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Considerações finais

Muitas vezes, esses princípios vêm contribuir forte- mente para o processo de exclusão escolar desses alunos. Assim, ao excluir, perdemos a oportunidade de aprender e conviver com o diferente.

Alijando-se o aluno com [NEEs] da [inclusão] social, este perde em desenvolvimento, enquanto a sociedade perde por não ter a oportunidade e a possibilidade de aprender com uma significativa parcela de seus elementos consti- tutivos, representados pelos ‘diferentes’ segregados. Com isso, todos perdemos em consciência, em comportamento e, conseqüentemente, em possibilidade de transformação (ARANHA, apud CRUZ, 1996, p.12).

Considerando os novos rumos da Educação Especial para o século XXI, ou seja, a perspectiva de inclusão, não podemos mais pensar em Educação Especial desvinculada da educação geral. E o mesmo ocorrendo com a Educação Física Adaptada que, em nosso entendimento, não pode mais ficar desvinculada da Educação Física Geral.

Rodrigues (2005) aponta algumas sugestões que eventualmente permitirão avanços na proposta de Educa- ção Física inclusiva na escola, a saber:

a) O estudo da cultura corporal de movimento pro- porcionado por meio da disciplina curricular de Educação Física é um direito. Não é uma opção descartável. Porque é um direito segundo, o nosso ponto de partida, nenhum aluno pode ser dispensado dele.

delos isomórficos, isto é, o futuro profissional tem de ser formado para conhecer e aplicar conteúdos que estejam relacionados com o que se pretende que ele venha a ser como profissional. Se os futuros profissionais forem for- mados para fomentar a competição, para procurarem gru- pos homogêneos, para a exaltação do trabalho individual, como poderemos esperar que este profissional incentive nos seus alunos a cooperação, o respeito e o valor da dife- rença e a solidariedade?

c) A área de Educação Física pode, com rigor e com investimento, ser efetivamente uma área-chave para tor- nar a educação mais inclusiva e pode mesmo ser um campo privilegiado de experimentação, de inovação e de melhoria da qualidade pedagógica na escola.

Nessa direção, entendemos, como Costa e Sousa (2004), que é preciso romper com a atual organicidade es- colar e buscar novos princípios filosóficos como diretriz para a Educação/Educação Física, procurando entender que os homens são diferentes e é na diferença que ocorre a compreensão dos seus limites e possibilidades. É preciso redimensionar o tempo e o espaço do trabalho escolar, fle- xibilizar os conteúdos, rompendo com a compartimentali- zação dos saberes, e ainda aprender a lidar com o uno e o diverso simultaneamente, que é, em nosso entendimento, o grande desafio para a Educação/Educação Física neste século X

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Para iniciar uma reflexão e uma conversa acerca da inclusão de alunos com necessidades educacionais espe- ciais nas aulas de Educação Física Escolar, é importante te- cer alguns comentários a respeito do seu desenvolvimento no meio educacional brasileiro. Sabe-se que a Educação Física sofreu, ao longo dos tempos, várias influências con- forme as tendências e perspectivas educacionais adotadas em cada momento histórico que ainda encontram eco em suas aulas nos dias de hoje.

Para Bracht (1989), os conteúdos da Educação Fí- sica Escolar foram, e têm sido, determinados por institui- ções não vinculadas à escola, tais como a instituição mé- dica, a militar e a desportiva. No mesmo caminho, Soares

A educação física escolar frente aos