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Considerações finais

No documento Relatório de estágio profissional (páginas 140-142)

Capítulo 3 – Dispositivos de avaliação

1. Considerações finais

Terminado este estágio posso afirmar que foi uma experiência muito positiva para mim, tendo feito um trabalho de que me orgulho, pois tentei sempre trazer para as crianças atividades interessantes, motivantes e apropriadas às faixas etárias a fim de captar a sua atenção e valorizar a sua curiosidade natural.

Ao longo da prática pedagógica confirmo que todo o apoio que obtive por parte das educadoras cooperantes e das minhas colegas de estágio foi crucial para o meu desenvolvimento pessoal e profissional, refletidos na vontade de melhorar a minha prestação.

Tendo tido já a oportunidade de ter lecionado em níveis superiores de ensino, posso dizer que esta foi de longe a experiência que mais me marcou. Ser educadora era um sonho de longa data e concretizá-lo neste Jardim-Escola foi fantástico, pois todo o ambiente no qual estive inserida me proporcionou momentos de satisfação e de aprendizagem valorosos.

O facto de não ter feito a minha licenciatura na ESE João de Deus fez com que tivesse iniciado o meu estágio apenas a 10 de outubro e não a 26 de setembro como as outras colegas. Deste modo, fui compensando estas horas ao longo do ano letivo.

O facto de ter vindo de uma outra instituição de ensino superior e de ter já lecionado durante 2 anos alunos do 1.º ciclo do ensino básico e também do 2.º ciclo as disciplinas de inglês e português, deu-me um background pedagógico que me facilitou a integração no Jardim-Escola João de Deus onde realizei o Estágio Profissional e onde fui acolhida com muito carinho. No entanto também senti que trabalhar (e estagiar) com crianças em Educação Pré-Escolar foi um desafio muito mais apaixonante que me fez sentir que a minha preparação profissional do ponto de vista pedagógico ficou mais completa e enriquecida.

Ao longo deste relatório mais do que a reflexão existente no mesmo, fiquei também mais sensibilizada para a importância da planificação e avaliação nestas faixas etárias.

O acompanhamento tido na preparação dos planos de aula e o feedback dado pelas educadoras cooperantes e pelas professoras supervisoras de estágio foram uma condição sem a qual a formação não teria sido tão completa.

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As visitas das supervisoras do estágio profissional foram para mim talvez o que me provocou maior apreensão ao início, pois por vezes as aulas-surpresa não correram como eu gostaria. No entanto, as críticas construtivas que obtive ajudaram- me bastante pois apesar de tudo é sempre bom receber feedback de docentes que querem que o nosso trabalho progrida e melhore. Bengtsson (1995, citado por Quintas, 1998) defende que é “através da prática da reflexão que o professor consegue identificar em que aspectos se traduz a sua competência, melhorá-la, tomar decisões sobre as formas como ensina (…)” (p.10)

As observações das aulas das educadoras ocasionaram momentos de aprendizagem que me fizeram refletir sobre como gostaria de desenvolver as minhas atividades com as crianças. Aprendi quais poderão ser as melhores maneiras para se gerir um grupo de crianças em determinada atividade; qual a atividade que melhor se adequa para um determinado conteúdo e para um determinado grupo; como realizar atividades para que as crianças se sintam motivadas, alegres e com vontade de ir à escola aprender, experimentar, conviver e trazer novidades e que as queiram partilhar; que postura ter perante as crianças.

Originalmente vinda de uma realidade diferente daquela onde me inseri pude contactar com uma metodologia que me prendeu pela forma de proporcionar experiências muito ricas de aprendizagem. Começo por afirmar que vinha com uma ideia pré-concebida de que as crianças só iniciavam a leitura após o ensino pré- escolar. Essa noção caiu por terra quando contactei com este universo escolar e iniciei a minha pesquisa para a elaboração deste relatório. Desta forma, Morais (1997) fundamenta que

(…) muitas crianças dão mostras de consciência fonémica antes de entrarem para o ensino básico. Mas, é claro que se pode entrar para o ensino básico a saber já ler, ou pelo menos tendo já adquirido o princípio alfabético. Nos Estados Unidos por exemplo, parece que 2 a 3 por cento das crianças de quatro anos conseguem identificar palavras isoladas e conhecem quase todas as letras do alfabeto. Muito programas americanos do ensino pré-escolar incluem uma preparação das crianças de cinco anos para a leitura com explicação do código alfabético. Cerca de meio do ano, muitas destas crianças compreendem o princípio alfabético e algumas começam a ler. (p.168)

Assim, foi-me possível observar as crianças do bibe azul (5 anos) a lerem pela

Cartilha Maternal e até desenvolverem atividades do domínio da linguagem oral e

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No que se refere aos materiais utilizados nas aulas do domínio da matemática, foi interessante ver as crianças trabalharem diversos conceitos abstratos que se tornaram acessíveis pelo suporte didático fornecido.

Pude também observar uma metodologia baseada nos afetos. As educadoras tinham uma postura assertiva mas ao mesmo tempo carinhosa para com as crianças, fazendo com que se sentissem seguras. Como é explicado por Pardal (2005) “(…) o professor é um agente imprescindível para a socialização (…) para a transmissão da herança cultural (…)” (p.21)

Notei situações em que as crianças traziam de casa um desenho para dar à educadora ou que espontaneamente diziam: gosto muito de ti, nos momentos mais inesperados. Uma etapa tão importante de desenvolvimento e de procura pelos afetos, que não foi descurada pelas educadoras

Andrade (1995) dá-nos uma noção muito profunda sobre esse tema. O autor declara que “um professor que utiliza com os seus alunos a linguagem dos afectos está a abolir a distância que os separa (…)” (p.12). Crianças que passam a maior parte do dia fora de casa e do seu conforto precisam necessariamente de se sentir igualmente queridas e seguras no espaço escolar, onde possam ser pura e simplesmente crianças.

No documento Relatório de estágio profissional (páginas 140-142)

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