O MDN-6P pareceu permitir uma abordagem idiossincrática, sendo sensível às problemáticas relevantes para cada indivíduo. Numa lógica transdiagnóstica, foi possível inferir alguns EPM e identificar alguns componentes cognitivos que possam estar
81 subjacentes ao mal-estar psicológico infantil (nomeadamente, atribuição causal, estratégias de coping e estilo de resolução de problemas). Por isso, os resultados parecem reforçar a utilidade do MDN-6P no processo de avaliação transdiagnóstica com crianças. Uma proposta para futura investigação seria comparar identificar, paralelamente a esta investigação, os marcadores emocionais presentes na prova (ver Greenberg 1993; 2004) e compará-los, numa perspetiva desenvolvimentista, ao desenvolvimento da inteligência emocional da criança (esquemas emocionais, sequência de emoções, tipo de emoções e sentimentos).
Também, o instrumento parece ser sensível a caraterísticas desenvolvimentistas através da análise do conteúdo das narrativas, uma vez que estas refletem o estilo de processamento de informação cognitivo da criança. No entanto, seria curioso, também, comparar os conteúdos das narrativas entre crianças com a mesma idade e sintomatologia, mas diferentes sexos: Fivush e Haden (1997) e, posteriormente, Macedo (2006) encontraram diferenças nos tipos de avaliações entre crianças do sexo masculino e feminino.
Ainda, numa perspetiva desenvolvimentista, futuras investigações poderiam analisar as qualidades do desenho, uma vez que este transmite informações úteis sobre o desenvolvimento cognitivo e emocional ou complementar a informação recolhida na narrativa, como por exemplo sobre as estratégias de coping (Lahad e Ayalon, 1993). Outra sugestão para futuras investigações remete para a pertinência da realização de estudos que relacionem os dados obtidos a partir do MDN-6P com resultados de outras medidas, por exemplo, a prova “Era Uma Vez…” devido às suas semelhanças, de modo a aumentar a validade de constructo e convergente do MDN-6P.
Por fim, é um instrumento de fácil aplicação (apesar da sua longa duração), mostrando já em estudos anteriores (Fontes, 2014; Gomes, 2014; Trindade, 2015; Sousa, 2016) ser apreciado por grande parte dos jovens, facilitando a partilha de experiências.
Neste sentido, o MDN-6P pode ser visto como um meio potenciador da motivação e do envolvimento da criança e do adolescente no processo terapêutico, através de uma tarefa prática e criativa, permitindo a comunicação, a autoexpressão e a exteriorização pessoal.
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