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Considerações Finais

No documento Maria Kubrusly Imbroisi.pdf (páginas 65-76)

O que pode-se concluir a partir deste trabalho é que o ser humano possui uma dimensão além das dimensões física e psicológica, que é a dimensão espiritual. A Antroposofia vê esta dimensão espiritual de uma forma um pouco mais complexa do que a “habitual” – visto que a Ciência Espiritual divide o homem em quatro entidades: físico, etérico, astral e ‘eu’, essenciais para a formação humana. A Antroposofia considera, ainda, as atividades anímicas como o pensar, o sentir e o querer, as quais compõem os sistemas neuro-sensoriais, rítmicos e metabólicos, formando, assim, o ser completo. O ser humano, então, é entendido como um ser ‘quadrimembrado’ e ‘trimembrado’, nesta perspectiva de que possui quatro entidades (físico, etérico, astral e

eu) que refletem em três atividades anímicas (pensar, sentir, querer), distribuídas pelo corpo físico do homem.

Neste aspecto, é fundamental educar olhando o Homem e o conjunto dessas forças. Isto significa olhar a criança em todo seu processo de crescimento, respeitando cada detalhe que a cerca, como por exemplo, períodos e idades ideais para incluir determinado aprendizado.

Não adianta ensinar conteúdos formais às crianças do primeiro setênio, visto que para elas isto não faria o menor sentido e, como afirma Steiner, é alheio a elas. Já no início do segundo setênio, com a troca da dentição de leite, as forças que plasmam, moldam a criança devem ser usadas a favor do aprendizado da escrita, seguido do aprendizado da leitura.

O processo de introdução às letras deve acontecer somente quando a criança tem maturidade física, emocional e espiritual para que isto ocorra de forma significativa. Jogar as letras sobre as crianças é uma temeridade que pode ser prejudicial para todo o seu desenvolvimento. O aprendizado da escrita deve acontecer de uma forma natural, partido de dentro para fora, de acordo com a vontade da criança.

Referências

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Anexo 1

Retirado do livro Desvendando o crescimento: as fases evolutivas da infância e

Anexo 2

UMA CONCEPÇÃO ANTROPOSÓFICA DA EDUCAÇÃO

MORAES, Wesley Aragão de. In: A educação do indivíduo como elaboração dos três

níveis da alma humana – educação, psicologia e medicina. Palestras proferidas em1998.

Suchodolski assinalou que as propostas modernas de Educação caem sempre em dois extremos, "unem educação e vida concreta, sem um ideal utópico humano" ou, no outro extremo, "unem educação com um ideal utópico humano distante da vida real". Ou seja, as propostas tendem a ser exclusivamente "da essência" ou "da existência", sem um meio. Suchodolski imaginou uma educação socialista, a qual tentou implantar em seu tempo no bloco oriental da Europa, como a educação capaz de equilibrar os dois aspectos opostos.

A Educação, como a vê uma Anthropos-Sophia, deve ter uma dimensão utópica, isto é, um aspecto "da essência" que pretende cooperar para o desenvolvimento de potencialidades humanas ainda em devir - e que, portanto, ainda não se encontram plenamente existindo no aqui e no agora do mundo atual. Neste sentido, ela concorda com Rousseau que o Homem é uma criatura, por princípio, digna e bondosa, e que faz parte do processo pedagógico a função moral de preservar e de cultivar esta qualidade boa de todo ser humano. Uma Anthropos-Sophia não pode concordar totalmente com a premissa do filósofo inglês, Hobbes, que apostava na malignidade natural de todo homem e na corrupção essencial da sociedade ("O homem é lobo do homem"). Se podemos enxergar claramente uma natureza corruptora da sociedade doente, isto não se deve a uma ruindade natural do ser humano. Uma Anthropos-Sophia concorda com Pestalozzi, quando este considera que a sociedade doente pode estimular aspectos sombrios que todo homem tem naturalmente, sendo, mesmo assim, o homem um ente bom. A moralidade que a Educação cultiva na criança, portanto, não deve ser aquele moralismo falso, transmitido de fora para dentro, e que acaba sendo uma coação e um processo repressivo, mas deve ser um apelo à livre e espontânea moralidade ética que toda criança naturalmente porta, estimulada pelo cultivo da mesma atitude por parte do educador. Daí, Rudolf Steiner ter dito "educar é, antes de tudo, auto-educar-se".

