• Nenhum resultado encontrado

A escuta do outro nos modifica na medida em que nos lançamos à reflexão. Essa escuta e observação permitiu perceber o quanto as trocas, as reuniões e as possibilidades de planejamentos coletivos foram importantes para a construção de um currículo voltado para a uma formação mais ampla. O processo democrático se fez presente na trajetória da escola.

A formação humana é complexa e portanto a educação não pode se dar fora dessa complexidade, ela deve levar em consideração que o desenvolvimento de cada indivíduo necessita de uma amplitude de habilidades para que cada um possa avançar na suas potencialidades. Nesse sentido, colabora Moll (2014, p. 379):” A educação integral, entendida como escola de tempo completo e de formação humana integral, é condição fundamental, apesar de não exclusiva, para oenfrentamento das desigualdades educacionais.”

Assim, o desenvolvimento de práticas sob a luz do conceito de Educação Integral favorece a cidadania, a democracia e permite, assim, condições mais dignas de convivência social.

O presente artigo possuía como objetivo investigar as concepções dos professores e da escola, campo de estudo, acerca da Iniciação científica e da Educação Integral e refletir sobre as interfaces entre elas.

Todos os educadores entrevistados apontaram para a construção de projetos de IC, mesmo com todas as mudanças no projeto de Educação Integral da escola. A articulação entre os professores foi um dos elementos que apareceram como fator predominante na consolidação das práticas voltadas para o desenvolvimento do conhecimento científico além da ampliação da jornada escolar, que foi apontada como uma importante contribuição para o desenvolvimento de atividades diferenciadas. Nessa perspectiva,Teixeira (2000, p. 40) reflete sobre os objetivos da formação escolar:

A reorganização importa em nada menos do que trazer a vida para a escola. A escola deve vir a ser o lugar aonde a criança venha a viver plena e integralmente. Só vivendo, a criança poderá ganhar os hábitos morais e sociais de que precisa, para ter uma vida feliz e integrada, em um meio dinâmico e flexível tal qual o de hoje.

Dessa forma, essa nova organização, só será possível na sua amplitude se existirem políticas públicas que mobilizem a reflexão sobre essas concepções, conforme o Grupo de Alfabetização (1991, p. 617apud LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001, p.51), afirma que:

[...] a alfabetização científica é uma ação de intervenção política e um processo de construção do entendimento sobre o assunto. Trata-se de um processo multidimensional que envolve questões cognitivas, linguísticas, afetivas e sócioculturais, com cujo desenvolvimento se pretende instrumentalizar o sujeito a fazer uma leitura mais objetiva do mundo reescrevendo-o sob sua ótica e ampliando sua condição de agente transformador.

O autor nos remete à importância da legislação educacional que serve como mote para o processo de organização das políticas públicas. Se retomarmos à Constituição Federal, encontraremos apoio no processo de consolidação de uma educação emancipadora, voltada para o desenvolvimento integral de cada indivíduo, na qual a ciência e a arte devem compor os currículos, sem prioridade de uma em detrimento da outra.

REFERÊNCIAS

BARBIER, R. A escuta sensível em educação. Cadernos ANPED, Porto Alegre, n. 5, p. 187-216, 1993.

BARBIER, R. A escuta sensível na abordagem transversal. In: BARBOSA, J. G. (Org.). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: EdUFSCar, 1998. P. 168-199.

BARBIER, R. A pesquisa-ação. Brasília: Plano, 2002.

17GRUPO DE ALFABETIZAÇÃO. Alfabetização os pressupostos da prática. Espaços da Escola, Ijuí,

BRASIL. Decreto n. 7. 083, de 27 de janeiro de 2010. Dispõe sobre o Programa Mais Educação. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7083.htm. Acesso em: 8 mar. 2020.

CAVALIERE, A. M. Escola Pública de tempo integral no Brasil: filantropia ou política de estado? Educação & Sociedade, Campinas, v. 35, n. 129, p. 1205-1222, out.- dez., 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v35n129/0101-7330-es-35- 129-01205.pdf. Acesso em: 8 mar. 2020.

CAVALIERE, A. M. Tempo de escola e qualidade na educação pública. Educação &Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 1015-1035, jun. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1828100.pdf. Acesso em: 8 mar. 2020.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2018. (Docência em Formação).

ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL PROFESSORA ANA IRIS DO AMARAL.Histórico do Turno Integral. Porto Alegre, 2015, P. 4

FREIRE, P. A importância do ato de ler. 34. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

FREIRE. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GADOTTI, M. Educação Integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1991.

LIMA, E. S. Indagações sobre currículo: currículo e desenvolvimento

humano.Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag1.pdf. Acesso em: 8 mar. 2020.

LORENZETTI, L.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científica no contexto das séries inicias. Revista Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 45-61, jan./jun. 2001.

MOLL, J. (Org.). Educação integral: texto referência para o debate nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2009. (Série Mais Educação). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/cadfinal_educ_integral.pdf. Acesso em: 8 mar. 2020.

MOLL, J. et al. A agenda da educação integral: compromissos para sua

consolidação como política pública. In: MOLL, J. et al. Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012. P. 129-143.

MOLL, J. O PNE e a educação integral: desafios da escola de tempo completo e formação integral. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 8, n. 15, p. 369-381, jul./dez. 2014. Disponível em:

http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/447. Acesso em: 8 mar. 2020.

MOLL, J.; LECLERC, G. F. E. Diversidade e tempo integral – a garantia dos direitos sociais. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 7, n. 13, p. 291-304, jul./dez. 2013. Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/306/476. Acesso em: 8 mar. 2020.

PORTO, A; RAMOS, L.; GOULART, S. Um olhar comprometido com o ensino de ciências. Belo Horizonte: Fapi , 2009.

SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

TEIXEIRA, A. S. Pequena introdução à filosofia da educação – a escola progressista, ou, a transformação da escola .Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

5 EXPERIÊNCIAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA NOS ANOS INICIAIS A PARTIR