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Esse capítulo apresenta as reflexões realizadas após as análises dos resultados (Capítulo 8), bem como, sucintas recomendações para outros trabalhos e ações que venham a ser realizados na BHRM, utilizando dados dessa pesquisa.

Embora a resolução das informações da Imagem SPOT de 2004 (pixel de 10 metros) permitisse maior escala nos produtos cartográficos e, conseqüentemente, melhor identificação das informações sobre APP’s, a apresentação final desses produtos, bem como dos dados quantitativos tabelados nesse trabalho foram elaborados em escala compatível com a base cartográfica existente (1:50.000).

Entende-se que a legislação ambiental pode ser utilizada para promover uma organização sustentável do uso dos recursos naturais e as APP’s representam porções territoriais estratégicas para esta ordenação, pois não exigem indenização por parte do governo e as limitações de seu uso são, de forma genérica, previstas na atual Constituição Federal. Além do que, as características geomorfológicas e ecológicas dessas áreas não recomendam sua destinação para usos agropecuários ou urbanos. Considerando as características ambientais das APP’s localizadas no núcleo urbano de Barra do Ouro, bem como seus altos índices atuais de ocupação, recomenda-se um melhor planejamento visando conter a expansão sobre estas áreas, juntamente com a implantação de medidas estruturais emergenciais relacionadas à contenção de taludes e saneamento básico.

Nos setores 2 e 3, recomenda-se maiores diligências dos órgãos de fiscalização e controle ambientais em parceria com a extensão rural (EMATER/RS), visando instruir os proprietários rurais no respeito à legislação ambiental vigente, especialmente relacionadas às APP’s (áreas de vegetação ciliar) e ARL (Áreas de Reserva Legal, que no estado do RS é de 20 % da superfície total da propriedade).

Urge, portanto uma integração entre a difusão dos pressupostos legais, acompanhado de orientações relacionadas ao manejo sustentável dos recursos naturais (através da extensão rural), excluindo essas áreas APP’s) dos manejos intensivos e adaptando à realidade dos diferentes setores dessa bacia, visando a manutenção e/ou melhorias da sustentabilidade das propriedades rurais.

Recomenda-se, portanto que as instituições governamentais responsáveis pela pesquisa e extensão rural dêem atenção especial ao Setor 1, onde as características ambientais apresentam maiores restrições legais aos empreendimentos agropecuários.

No entanto, deve-se atentar ao exagero da aplicação de preceitos legais sobre os pequenos agricultores familiares que possuem utilização direta dos recursos naturais relacionados com vegetação nativa (especialmente os que utilizam técnicas dos Sistemas Agrícolas Tradicionais), afetando a reprodução do modo de produção, podendo “acelerar o processo de empobrecimento” desses agentes intensificando a migração campo-cidade (RIBAS & MIGUEL, 2004, p.594).

Para tanto, entende-se que as instituições relacionadas à gestão e controle ambientais (SEMA, PATRAM, EMATER, Prefeitura Municipal, CERBMA e Comitê Tramandaí) devam trabalhar em conexão e sinergia com as Universidades e outras instituições que desenvolvam pesquisa, ensino e extensão na BHRM (UFRGS, Unisinos, FACOS/FACAD,ULBRA, UNISC, FEPAGRO e ONG’s ambientalistas: ANAMA, Farol da Terra, entre outras). No entanto, registra-se que, recentemente, os projetos: Samambaia-preta (ANAMA – DESMA), Ecoturismo (ANAMA) e AgroCulturas (ANAMA – DESMA e Parceiros) estão promovendo o início desse diálogo institucional, sendo o primeiro pioneiro dessa conjuntura histórica.

Um bom exemplo desse contexto, é o que ocorre com a extração sustentável da samambaia-preta25 que, após muitos anos de estudo, está sendo legalizada através dos trabalhos do DESMA, ANAMA e SEMA/RS. O manejo desse vegetal é de baixíssimo impacto visto que não envolve maquinários e os itens extraídos são as frondes (“folhas” das pteridófitas) equivalendo a uma “poda”, onde o indivíduo não é suprimido pois mantêm-se o caule que é subterrâneo, permitindo o rebrote e a renovação da planta. Inclusive, entende-se que sua extração seja compatível com as APP’s de declividade (Setor 1).

