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INTEGRADORA NO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de problematizar o papel da investiga- ção nos Cursos de Formação Inicial de Professores, escrevemos este capítulo.

Buscamos, inicialmente, responder à seguinte questão: Em que medida experiências interdisciplinares baseadas na construção de PI podem contribuir para a integração curricular e para o desenvolvimento de atitudes de pesquisa e de colaboração?

Nossa análise nos permite afirmar que a integração e o de- senvolvimento de atitudes de pesquisa e colaboração são resultantes, basicamente, de um currículo de formação e de condições organi- zacionais que possibilitem a relação teoria e prática, o diálogo entre as disciplinas, a reflexão e a crítica. Para tanto, as instituições forma- doras devem organizar-se de modo a permitir o trabalho integra- do e interdisciplinar. Um segundo ponto a ser considerado trata da disponibilidade dos professores de diferentes áreas disciplinares para partilhar suas experiências, seus saberes, suas certezas e incertezas.

Consideramos, ainda, que o trabalho colaborativo, na pro- fissão docente, depende em grande medida das experiências viven- ciadas nos Cursos de Formação Inicial de Professores, os quais ne- cessitam de uma organização didático-pedagógica que possibilite ao futuro docente participar de práticas interdisciplinares, a exemplo do trabalho com projetos. É nesse sentido que apontamos os PIs como um procedimento teórico e metodológico que viabiliza a interdisci- plinaridade e cultiva nos formandos o gosto pela investigação. O PI por nós analisado realçou a compreensão dos contextos escolares através do contato direto com a realidade do cotidiano escolar.

Dessa maneira, os conteúdos das disciplinas contributivas foram mobilizados a partir da participação dos professores e do inte- resse dos alunos – futuros docentes – por entender a realidade estu-

rentes matérias, que detêm um potencial de associação e de comple- mentaridade (LENOIR, 1998), caracterizaram o trabalho analisado. A nossa análise nos permite afirmar que, ao trabalharem com projetos, professores e alunos abrem a possibilidade de incorpo- rar ao currículo conteúdos construídos no chão da escola. Os proje- tos implicam – tanto para os professores formadores quanto para os alunos formandos – no desenvolvimento das capacidades reflexiva, investigativa, criativa e colaborativa, pois constituem-se a partir de uma perspectiva do currículo como práxis emancipadora.

Hoje, no entanto, os Projetos integradores não fazem mais parte dos currículos dos cursos de formação docente do IFRN. Com o objetivo de promover a pesquisa e a relação entre a teoria e a práti- ca, outros componentes curriculares foram inseridos nos programas ofertados por essa instituição. Acreditamos que o trabalho desen- volvido com esses componentes dispõe de um precioso acervo que poderá ser investigado, analisado e divulgado em um futuro breve.

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