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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Tentou-se apresentar, nas páginas anteriores, o clarear de um conjunto de fatores que demonstram a presença do sagrado em situação de internação em UTI, fatos estes oriundos de investigação de campo.

No desempenho do trabalho de campo partiu-se da concepção de que o ser humano, frente a uma situação de ameaça, assume a postura adaptativa e, neste contexto, o sagrado se revela, se torna “necessariamente” presente neste momento inesquecível.

A internação em uma Unidade de Terapia Intensiva ocorre, na maioria das vezes, de forma súbita, como sinônimo de agravamento, de risco iminente, gerando conflitos emocionais frente à angústia do morrer (MORIN, 1976). Nesta situação de risco emerge, no homem, a inspiração e a espiritualidade, isto é, um apelo ao sagrado através de rituais, na busca de um transcendente imanente que se torne uma realidade luminosa neste cenário de caos (BERGER, 1985).

A proximidade da morte angustia o ser humano, o qual busca, no transcendente, através da experiência religiosa, algo que legitime a situação em que se encontra. Enfrenta-se o medo do caos, munidos de orações, rezas, rituais, promessas e objetos hierofânicos (ELIADE,

1996); portanto, a interpretação religiosa da doença e morte ultrapassa as barreiras da matéria.

Compreender o significado do objeto “sagrado”, para o paciente, é um aspecto fundamental ao prestar uma assistência “humanizada”. O reconhecimento e respeito às crenças e valores torna-se um nobre aliado na interpretação que o paciente confere à situação de crise em que se encontra. No universo sagrado, percebe-se que o paciente solitário, inseguro, doente e melancólico, anela por encontrar, no transcendente, companhia, segurança, cura, alegria, conforto...vida!

Destarte o que foi exposto, chegamos à compreensão de que há situações individuais e intransferíveis, as quais o homem vive como forma de romper barreiras que se interpõe no caminho do seu desenvolvimento como ser humano: o adoecer é um desses momentos e estes “obstáculos profanos” somente são ultrapassados por meio de “saltos sagrados”, isto é, o paciente torna-se susceptível à viver uma emocionante experiência religiosa.

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SUMMARY

It is had as purpose understands the given meaning, for the patient, to the sacred object in a moment of internment in Unit of Intensive Therapy. Stands out forms of expression of the sacred in a critical instant in which the man in state of physical-emotional fragility, looks for answers transcendental front the anguish of the disease and of dying. As expresses BERGER, the sacred is a trick of the religion through which the man tends taking refuge of the installed chaos. In the case of the research object, the presence of the sacred object, close to the patient, represents an event of immeasurable cultural meaning, being revealed in a supra-natural entail of which exhales hope, safety, help, comfort and, even, company.

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