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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi, a partir da matriz de insumo-produto interregional envolvendo o Semi-Árido e o Resto da Bahia para o ano de 2004, analisar os impactos que as diferentes atividades econômicas daquela região exerce na economia dela própria e na economia da outra região. Do mesmo modo, buscou-se analisar como os setores econômicos do Resto da Bahia influenciam na Economia do Semi-Árido Baiano. Através da pesquisa, procurou-se identificar quais setores possuem capacidade de encadeamento nas duas economias, analisando-se qual a capacidade da fruticultura de impactar os demais setores dentro e fora do Semi-Árido.

Além da análise de encadeamento, procurou-se investigar os multiplicadores de emprego e salários no Semi-Árido e no Resto da Bahia. Para a simulação da capacidade de geração dessas duas variáveis, adotou-se R$ 1 milhão como medida de variação da demanda final.

A pesquisa propiciou o alcance dos objetivos, visto que, através das Matrizes de Relações Interssetoriais e Interregionais, foram identificados os setores com maior multiplicador de produção no Semi-Árido e no Resto da Bahia quando as duas regiões se interagem economicamente. Da mesma forma, identificaram-se os setores que têm maior capacidade de geração de emprego e salários naquelas economias, e qual o papel da fruticultura nesse contexto.

No interior da Economia do Semi-árido, isto é, quando essa região compra e vende insumos apenas internamente, os setores Alimentos e bebidas, Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos, Peças e acessórios para veículos automotores e Intermediação financeira e seguros são os que apresentaram os mais elevados Índices de Rasmussen de Ligação, e, ao mesmo tempo, baixos Índices de Rasmussen de Dispersão. Entretanto, não se trata de setores que tem capacidade elevada de geração de empregos na economia do Semi-Árido, tampouco na Economia do Resto da Bahia. Com relação à geração de salários, são setores que ficam numa posição intermediária nas duas economias.

Quando o Semi-Árido compra do Resto da Bahia, os setores com maior capacidade de provocar dinamismo nas duas economias são: Têxteis, Refino de petróleo e coque e Produtos

e preparados químicos diversos. São setores de baixa capacidade de geração de emprego e mediana capacidade de geração de salários, com exceção do segundo setor, em que o multiplicador de salário é baixo.

O setor de alimentos e bebidas é o único considerado chave na relação interregional, quando o Resto da Bahia posiciona-se como demandante do Semi-árido. A economia do Resto da Bahia, quando demandante do Semi-Árido, tem um poder muito menor de impacto no Semi- Árido do que essa, quando compradora, influencia naquela.

Analisando-se a fruticultura, observa-se que o poder de encadeamento deste setor, tanto no interior da economia do Semi-Árido como no Resto da Bahia, é muito baixo tanto a montante como a jusante. Os Coeficientes de Ligação de Rasmussen do setor, quando o Semi-Árido compra e vende só no interior da região ficaram abaixo de 1, portanto de baixo encadeamento. Do mesmo modo, comporta-se o setor quando o Semi-Árido transaciona com o Resto da Bahia, seja como ofertante seja como demandante de insumos.

A fruticultura, pelas evidências empíricas, tem um poder de impulsionar as economias locais, isto é, as economias dos municípios polos de irrigação. Na cidades onde são implantados os projetos de irrigação, há um desenvolvimento dos negócios do setor agrícola que implicam em desencadeamento dos demais setores da economia local.

Houve um aumento significativo do emprego da mão de obra local, sobretudo da mão de obra de baixa qualificação, o que representa um alcance social importante, visto garantir a sobrevivência da população menos favorecida.

A fruticultura irrigada traz outro aspecto interessante que é a integração das economias locais com as economias nacional e internacional, na medida em que produz frutas de alta qualidade e envia para esses mercados. Dos projetos de irrigação da Bahia saem frutas que ajudam a abastecer os grandes centros urbanos do Brasil, bem como se exporta para os grandes mercados mundiais, com destaque para os Estados Unidos e Europa.

Todavia, não tem poder de impacto na produção de economia maior, como é o caso do Semi- Árido da Bahia. Não existe disponibilidade hídrica para irrigar todo o Semi-Árido, portanto,

do ponto de vista do encadeamento da fruticultura nos demais setores da economia, o efeito será pontual.

Além da análise de impactos, neste trabalho buscou-se analisar os impactos do emprego e dos salários na economia do Semi-Árido e do Resto da Bahia. O cálculo dos multiplicadores permite identificar quais os setores com maior capacidade de gerar empregos e massa salarial, ou ambos simultaneamente.

Nesse sentido, a fruticultura é o setor como maior capacidade de geração de empregos na Bahia, uma vez dado um incremento na demanda final. A liderança do setor na criação de postos de trabalho foi constatada tanto no Semi-Árido como no Resto da Bahia.

No Semi-Árido, os setores com maior poder de criação de empregos, seguindo a Fruticultura, são Agricultura, silvicultura, exploração florestal, Pecuária e pesca, Artigos do vestuário e acessórios e Outros serviços. Para o Resto da Bahia, a diferença que se observa é fato de o setor Saúde Mercantil aparecer como grande gerador de empregos, enquanto os setores Artigos do vestuário e acessórios e Outros serviços não figuram entre os mais importantes.

Com relação à geração de salários, os setores líderes são os mesmos para o Semi-Árido e para o Resto da Bahia. Sendo assim, os setores com maiores multiplicadores de salários na Bahia são Educação pública, Educação mercantil, Outros serviços, Saúde Pública e Administração Pública e Seguridade Social.

A fruticultura não é coroada como setor líder na geração de salário, mas é importante nesse aspecto. Tanto no Semi-Árido como no Resto da Bahia, o setor apresenta um multiplicador significativo.

De um modo geral, constata-se que os setores importantes para desencadear os demais setores na economia não são os mesmos que mais geram empregos e salários. Dessa forma, a orientação para a formulação de políticas públicas é que deve ficar bem claro qual o objetivo principal dessas políticas. Sendo assim, os investimentos devem ser conduzidos para as atividades que têm perfil de acelerar aquilo que se almeja, ou seja, crescimento da economia ou elevação do nível de emprego.

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APÊNDICES

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