A Educação, para uma Anthropos-Sophia, também deve conter uma proposta "'da existência", um processo de condução da criança à sua plena integração com o mundo concreto, tanto no sentido de orientação psico-espacial, quanto no sentido de uma completa socialização. Se a sociedade é doente e deturpada, não será a solução mais humana isolar, alienar os indivíduos desta sociedade, mas, ao contrário, estimular a formação de caracteres fortes e nobres que, uma vez integrados a ela, sejam capazes de melhorá-Ia e de criar novas propostas mais humanas e mais dignas de viver social. A Educação deve considerar o Individuo e deve trabalhar pelo seu pleno desabrochar, mas não pode colaborar para aliená-Io do mundo, pois isto o enfraqueceria anímico-espiritualmente, pois, como disse Aristóteles "o homem é uma criatura social". A Educação não pode apenas pretender formar Indivíduos eruditos e

atuem em prol de uma melhoria da qualidade de vida em tomo deles mesmos e, assim, do mundo.

Uma questão que norteia uma Educação Anthropos-Sóphica é a busca por um meio-termo entre a Autoridade e a Liberdade, ou seja, entre a Escola Tradicional e a Escola Nova. A criança, especialmente a pequena, precisa de um referencial e também de um elemento que lhe dê apoio, amor e atenção. Este referencial de apoio é o adulto, ou o educador. Por outro lado, o adulto deve educar a criança de modo a não cercear o seu individualismo, contanto ainda com as potencialidades inatas da criança.

AUTORlTARISMO______

8

______ LIDERDADE

A Autoridade é uma força anímica, além de uma categoria social. Como força anímica, ela se torna capaz de modelar padrões anímicos e orgânicos que estruturam de modo permanente os indivíduos submetidos a tal categoria social. O autoritarismo é a "'pedagogia do medo", que policia, que vigia, que pune - criando um senso de justiça punitiva (Jus punens), e não educativa. O filósofo francês moderno, Foucault, dedicou- se a estudar o poder da autoridade e seu dinamismo. Ele comparava o poder do autoritarismo à figura que Bentham, um pensador pessimista, usava como referencial para esta categoria: a figura do Panoptikon. Este seria o projeto de uma prisão perfeita, na qual o prisioneiro estaria suspenso, dentro de uma grade, aberta para todos os lados, e vigiado constantemente por todos os outros presos e por todos os carcereiros. Há uma rede de vigilância permanente e onipresente. Foucault indicou que o moderno autoritarismo assumiu sua forma a partir do século XVII, sendo um exemplo dele o espírito militarista germânico, o qual impregna as propostas de "'ordem e disciplina". O autoritarismo modela a alma da criança, até a sua vida adulta, de forma a torná-Ia um "'bom burguês", sem iniciativa, sem ousadia, sem originalidade, sem senso de independência, um ser do qual uma grande parte da autonomia foi reprimida. Todo sucesso pedirá, para ela, um prêmio - inclusive os sucessos espirituais pedirão prêmios espirituais - assim como toda derrota, todo erro, deverá ser evitado para que não traga um castigo, uma maldição, um carma. Será, enfim, uma personalidade amestrada pelo sistema, sob o poder do castigo, da vigilância e do respeito absoluto à hierarquia, encarnada nas instituições e nas autoridades. Tal personalidade jamais confiará em si mesma, em sua própria capacidade de descobrir e de aprender com os próprios erros e acertos. Ela só confiará em alguma Autoridade e todos os seus pensamentos, sentimentos e atos terão de passar pela aprovação moral desta para serem reconhecidos como verdadeiros e válidos. A Autoridade dá critérios de verdade. No fundo, uma pessoa é configurada em sua Alma tanto no sentido do autoritarismo quanto no sentido na Liberdade. Já a partir das figuras parentais, da mãe e do pai, criam-se tendências inconscientes, tanto para repetir padrões autoritários quanto para buscar padrões libertários. A Auto-Educação do adulto deve fazer o Eu trabalhar tais tendências estruturadas e resolvê-Ias, harmonizá-las. Uma pessoa de tendência autoritária, mesmo estudando uma pedagogia Antroposófica, jamais seria um pestalozzi. Ela teria uma tendência de impor certo "'militarismo germânico" no seu trato com as crianças. Do mesmo modo, uma pessoa de senso de ordem interno frouxo

demais. Esta, tornaria as crianças em tiranos que, no mínimo, botariam fogo na casa. Um equilíbrio é necessário.

