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Ao afirmar que a democracia moderna é um dos produtos do capitalismo Schumpeter (1961), permite dimensionar o quanto esse modelo de representação está a serviço da classe que vem se utilizando deste para sua manutenção no poder sem modificações na estrutura social. E o objeto de estudo permitiu ampliar a percepção teórica de como essa manutenção é realizada para que nós indivíduos façamos a defesa da democracia capitalista e acreditemos que na mesma gozamos de “liberdade”.

Se os teóricos liberais (SCHUMPETER,1961); (MILL,1963);

(MACPHERSON,1978), (BOBBIO,1986/2000) defendem esse modelo é importante questionar-se quem são os teóricos da classe trabalhadora para que se dimensione a preocupação gramsciana com a inquietação sobre a educação formal e também política dos sujeitos que são a massa populacional e que dependendo do conhecimento que lhes for “permitido” obter podem ser instrumentos de construção de uma sociabilidade oposta ao modelo capitalista. Este modelo está aniquilando, destruindo, segregando os indivíduos ao estágio de “meras mercadorias”. Ao dizer que este modelo econômico transforma coisas que em si não são mercadorias, mas podem ser compradas Marx (2013), como sábio cientista e estudioso teve a capacidade de dimensionar o poder do sistema capitalista que está chegando a um estágio selvagem exigindo a eliminação de vidas para que o sistema sobreviva.

Na percepção de Mészaros (2011) a crise vai se tornar a certa altura muito mais profunda, no sentido de invadir não apenas o mundo das finanças globais mais ou menos parasitárias, mas também todos os domínios da nossa vida social, econômica e cultural.

Neste contexto Marx e Engels (2009), ao esclarecerem que os homens constroem sua história mediante as condições materiais que lhe são impostas, permitem que se (re) pense como a Educação formal está contribuindo para a manutenção desse sistema que está a serviço da classe dominante e de seu status quo.

O objeto permitiu compreender como defendido por Paro (2012), que a atividade administrativa realizada nas escolas públicas não se dá no vazio e está a serviço da classe que detém o poder econômico precisa ser (re) organizada de maneira que permita a classe trabalhadora se apoderar da mesma para construção de sua emancipação.

O objeto possibilitou ainda a compreensão que como defendido por Wood (2006) a democracia e o capitalismo são incompatíveis. Então a possibilidade jurídica da Gestão

democrática da escola pública fica condicionada aos interesses do capital e o que este representa que são opostos a uma educação libertadora, criativa, humana, participativa.

A escola é como defendido por Saviani e Duarte (2012) um campo de disputa entre os detentores do poder econômico, político e cultural e os trabalhadores que precisam buscar nesta uma formação que lhes permita compreender e ler o mundo como compreende Freire (2016). E, mediante suas percepções e leituras lutar para a construção de uma nova forma de sociabilidade humana onde como enfatizado por Marx (2010), amor seja recíproco, paz não seja somente um produto do capital destinado apenas aos que podem pagar por esta e a educação seja uma possibilidade de emancipação e não um produto comercial que afasta os sujeitos e os transformam em mercadoria a ser vendida de acordo com a necessidade do mercado.

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