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Capítulo 7 – Conclusões

7.1. Considerações finais

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O desenvolvimento desta tese foi suportado por três estudos que conjuntamente pretenderam inferir sobre a solidez do sistema bancário da OCDE, dando resposta a diferentes questões de investigação que contemplavam um fio condutor comum, a identificação do impacto exercido: (iG pelas características dos bancos da amostra, (iiG por aspectos macroeconómicos, (iiiG pela regulamentação e supervisão vigentes em cada país e (ivG pela orientação dos sistemas financeiros dos países em que os bancos operam nas três dimensões em análise. Estas dimensões respeitam à probabilidade de ocorrência de crises bancárias, ao nível de endividamento e à proporção de incumprimento no crédito concedido. Adicionalmente, no caso das crises bancárias, considerou-se ainda o efeito de contágio entre crises.

O trabalho realizado foi motivado pela necessidade de resposta às novas exigências que decorrem da evolução da literatura financeira sobre o endividamento dos bancos, à relevância e urgência na compreensão dos determinantes que incrementam a probabilidade de ocorrência de crises bancárias e à ascensão das preocupações com o volume de crédito vencido. Estes temas surgem geralmente individualizados, contudo, a desaceleração da economia mundial em 2008, com origem no sector bancário, conduziu à pertinência do seu estudo conjunto, com vista à análise da solidez bancária de um modo mais alargado e completo, em detrimento da identificação de uma só medida de solidez.

A abordagem à temática em estudo envolveu, também, a realização de diversos testes de robustez para confirmação dos resultados obtidos, ou para identificação da direcção da influência exercida pelas variáveis explicativas sobre a variável de interesse quando alguns dos parâmetros se alteram face às estimações originais. Estas alterações ocorrem ao nível dos painéis de dados (variações na amostraG, do uso de diferentes medidas para uma mesma variável dependente e da estimação de diferentes modelos econométricos, ou da estimação dos mesmos com recurso a diferentes métodos de estimação.

Pretendeu-se que a individualização das componentes específicas de cada estudo, após a apresentação de uma base comum (revisão da literatura, descrição dos dados e metodologiaG, potenciasse uma melhor análise de cada temática, sem se perder o fio condutor entre os três estudos e garantindo a sequência do trabalho, que parte de uma abordagem macroeconómica, até a um nível de estudo mais microeconómico, de modo a evidenciar a sua complementaridade.

No horizonte temporal considerado na tese observaram-se 85 crises bancárias, ocorrendo a maior concentração destes eventos nos anos 2008 e 2009, com 18 dos 33 países da amostra nesta situação.

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Percepcionou-se, ainda, que as crises são registadas simultaneamente, ou em horizontes temporais muito próximos, em países contíguos. O Norte da Europa foi a região com maior número de episódios de crise bancária, no período em estudo, sendo a Suécia (Norte da EuropaG e a Hungria (considerada na Europa OrientalG os países com maior registo destas crises.

Em termos de duração de cada crise, apurou-se um total de 5 anos consecutivos observados na Finlândia, Suécia e Hungria de 1991 a 1995; na República Checa de 1996 a 2000; na Eslováquia de 1998 a 2002; e no Japão de 1997 a 2001.

Na vertente microeconómica observou-se um endividamento médio dos bancos na ordem dos 11%, com um mínimo inferior a 1% e um máximo na ordem dos 94%. O endividamento médio da amostra regista o seu máximo em 1990 e o mínimo em 1994, assistindo-se a uma nova subida nos anos que antecederam a crise do subprime.

Relativamente ao crédito registado com imparidade nas demonstrações financeiras dos bancos, regista-se a sua variação entre um valor muito próximo do zero e um máximo de 98%, com a quase totalidade do crédito concedido registado como estando em incumprimento. Contudo, a média da proporção do crédito vencido, face ao total de crédito concedido é relativamente baixa, situando-se nos 2%, em virtude da dispersão entre as observações.

