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O presente trabalho monográfico analisou a possibilidade da intervenção ministerial no processo de implementação de políticas públicas, como ferramenta imprescindívelà concretização dosdireitos sociais.

Partindo do pressuposto de que os direitos sociais, como direitos sujeitos ao regime da fundamentalidade que são, possuem aplicabilidade imediata, manifestamo-nos no sentido de que nem a inércia do administrador, nem tampouco a do legislador, poderíam obstar-lhe a concretização. Por estarem diretamente previstos no texto constitucional, os direitos sociais produzem efeitos jurídicos independentemente de qualquer integração legislativa ou administrativa.

Por esse motivo, emcaso de omissão estatal que impossibilite sua efetivação,cabe ao titular do direito violado pleitear sua concretização junto ao Poder Judiciário, requerendo seja por ele determinada a produção de políticas públicas verdadeiramente comprometidas com os objetivos de nossaRepública.

Nesse contexto, cabe ao Ministério Público, em razão de suas atribuições constitucionais, sempre em defesa dos interesses da coletividade, fiscalizar e exigir a implementação de políticas públicas efetivamente hábeis à concretização dos direitos sociais, seja valendo-se dos mecanismos de atuação extrajudicial a ele conferidos, seja provocando a intervenção jurisdicional.

A atuação conjunta de Ministério Público e Poder Judiciário encontra, contudo, alguns limites, apenas afigurando-se legítima nos casos em que a inércia estatal implique em violação aos direitos constitucionalmente assegurados, já que, a princípio, a formulação e a execução das políticas públicas competem exclusivamente aos Poderes Legislativo e Executivo.

Além disso, não se pode perder de vista a existência de limitações econômicas à efetivação do extenso rol de direitos previstos em nossa Carta Magna, sob pena de a ingerência jurisdicional no processo de implementação de políticas públicas tomar-se mais prejudicial que benéfica àcoletividade.

Tais considerações, contudo, impende ressaltar, ainda que representem limites à atuação conjunta de Ministério Público e Poder Judiciário no controle das políticas públicas, não obstaculizam sua possibilidade, aqual se afigura em perfeita consonânciaao preceituado pornossa Carta Constitucional.

Corroborando tal entendimento estão os mecanismos conferidos a nosso parquet para efetivação dos direitos sociais, os quais tomam ainda mais evidente a possibilidade da intervenção ministerial no processo de implementação de políticas públicas.

Em face do exposto, concluímos ser a atuação ministerial medida legítima e adequada à promoção dadignidade da pessoa humana, à reduçãodas desigualdades sociais e à construção de uma sociedade mais justa e solidária, afigurando-se indispensável à concretização da vontade popular, soberanamente manifestano texto constitucional.

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