportamento humano é imprevisível, molda e é moldado pelos instintos, pelos hábitos, pelo oportunismo, pela racionalidade, entre outros e, por isso, não pode ser esgotado em um único enfoque.

Os resultados encontrados forneceram informações valiosas que revelaram aspectos em relação à satisfação no trabalho e ao absenteísmo, dados estes que até então eram desconhecidos, e que possibilitarão um estudo mais abrangente futuramente, visando uma melhoria no clima organizacional.

Uma vez que a pesquisa aqui relatada, contemplou como população apenas um dos setores funcionais dentro da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, as conclusões apuradas não podem ser estendidas à totalidade dos funcionários, de modo que se recomenda a realização de uma nova pesquisa que contemple essa totalidade e que, assim, possibilite obter um resultado mais amplo, para utilização prática como subsídio para a melhoria da gestão organizacional.

BIBLIOGRAFIA

ATIVIDADE FÍSICA, SATISFAÇÃO NO TRABALHO E

ABSENTEÍSMO EM CONTEXTOS ORGANIZACIONAIS

Estudo da influência da atividade física na satisfação do

trabalho e no absenteísmo em funcionários públicos

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