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Este estudo buscou compreender como a liderança pode influenciar o processo de desenvolvimento do conhecimento no ambiente organizacional. Com base neste objetivo, podem-se identificar os tipos de lideranças e seu impacto na disseminação do conhecimento. Houve a necessidade primeira de reconhecer quais os tipos de lideranças apresentavam-se inseridos no ambiente estudado. Em vista disso, constatou-se que na organização há formas diferentes de liderar, conforme o perfil de cada gestor, ambiente ou mesmo dos funcionários. Inclusive, foi por meio dos diversos estilos identificados nos relatos que se percebe o papel fundamental do líder. Ele deverá

RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.64-101, Jan./Jun. 2018.

proporcionar a utilização do conhecimento já existente e impulsionar a criação de novas técnicas para expandir esse conhecimento entre os funcionários. Os posicionamentos obtidos ao longo do estudo com relação à liderança possibilitaram dizer que o impacto e a influência no meio organizacional são muito grandes com relação à interação dos líderes. Sem esse envolvimento conjunto da liderança não acontecerá a disseminação e a multiplicação do conhecimento organizacional.

A partir da atuação das lideranças, identificou-se os fatores facilitadores e dificultadores do processo de desenvolvimento do conhecimento no ambiente organizacional. Um dos mais citados pelos Entrevistados foi a insegurança. Perder sua posição na empresa é fato que não está ligado só aos líderes, mas também apresentado pelos funcionários, os quais transparecem esse medo, gerando uma retenção acentuada de informações e conhecimentos.

Identificaram-se ainda outros fatores dificultadores como a falta de valorização do funcionário, desmotivando-o a colaborar com melhorias, pois não tem reconhecimento de suas habilidades e competências; e a não abertura para a participação da equipe nos processos, com lideranças que conduzem as tarefas sem ouvir seus funcionários, fatores diretamente relacionados ao líder e seu liderado.

Quanto aos fatores facilitadores, observou-se nas entrevistas a contribuição de alguns recursos internos para a disseminação do conhecimento, como a pró-atividade do setor de recursos humanos. Além disso, esse setor deve trabalhar em conjunto com as lideranças e ter uma cultura flexível acompanhada de uma boa estrutura tecnológica. Cabe ressaltar que estes recursos interligados darão aporte para o compartilhamento do conhecimento organizacional.

Observou-se, também, que a empresa estudada valoriza o conhecimento, mas existe a necessidade de melhoramento na participação das lideranças, na comunicação e aperfeiçoamento dos processos. Além do mais, há novas práticas a serem consideradas, levando em conta os estilos de lideranças identificados no estudo, bem como os fatores facilitadores e dificultadores mencionados nas entrevistas.

Sugere-se à organização algumas práticas que possam contribuir com a utilização do capital intelectual já existente. São elas: a) criar treinamentos específicos para os líderes com o intuito de desenvolver e conscientizar sobre a importância de estimular a troca de conhecimento, influenciando através de uma cultura mais aberta a participação dos funcionários; b) implantar uma comissão interna para auditorias nos processos com o propósito de revisar os métodos utilizados para manter o andamento do negócio da empresa, proporcionando uma desburocratização e a criação de técnicas mais produtivas; c) aprimorar os indicadores de desempenho focando diretamente nos objetivos estratégicos através de uma avaliação criteriosa das necessidades com validação e comunicação das metas aos funcionários; d) utilizar o Job Rotation como forma de conhecer o trabalho do outro na organização, nos setores ligados diretamente

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às tarefas exercidas. Essa prática objetiva desenvolver a visão sistêmica dos funcionários e melhor aproveitamento das informações; e) elaborar programas para a aprendizagem continuada por meio de programas de qualificação, cursos e treinamentos, de modo a incentivar a constante busca do conhecimento,

Entende-se que as práticas sugeridas no estudo poderão, como consequência de sua adoção, ampliar e fomentar o conhecimento organizacional assim como o capital humano e intelectual da empresa. O conhecimento apresenta-se como ferramenta para bons resultados e é com essa visão que cada vez mais as organizações têm intensificado sua utilização, de forma a absorver tudo o que pode proporcionar. Sendo assim, este estudo conduz as contribuições da seguinte forma:

a) Teórica - ampliar o entendimento das abordagens liderança e gestão do conhecimento a fim de compreender e colaborar com as mudanças organizacionais, abrindo espaço para novas discussões;

b) Gerencial - crescer na área de gestão a consciência da importância da utilização do conhecimento organizacional com habilidade e sua posição vital bem como a necessidade de desenvolver os recursos humanos;

c) Propostas para pesquisas futuras - I) estudos voltados ao conhecimento organizacional sob a ótica de funcionários que não possuem cargos de gestão; II) identificação de fatores motivacionais que estimulam o compartilhamento do conhecimento; III) análise do impacto exercido pela motivação no comprometimento dos funcionários com a gestão do conhecimento e IV) elaboração de indicadores de desempenho na utilização do conhecimento organizacional.

Como limitações desta pesquisa, é relevante apontar a dificuldade com relação ao período de entrevistas. Por ser uma empresa de grande porte, este período de início do ano é utilizado para reuniões de elaboração do planejamento estratégico anual, no qual a participação das lideranças é imprescindível. Além disso, trata-se de um período intenso para férias. Houve como obstáculos conciliar as agendas para os líderes poderem participar da entrevista.

Esta pesquisa, cabe ressaltar, não possui a pretensão de ser determinante, mas de ser uma contribuição para continuidade de pesquisas futuras direcionadas à liderança e à gestão do conhecimento no ambiente organizacional.

O presente trabalho visa a complementar o entendimento das abordagens teóricas bem como a promover abertura para novas discussões sobre os temas estudados.

RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.64-101, Jan./Jun. 2018. REFERÊNCIAS

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