Rudolf Steiner fala de outros tipos de Autoridade, a "Autoridade Natural Amada'" e a "'Autoridade Natural Admirada". Autoridade, aqui, significa o referencial cultural que todo adulto pode ser para a criança e para o jovem. É a Autoridade do adulto pelo que ele é como pessoa, e não pela figura institucional e burocrática que ele se faria. A simples presença espiritual do adulto, uma vez que este é dotado de um certo equilíbrio interno, impõe-se como Autoridade Natural, sem que ele necessite gritar, fazer caras feias, ou ameaçar as crianças. É uma Autoridade bondosa, espontânea e calorosa. Deve-se considerar que a criança tem que ser educada por autoridades, isto é, por adultos. Somente mais tarde, no final da adolescência, o jovem começa a ser capaz de Auto-Educar-se, de aprender a ser a sua própria autoridade. A criança menor busca por si mesma a mãe, o pai ou o adulto educador próximos, os quais a recebem com amor e calor humanos, tornando-se referencias para ela, dando-Ihe segurança e apoio. Isto é uma relação entre a criança e uma Autoridade Amada. Uma criança não poderia sobreviver bem, ou sadiamente, sem a presença de uma Autoridade Amada. Esta se torna como que um órgão complementar para ela, do qual ela necessita para o seu desenvolvimento, inclusive organicamente. Afirmou Steiner, a respeito das crianças maiores ou adolescentes:

A autoridade não imposta, mas livremente consentida, deverá constituir o fundamento espiritual para formar a consciência, os hábitos e as inclinações do adolescente para disciplinar o seu temperamento e para encarar o mundo da sua forma. Vale principalmente para essa idade a bela palavra de um poeta; "'Cada um deve escolher os heróis a quem pretende imitar em sua ascensão ao Olimpo". Veneração e respeito são forças que fazem crescer o corpo etérico de maneira sadia. Quem não tem, nessa idade, a chance de olhar para outro individuo com um sentimento de veneração ilimitada, tem que pagar mais tarde um preço muito alto para essa grave lacuna. Quando falta o respeito, as forças vivas do corpo etérico se atrofiam. (STEINER, Rudolf A Educação da criança segundo a Ciência Espiritual. p.27)

Steiner ainda aconselhava que o jovem tivesse a oportunidade de admirar homens e mulheres historicamente ilustres, dotados de qualidades de alma que falariam ao jovem do quão digno e belo pode ser a alma do ser humano. Este objeto de veneração valeria muito mais do que discursos morais e do que noções teóricas. O adolescente tem uma sede natural pelas coisas grandiosas e admiráveis. Ele tem necessidade de apaixonar-se. Isto ocorre devido ao Eros passional espontâneo do Corpo Astral do adolescente. O educador pode dar ao jovem exemplos admiráveis para que ele se apaixone. Muitos jovens se apaixonam por ídolos banais e vazios - tais como cantores pop - porque nunca ninguém lhes mostrou, de fato, o que é um grande homem ou uma grande mulher.

Cabe assim notar que a noção de "Autoridade Amada", ou de "Autoridade Admirada", em Steiner, não tem a mesma conotação do autoritarismo a que os pedagogos novistas tanto combatem. Mesmo numa proposta anti-autoritária, como Summerhill, adultos construíram o prédio da escola, adultos conceberam o projeto (Neill, no caso) e adultos amaram suficientemente as crianças para se dedicarem a tal tarefa, estando lá presentes, convivendo com elas. As crianças não estão totalmente sós, entregues a si próprias - houve ali um pequeno mundo cuidado e mantido por adultos, e elas percebem isto. Neill, que trabalhava com adolescentes problemáticos,

amigavelmente com eles, tentando desvendar seus problemas e tentando encontrar uma cura para estes. A Autoridade Amada também conta com potenciais inatos à criança, as quais deverão ser estimulados. A criança não é considerada uma tabula

rasa, como vira Skinner, embora seja correto se admitir que há uma parte da estrutura da personalidade que é resultante de condicionamentos de fora para dentro. Todavia, esta visão se torna unilateral diante da riqueza de possibilidades que todo ser humano é portador. Como pensava Maria Montessori, uma Educação Anthropos-Sóphica também considera que a criança é um embrião espiritual que passa pelo processo de

Encarnação, e, sendo assim, é portadora de algo prévio, de tendências e de aptidões que vem com ela de sua origem espiritual. Também é pertinente a noção de Montessori de que a criança deve aprender a partir de seu interesse pelos objetos e pelo mundo que a cercam. É melhor que a criança aprenda por interesse, por simpatia com as coisas, do que por coação, pela força da Autoridade.

