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As análises da revisão de literatura deste trabalho, bem como as análises do projeto de apreciação musical expressiva Bastião (2009), foram salutares para o fortalecimento das bases e fundamentação teórica desta pesquisa, visto que as nossas justificativas e questionamentos se assemelham com os dos projetos analisados e dialogam com os temas debatidos.

As atividades de pesquisa e construção de fundamentação teórica do presente projeto, demonstraram as suas importâncias, uma vez que, em seus conceito fundamental, propõem a valorização da cultura musical e possuem compromisso com a comunidade escolar bem como sua relação com os artistas compositores musicais, dos mais variados estilos, objetivando a valorização dos artistas com o intuito de propagação de artistas que não tem acesso as programações didáticas.

Uma característica das intervenções é a abertura de possibilidades da construção da formação musical e cultural de futuros artistas, no contexto da intervenção na escola, com os artistas convidados. Nas referidas atividades percebi a interação entre alunos e artistas, pois, após as apresentações, vários estudantes se apresentavam para comunicar que estudavam música e que faziam parte de algum grupo musical ou tocavam nos eventos da escola, ou que estavam estudando a teoria da música em uma escola especializada. Os alunos faziam questão de demonstrar para os artistas a sua importância e suas aspirações artísticas.

Percebi que a disposição do público no espaço geográfico onde foram realizadas as apresentações revelaram alguns aspectos importantes de caráter antropológico, referente ao meio cultural no qual se agrupam os indivíduos. A partir do primeiro momento em que os artistas chegaram à escola, alguns ambientes começam a ter importâncias e outros não.

Na disposição da figura 2, p. 46, percebi a presença feminina, na sua maioria, sempre perto dos artistas, enquanto a presença masculina é mais evidente nos espaços mais distantes dos artistas. O distanciamento e o estar perto são características que, logo de início, verifiquei nas apresentações, assim como, as posturas corporais dos ouvintes. Dessa forma, algumas características revelaram identificação ou não identificação com as apresentações. Alguns alunos preferiram não permanecer no local da apresentação, ficando um pouco escondidos, outros faziam brincadeiras uns com os outros e depois se resguardavam no seu ambiente.

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Outro espaço bem significativo foi o espaço ocupado pelos organizadores e professores da escola. Eles, geralmente, ocuparam os lugares da frente ou próximos do palco, com posturas que revelavam estar contemplando as apresentações e gostando das músicas.

Um aspecto que não conseguimos alcançar foi um contato maior entre a comunidade escolar e os artistas. Para este fim, poderiam ser realizadas palestras com os artistas sobre como eles preparam os seus shows, roda de perguntas após o show etc. Outro aspecto é a inclusão de outros artistas, não só da música vocal ou instrumental, artistas das artes integradas, cordelistas, poetas, circenses, mcs, rappers, trocas de experiências que configurem uma ampliação dos horizontes das artes integradas.

Outra proposta que poderia ser explorada diz respeito a atividades como minicursos com artistas diversos, não só da música, atividades de dança e música integradas, passeios e visitas em espaços de concertos, shows artísticos diversos e intervenções artístico-culturais que partam de propostas dos alunos. Outro aspecto que faltou ser proposto foi que os alunos da escola tocassem com os artistas em algum momento, antes ou após o show com os artistas, pois seria fundamental para os alunos músicos o ​tête-à-tête​, “olho no olho”, quando artista não é mais visto como semideus e sim visto igual a todos.

Observei que é importante ter, em projeto dessa natureza, os momentos de diálogos entre todos: comunidade escolar, colaboradores, organizadores, para que ocorra uma troca de experiências mais fluida e a música não seja apresentada em um contexto isolado, mas os levem a sentir a experiência e vivê-la com sua intensidade e beleza.

Maura (2018) relata na conclusão do capítulo 5. Poética Musicais e Práticas Sociais: reflexão sobre a educação musical diante da diversidade.

Entendemos que o objetivo último do ensino de arte na educação básica (aí incluída a música) é ampliar o alcance e a qualidade da experiência artística dos alunos, contribuindo para uma participação mais ampla e significativa na cultura socialmente produzida ou, melhor dizendo, nas culturas, para lembrar sempre da diversidade. O efeito de um ensino que realmente cumpra esse objetivo vai além dos muros da escola, modificando o modo de o indivíduo se relacionar com a música e a arte. Para que o ensino de arte possa de fato contribuir para essa ampliação da experiência cultural, deve partir da vivência do aluno e promover o diálogo com as múltiplas formas de manifestação artística. E o multiculturalismo nos traz indicações para tal. (MAURA, 2018, p. 97)

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Assim compreende o conceito fundamental do nosso projeto musicando na escola, com práticas de ampliação com fno na qualidade das experiências artísticos musicais, propiciando uma participação e inclusão das diversidade culturais presentes na comunidade escolar.

REFERÊNCIAS

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