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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É preciso reconhecer que o PEI é de suma importância na vida escolar do estudante com deficiência intelectual, pois possibilita que a aprendizagem aconteça, por meio de estratégias diversas de ensino, formando indivíduos autônomos, criativos e críticos, sobretudo, visando uma educação inclusiva de qualidade para todos.

A presente pesquisa teve como objeto de estudo a análise do Planejamento Educacional Individualizado (PEI), bem como a sua elaboração e a sua aplicabilidade no ensino comum. Para o desdobramento da pesquisa, e buscando comprovar a sua relevância e viabilidade, foi imprescindível o levantamento detalhado das produções científicas acerca do tema, as quais ofereceram subsídios que contribuíram para o direcionamento dos objetivos em proposição.

Como objetivo geral, foi analisada a elaboração e a aplicabilidade do PEI, pelos professores regentes, para os estudantes da Educação Especial que apresentam deficiência intelectual, com foco para os anos finais do Ensino Fundamental, da Rede Municipal de Campo Grande/MS, de modo a compreender se essa elaboração se aplica, na prática, mediante uma ação colaborativa.

Percebemos, no desenrolar da pesquisa, que alguns dos desafios da inclusão escolar, muitas vezes relatados nas literaturas, e que denotam barreiras importantes para a participação e a aprendizagem dos estudantes no ensino comum, estão direcionados para o AEE, naquilo que se refere à elaboração e à aplicação do PEI. O PEI é um recurso de trabalho que pode auxiliar na diminuição dessas barreiras, e permitir um ensino significativo para os estudantes, de acordo com as especificidades de cada um. No entanto, o trabalho compartilhado na elaboração do PEI, bem como a interação com os pares, potencializa nos indivíduos a autonomia, contribuindo ativamente no desenvolvimento da vida dos educandos.

Pesquisar o PEI, descobrir a sua real contribuição, e aprofundar o debate acerca das estratégias pedagógicas, tão necessárias nas ações dos educadores, são elementos importantes para garantir o acesso aos conteúdos escolares e efetivar a aprendizagem dos estudantes da Educação Especial.

Nessa configuração, este trabalho tomou forma, e, certamente, o tema não se esgota aqui, pois é uma questão que merece pesquisas, estudos e reflexões, pois os estudantes com deficiência necessitam de estratégias diferenciadas, flexibilizadas e individualizadas para entenderem os conteúdos escolares.

A premissa deste trabalho de pesquisa aconteceu por conta das inquietações decorrentes da observação das ações dos professores regentes frente aos desafios de trabalhar com estudantes com deficiência intelectual, no âmbito escolar do Ensino Fundamental II, e, para além desses desafios, ainda, trabalham com uma realidade exaustiva, devido à dificuldade do manejo em sala de aula, as quais se encontram sempre numerosas. Some-se a isso as limitações em prover um ensino equânime a todos os estudantes.

Seguindo esse viés, e entendendo que os estudantes com deficiência intelectual têm potencial para aprender, cada um a seu modo, o PEI surge como uma estratégia de aprendizagem, pois possibilita planejar os conteúdos considerados importantes, flexibilizando o ensino e alcançando a todos.

Nesta pesquisa partimos da compreensão de que a construção e a aplicação do PEI permitem ao professor desenvolver habilidades importantes em seus educandos, considerando suas potencialidades individuais, de modo a adequar suas aulas no nível de conhecimento que ele já adquiriu, como forma de proporcionar um avanço nas práticas educativas. Não queremos dizer que o professor regente atenderá única e exclusivamente aquele estudante com deficiência, mas que suas ações e práticas pedagógicas precisam estar alicerçadas em um conhecimento individualizado sobre as necessidades desses estudantes, de modo que possa ter subsídios suficientes para propor situações de aprendizagem para todos, cada um diante da sua especificidade.

O estudante com deficiência, estando inserido na sala de aula comum, aprendendo com seus pares, com os mesmos direitos e deveres, como qualquer outra pessoa, tem grande possibilidade de desenvolver a autonomia para os estudos. O desenvolvimento da pesquisa nos levou a uma instigadora questão nessa abordagem do PEI, o que suscitou a seguinte problemática: o PEI é elaborado e aplicado como recurso pedagógico de aprendizagem, ou sua organização fica restrita ao cumprimento das exigências implementadas no sistema educacional?

De acordo com as análises dos dados empíricos, e com base nos referenciais teórico e documental que embasaram esta pesquisa, os resultados do questionário apontaram que os professores entendem que a elaboração do PEI é de responsabilidade do apoio pedagógico especializado, em parceria com o professor regente e com o professor do AEE, estando confirmada pela Resolução nº 188 (2018) da SEMED.