25 A ANAMA e o DESMA (PGDR – UFRGS) vêm desenvolvendo, desde 2000, pesquisas básicas e aplicadas relacionadas com avaliação etnobiológica e socioeconômica, cadeia produtiva, práticas de manejo sustentável e subsídios para a legalização da samambaia-preta (Rhumora adiantiformis) e dos frutos da palmeira-juçara (Euterpe edulis). Parte desses estudos obteve apoio Institucional e financeiro do governo gaúcho, incluindo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (DEFAP– SEMA/RS).

Por fim, esse trabalho parte do pressuposto de que toda intervenção em prol do desenvolvimento rural, dessa região, deve levar em consideração as condições de reprodução dos sistemas naturais e sociais existentes e suas peculiaridades nos diferentes setores da BHRM.

CONTRIBUIÇÕES PARA OUTROS TRABALHOS A SEREM REALIZADOS NA ÁREA DE ESTUDO (BHRM)

Considerando que os SIG’s permitem a localização espacial precisa dos objetos geográficos, disponibilizando o acesso às informações de seu acervo, bem como, sua integração às demais informações existentes nesse banco de dados, sua estrutura subsidia análises ambientais dos fenômenos existentes e sua utilização no processo decisório da gestão socioambiental local.

Uma contribuição possível dessa pesquisa para outros trabalhos de extensão e pesquisa, a desenvolver-se na área de estudo, é justamente na organização e alimentação de um banco de dados socioambientais a ser integrado na estruturação do Sistema de Informações Geográficas (SIG) da BHRM. O dados aqui gerados estão disponíveis (em formato editável) para qualquer instituição interessada.

Portanto, percebe-se a utilidade para outros trabalhos em andamento, ou a serem desenvolvidos na BHRM (e região do Litoral Norte), tais como:

• Organização de um Banco de Dados, integrando as demais pesquisas desenvolvidas na BHRM, possibilitando o desenvolvimento de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) disponíveis em nível interativo (usuários ativos) para o Programa de Conservação da Mata Atlântica no RS (SEMA-KfW) incluindo o setor de Geoprocessamento da FEPAM - Serviços do Litoral.

• Contribuição para elaboração do SIG do Projeto de Conservação da Mata

Atlântica do RS (coordenado pelo CERBMA/RS), o qual abrange a área de

estudo dessa pesquisa, especialmente a REBIO da Serra Geral e sua Zona de Amortecimento (que possui aproximadamente 85% de suas áreas na BHRM), incluindo a possibilidade de execução, nessas áreas, de “Projetos Demonstrativos” relacionados com sustentabilidade ambiental. A principal contribuição será a disponibilização dos produtos cartográficos aqui gerados, bem como, as demais informações socioambientais, para integrar o acervo

desse Programa, especialmente para ações na Unidade de Conservação supracitada.

• Realização do Microzoneamento das propriedades rurais da BHRM, juntamente

com Comitê Tramandaí, Projeto de Conservação da Mata Atlântica (SEMA - KfW) e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do (SAA -RS), envolvendo a EMATER e a FEPAGRO-Maquiné. Esse projeto se encontra atualmente no “mundo das idéias”, aguardando ser priorizado pela políticas governamentais do RS.

• Atualização do Inventário Florestal Estadual, juntamente com o DEFAP – SEMA/RS, auxiliando na alimentação do SIG existente (IFC 1,0), utilizando essa pesquisa realizada na BHRM para auxiliar nas atividades de demarcação das Áreas de Reserva Legal (ARL) das propriedades rurais, podendo, inclusive, oferecer assistência técnica gratuita, em parceria com o Sindicato Rural de Maquiné e Conselho Municipal de Agricultura.

• Apoiar o Comitê de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Rio Tramandaí (Comitê Tramandaí) no planejamento de ações relacionadas com a recuperação de ÁPP’s, localizadas nas margens dos corpos hídricos e nascentes. Essas áreas são estratégicas para a conservação da qualidade e quantidade desses bens públicos. Atualmente, esse “Parlamento das Águas” encontra-se na fase final da elaboração do Plano de Bacia, importante instrumento técnico administrativo de gestão socioambiental de curto e médio prazo dessa unidade territorial natural, a bacia hidrográfica (BRASIL, 1997).

• Disponibilizar os produtos cartográficos aqui gerados, bem como, as demais informações socioambientais, para integrar o Projeto de Ecoturismo desenvolvido pela ANAMA (e demais parceiros) na BHRM.

• Auxiliar no Monitoramento ambiental das micro-bacias em melhor estado de conservação, especialmente a do rio Lageado, Ligeiro, Garapiá, Carvão e Rio do Ouro.

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