O alcance dos objectivos traçados foi possível através de contributos metodológicos, como a aplicação de modelos econométricos inovadores nesta área de investigação, designadamente o uso de modelos de resposta binária para dados de painel, no estudo da probabilidade de ocorrência de crises bancárias e modelos de resposta fraccionária para a mesma tipologia de dados, aplicados nas componentes relativas ao incumprimento e endividamento. Aplicaram-se, ainda, modelos lineares, com presença já assegurada na literatura, mas adequados às realidades em estudo e passíveis de confirmar a robustez dos resultados obtidos.

As hipóteses testadas que não foram comprovadas são muito residuais, devendo-se a uma ou outra variável que não se revelou significativa.

Os objectivos definidos foram alcançados e os contributos previstos efectivados, concluindo-se a existência de evidência que comprova que a probabilidade de registo de crises bancárias é superior quando o endividamento médio dos bancos aumenta; em momentos de recessão económica, marcados pelo crescimento negativo da taxa de crescimento real do PIB; quando a inflação sobe; e em países com sistemas financeiros orientados para o mercado. Concluiu-se, também, a existência de contágio entre países da mesma sub-região e países de sub-regiões diferentes. Tal como esperado, a regulamentação

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e supervisão não foram significativas para explicar a probabilidade de ocorrência de crise, de onde se pode concluir que estas, mesmo que fortes, não são suficientes para evitar a ocorrência de crises bancárias.

Os modelos fraccionários revelaram-se adequados ao estudo do endividamento e do incumprimento, sendo que em ambos os casos auxiliaram na comprovação dos resultados apurados pelos modelos lineares. Concluiu-se que o endividamento tende a ser superior à medida que a rentabilidade dos bancos aumenta, que a solvabilidade decresce e em bancos de maior dimensão. O endividamento é também mais elevado em contexto de recessão económica, em bancos que operam em países mais desenvolvidos e onde a supervisão é mais forte.

No que concerne ao incumprimento a súmula de resultados indica que pior qualidade de gestão tende a determinar o aumento do incumprimento, enquanto o mesmo tende a ser inferior em bancos de maior dimensão, com maior rentabilidade, maior liquidez e em momentos de crescimento económico e subidas da inflação. O volume de crédito com imparidade tende, também, a decrescer em bancos com actividade em países mais desenvolvidos e em sistemas com mais forte regulamentação e supervisão.

Os resultados apurados no conjunto dos estudos suportam os nove contributos previstos. De entre estes, foi criado um índice para medir a regulamentação vigente num país, num dado ano e um outro para a supervisão. Estes índices visaram medir o efeito da regulamentação e supervisão nas diferentes variáveis dependentes de um modo sintetizado, agregando as componentes mais relevantes do quadro regulamentar aplicado aos bancos.

As restantes variáveis às quais se associam contributos (efeito de contágio e orientação dos sistemas financeirosG foram úteis na clarificação dos pontos em estudo.

A formulação do estudo em moldes não identificados como já existentes (estudo conjunto para os países da OCDEG também se garantiu, na medida em que em todas as componentes do trabalho se mantiveram 33 dos 34 países do bloco.

Os contributos metodológicos propostos foram, também, alcançados de acordo com o já exposto.

No estudo do incumprimento, a análise conjunta de factores de natureza macro e microeconómica, conjugados com aspectos regulamentares e com a orientação dos sistemas financeiros conduziu a conclusões relevantes, obtendo-se os contributos previstos.

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Considera-se, por fim, a realização de um estudo inovador contemplando informação agregada sobre dimensões complementares da solidez dos bancos, para o conjunto de países mais desenvolvidos do mundo, onde operam as maiores e mais complexas instituições bancárias. Obtiveram-se conclusões relevantes acerca da probabilidade de registo de crises bancárias nestes países, identificando as variáveis que potenciam o seu registo e enumeraram-se os determinantes do endividamento dos maiores bancos do mundo e dos factores que explicam o incumprimento registado no crédito que concedem.

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