A aplicabilidade do PEI deve acontecer de forma colaborativa entre o professor que exerce a função de apoio pedagógico e o professor regente, uma vez que esses profissionais

estão juntos em sala de aula e, sendo assim, nada mais justo que eles conversem entre si para obter dados que melhorem o atendimento ao estudante da Educação Especial com deficiência intelectual.

Diante das possibilidades levantadas na pesquisa, observamos que, para haver troca de conhecimento, faz-se necessário que cada professor regente, assim como os seus colaboradores, compreendam a história de vida de cada estudante, para poder traçar metas de ensino e, assim, desenvolver um trabalho qualitativo e com maior possibilidade de avanços na aprendizagem. Observamos, também, que mesmo com algumas dificuldades, os estudantes da Educação Especial são contemplados com a implementação do PEI na escola pesquisada, pois é uma prática constante desenvolvida pelos educadores, que, direta ou indiretamente, trabalham com educandos com deficiência intelectual.

No entanto, ficou evidente que ainda há restrições na elaboração e na aplicação do PEI, por parte dos professores do ensino comum, uma vez que eles demonstraram insegurança e desconhecimento naquilo que se refere ao planejamento. Contudo, observamos que, quando abordados para falar sobre o PEI, suas características e suas funcionalidades, eles manifestaram interesse e iniciativa em estudar sobre o assunto.

Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido na questão do PEI, porque os professores necessitam de mais informações acerca desse instrumento. Não resta dúvida que cada estudante tem o seu potencial de aprendizagem, basta que se busquem estratégias diferentes para o mesmo conteúdo, porque, dessa forma, haverá uma maior abrangência do número de educandos que apresentam algumas dificuldades, mesmo que não possuam nenhuma deficiência, mas que, ainda assim, poderão ser contemplados com um ensino diversificado.

Para os educadores fica uma reflexão: trabalhar de forma colaborativa possibilita desenvolver estratégias de ensino e de aprendizagem; ações que atendem a diversidade do público escolar. Mesmo com as demandas da superlotação das salas de aula, quando se trabalha em conjunto, é possível minimizar os desafios e prover melhores condições de trabalho, pois hoje, a qualquer momento na trajetória profissional de um educador, existirão educandos com necessidades educacionais especiais, e ter conhecimento básico é um mote importante para criar estratégias voltadas para a inclusão escolar.

A utilização do questionário, enviado via e-mail, por meio do Google Forms, uma vez que o atual contexto da pandemia não permitiu o encontro presencial, possibilitou obter as respostas com fidedignidade de sentimentos, naquilo que se refere às ações que os professores desempenham no ensino comum, por meio da utilização do PEI. Sendo assim, foi possível

analisar e estudar cada uma das respostas, a fim de contribuir posteriormente com alguma estratégia que favoreça o trabalho dos professores em sala de aula.

Glat (2013, p. 189) diz que “a escola representa, cada vez mais, o principal espaço de socialização, fora do âmbito familiar. [...] A escola inclusiva é altamente benéfica para crianças e jovens com deficiência [...], pois lhe proporciona a experiência de aprender [...].” Na perspectiva da Educação Inclusiva, o que se deve incorporar é o trabalho colaborativo, pois a troca de experiências, de conhecimentos, de vivências entre os professores e demais colaboradores da escola, é a chave para a construção do PEI, na busca por teoria e prática de ensino bem-sucedidas no campo da inclusão escolar.

Nesse sentido, após a análise dos dados, foi elaborada a Proposta de Intervenção (Apêndice A), que propõe a formação de grupos de estudos, com ciclos de palestras sobre o PEI, de forma a contribuir com as ações em sala de aula para os estudantes da Educação Especial, e, claro, no sentido de, mais uma vez, defender a importância do trabalho colaborativo.

Esta pesquisa tem como objetivo aprofundar os estudos sobre as funções desempenhadas pelos professores regentes do Ensino Fundamental, etapa final (6º ao 9º ano), no que tange à elaboração e à aplicação do Planejamento Educacional Individualizado (PEI) para os estudantes da Educação Especial, que apresentam Deficiência Intelectual (DI), em uma escola da Rede Municipal de Educação, contribuindo para a inclusão escolar.

Por fim, mas não encerrando essas análises, nosso objetivo foi apresentar uma contribuição sobre as abordagens que têm como foco o PEI e suas resultantes. Essa incessante trajetória de pesquisa nos mostra que a inclusão escolar não se resume em apenas matricular e deixar o estudante com deficiência no ensino comum. Ela tem como objetivo que o estudante seja atendido de forma que haja aprendizagem. Para isso, deve haver mudança na postura dos professores, da comunidade, das políticas públicas, das secretarias de educação, dos gestores, nas logísticas de acesso a formação acadêmica e formação continuada dos educadores, assim como nas estratégias diferenciadas de trabalho, para assim, contribuir com a construção de uma escola inclusiva, acessível e prazerosa para todos os estudantes.