Uma proposta de Educação Anthropos-Sóphica também deve considerar, como o pragmatismo de Dewey, que a criança deve aprender fazendo, uma vez que considera que o ser humano é moldado, de início, por forças motoras, as quais se metamorfoseiam, progressivamente, em estruturas orgânicas e neurais. A aprendizagem não deve se limitar às informações teóricas, mas a um fazer constante, a práxis, ao movimento, tanto no sentido lúdico, quando no sentido de permitir a descoberta de conhecimentos interessantes através do experimentar. Tal como o Construtivismo de Piaget e de Ferreiro consideram, também é fundamental que a criança seja estimulada em seus vínculos naturais com o mundo e com a cultura que o cercam, pois destes provém forças formativas e que engendrarão uma resposta interna da criança, modelando sua língua ( que é aprendida de fora, embora sua aptidão para a linguagem seja interna), por exemplo. Daí a importância de se fornecer à criança referenciais belos, corretos e firmes de linguagem, de pronúncia, de padrões e de significantes culturais, para que ela os assimile. Mostrar à criança o Belo do mundo não necessariamente significa isolá-la dele, uma vez que o mundo que os homens constróem tem feiúras e maldades a todo gosto.

A crítica anarquista de Ivan Iliich, o qual propõe a desescolarização, também não é de todo distante de uma proposta Anthropos-Sóphica de Educação. Anarquismo é a proposta político-social que privilegia o Indivíduo acima das instituições. As instituições devem servir ao indivíduo e devem ser construídas por ele em função de um bem comum a todos os indivíduos que livremente desejam viver em paz e em harmonia. Todavia, em nossa sociedade tecnológica moderna, justo o contrário é o que acontece. Os indivíduos servem como escravos às instituições, que os mantém vivos, os vigiam, os punem (por exemplo, uma multa de trânsito por estacionar em local impróprio), exigem tributos dele (impostos cujo valor é determinado pelos interesses alheios), exploram seu trabalho, moralizam seu corpo e sua alma, controlam ou determinam sua opinião e seu nível de conhecimento (as instituições de comunicação e de ensino), e controlam a sua saúde física e mental de modos que lhe são involuntários (instituições de saúde). A ordem social não é mantida por livres e autônomos cidadãos que cooperam para o bem comum, mas é mantida pela coação das leis que penalizam o desviante. Era contra este autoritarismo das instituições que lutou Illich, e contra uma Educação que condiciona os indivíduos como se estes fossem gado, em direção a tal estado de coisa. Rudolf Steiner chegou a dizer que "a função da Educação é propiciar a formação de indivíduos livres..." A liberdade do Indivíduo não é absoluta, em função de

um vínculo moral que ele próprio resolve estabelecer com o outro, com os outros. Ele se toma responsavelmente livre, ou livremente responsável - condição que Rudolf Steiner denominou de "Individualismo Ético" (STEINER, Rudolf. A Filosofia da

Liberdade). Este Individualismo Ético só se toma possível através da auto-educação. Mas, para tanto, seria mister que o Indivíduo auto-educado fosse, antes, quando criança, sensibilizado por uma Educação que o tornasse apto a desenvolver seu senso de humanidade e seu sentimento de ética e de compaixão. Todavia, a autonomia e a liberdade são noções internas que devem ser aprendidas pela criança, a qual só poderá usufruir destas plenamente quando tiver um mínimo de maturidade para tal. Enquanto a criança é um ser imaturo - em devir - uma autoridade natural, o educador, deverá prepará-la para o mundo. Mesmo em sociedades tribais, o jovem não pode, por exemplo, sair sozinho para caçar um leão. O seu pai, ou seu tio (o educador oficial entre muitos povos tribais), sabe que o jovem morreria se tentasse caçar sem experiência um leão.

A Liberdade e a Autonomia do Individuo, colocadas como valores, são ocorrências próprias da chamada "Época da Alma da Consciência", a qual se inicia com a Modernidade (caracterizada como a Cultura do Individuo), a partir da Renascença. Esta Alma da Consciência é uma das três figurações concernentes à alma humana, a mais próxima da intuição interior de que o Indivíduo é um Espírito único, encarnado. A Educação Moderna, portanto, é levada a considerar antes de tudo este respeito pelo Individuo, justamente em função de ser este uma categoria em emergência.

O despertar de uma ex-aluna Waldorf

Escrevi este texto para expressar de forma um pouco mais particular o que o presente trabalho trouxe para minha formação pessoal e acadêmica. Com sua elaboração, pude entender o significado do meu processo de aprendizagem da

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