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Esta pesquisa permitiu compreender e refletir acerca das percepções que acadêmicos de enfermagem de uma instituição privada a qual eu trabalho, demonstram em relação à criança hospitalizada, no estágio supervisionado nas disciplinas de Pediatria e Neonatologia e suas grandes expectativas relacionadas às emoções, sentimentos em relação à assistência à saúde da criança e como futuros enfermeiros, que dentro em breve atuarão na construção da autonomia e protagonismo dos sujeitos e coletivos implicados na rede do SUS(1).

O referencial teórico-filosófico, do qual nos apropriamos, favoreceu a compreensão e foi possível apreender e identificar três categorias. Identificou-se, na primeira categoria, a dialética do eu e do outro pela manifestação do medo e da insegurança diante do desafio do cuidado sob o olhar do outro. O eu, graduando (escravo), o outro, preceptor (senhor). O eu sente-se observado e passa a ser objetivado pelo outro, deixa de ser pessoa e sente-se objeto por tudo que o cerca: pessoas, instituição, faculdade, outros profissionais. Trata-se em certa medida de uma alusão à dialética do “senhor” e do “escravo”, em Hegel.

A segunda categoria aludiu à problemática da intersubjetividade como

ineinander (envolvimento, imbricação) entre o acadêmico e a criança. A

vida. O modo de pensar, o pensamento não é você se desligar do mundo, seu isolamento, uma clausura existencial, e sim estando dentro de uma situação (o homem é um ser em situação). O mundo não é uma soma de objetos, tem um significado, ou seja, eu produzo sentido e cada um também produz sentido. Os acadêmicos de enfermagem uma vez capturados pelas crianças, passam a estar sob o olhar delas, da família, da instituição e também do preceptor.

A terceira categoria se ocupou do dualismo psicofísico como herança do modelo cartesiano-biomédico no ensino (modelo ocidental) que nós recebemos e que trouxe repercussões em todas as áreas. O mundo está me provocando o tempo todo. Existe uma comunhão entre nós e o mundo. O graduando de enfermagem se sente seguro quando domina a prática e expressa percepções diante da assistência à criança hospitalizada. Buscamos compreender através da fenomenologia da percepção, a instância do mundo vivido dos acadêmicos, suas existências, interpretando-as a partir do pensamento do filósofo Merleau-Ponty.

Ao analisar atentamente as falas dos acadêmicos identifiquei aspectos relevantes tais como: vivências passadas e presentes em relação à criança, não precisando estar com elas dentro de um hospital para saber lidar com elas. É no dia a dia, com seus familiares, em vários ambientes que se encontram.

A pesquisa permitiu atender aos objetivos propostos permitindo perceber que se desejamos ter no mercado de trabalho profissionais críticos e reflexivos, precisamos nos preocupar com a formação destes acadêmicos e o quanto nossa contribuição como enfermeiros preceptores em campo de estágio é relevante para o ensino teórico prático, orientando-os nas ações de implantação do SUS(1) apoiando e publicitando experiências com função multiplicadora.

O estudo dialogou sobre a preceptoria na imbricação do cuidar da criança hospitalizada pelos graduandos de enfermagem e na quiasmática do ensino teórico- prático, deixando claro que esses três vetores podem e devem caminhar juntos.

Outra contribuição importante foi a construção de um vídeo vivencial com ex- alunas do curso de enfermagem, como estratégia de capacitação de profissionais para a área de saúde da criança e para o direcionamento de alunos que estejam iniciando o ensino prático nessa área.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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