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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento Relacao "escola" empresa no CEFET-PE (páginas 167-173)

CAPÍTULO IV – OS OLHARES DE QUEM VIVENCIA O PROCESSO DE RELAÇÃO ESCOLA E

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações apresentadas no percurso deste trabalho nos impulsiona

não à conclusão do mesmo, mas, a continuidade da investigação. Assim, esse

momento representa muito mais uma síntese provisória, um ponto de partida

para novos questionamentos, na medida em que compreendemos a realidade

enquanto dinâmica e rica em possibilidades.

Ao realizarmos este estudo, a preocupação central foi apreender as

implicações da reforma na prática de relação do CEFETPE com as empresas ,

bem como concepções de representantes do CEFETPE e de empresas sobre

esses processos.

Desse modo, na legislação básica da educação profissional, verificamos que o novo, na relação escola empresa, dá-se a partir da instituição do Sistema

Nacional de Educação Tecnológica, conforme Lei no 8.948/94, que, no artigo 3o, transformam as Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação

Tecnológica. Esses, de acordo com o Decreto No 2.406/97, tem por finalidade estar em estreita articulação com os setores produtivos e a sociedade.

No CEFETPE, a busca por uma aproximação maior da instituição com os

anseios da classe empresarial antecede a reforma (a partir da LDB 9.394/96) e a

sua transformação de ETFPE para CEFETPE (em janeiro de 1999). Tal fato

do movimento nacional das ETF’s, já em desenvolvimento em meados da

década de noventa, cuja plenitude ganha corpo com a legislação de reforma.

Não foi por acaso que, antes da aprovação da LDB 9.394/96, o CEFETPE

manifestou a adesão à implantação do Programa de Qualidade Total em suas

práticas gerenciais e demonstrou todo um esforço nos relatórios internos de

apresentação de dados que representem índices de eficiência e eficácia da

instituição.

Após a LDB 9.394/96 e dos decretos específicos de reforma da educação

profissional, estratégias várias foram adotadas pela instituição para sua

adequação aos novos parâmetros da educação profissional, cuja ênfase é a

estreita articulação com os setores produtivos, reforma, basicamente, pautada

em princípios mercadológicos, transportados, indiscriminadamente, para o

sistema de ensino.

Evidencia-se que o empenho do CEFETPE, nos últimos anos, em

incentivar as parcerias corresponde a uma ampliação significativa do número de

empresas conveniadas à instituição. Há uma tendência de ampliação e de

fortalecimento da relação entre escola e empresa, de uma forma geral, mas, no

caso especifico das parcerias com laboratórios montados no espaço físico da instituição, os dados dos últimos três anos revelam um decréscimo nesse

quantitativo.

Além do que, até então, não foi constatada nenhuma mudança, em

decorrência da reforma, na relação estabelecida entre O CEFETPE com

empresas instaladas em seu espaço físico. Se, antes da reforma, algumas dessas empresas ofertavam cursos denominados de extra-curriculares, com a

reforma, esses cursos são incorporados ao Programa de Qualificação e

Requalificação da instituição, caracterizados enquanto de nível básico.

Outro aspecto a salientar nessa relação específica de parcerias, é que o

ações, potencialmente, capazes de gerar um trabalho integrado ao CEFETPE,

haja vista que o tempo desses convênios na instituição variavam desde dois a

dezesseis anos, com uma média de dez anos de permanência dessas cinco

empresas na instituição.

Sobre a reforma, os profissionais do CEFETPE revelam que, ao mesmo

tempo em que foram pressionados ao cumprimento dos prazos, por outro lado,

estavam, quase que, totalmente, desestruturados para realizá-la.

À imposição da legislação de reforma, sem a devida participação,

capacitação e tempo necessários para que os executores de tais políticas

assimilassem, refletissem e propusessem alternativas, gerou uma situação de

instabilidade dentro do CEFETPE.

Constata-se que há um movimento contraditório, na instituição, no sentido

de percepção da reforma. Se, por um lado, os representantes da instituição são defensores do novo modelo de formação tecnoprofissional como algo positivo,

por outro, apontam várias restrições, negatividades, dificuldades, incoerências,

que inviabilizam a proposta pedagógica vigente.

Há um movimento de resistência dos professores na instituição, não

enquanto prática coletiva, mas, enquanto práticas individuais ou departamentalizadas, em algumas coordenações de cursos.

Em relação ao grupo dos representantes de empresas, constatou-se

que o mesmo não tinha conhecimento detalhado sobre o conteúdo da reforma.

E nem houve participação do grupo em qualquer tipo de atividade ou reunião

que lhe esclarecesse sobre o processo de reestruturação do CEFETPE.

Ao confrontarmos a fala dos professores com a fala dos representantes

das empresas, alguns aspectos convergiam, quase que de forma unânime,

como, por exemplo, os motivos que levaram à reestruturação na educação

avanços tecnológicos, das novas exigências para o trabalhador e de evitar que

o ensino técnico sirva de ‘trampolim’ para a universidade.

Também, é consensual para os dois grupos a leitura feita da reforma

tecnoprofissional enquanto algo positivo por propiciar uma formação

profissional em um tempo menor e centrada nos conhecimentos específicos.

Posteriormente, esses mesmos aspectos são apontados como problemáticos

para uma formação no contexto atual.

Se a separação da educação geral da específica parece um ponto

positivo para os dois grupos, por outro lado, também é unânime a preocupação

com as conseqüências que essa separação traz para a formação

tecnoprofissional, uma vez que os alunos que, normalmente, ingressam nesses

cursos são provenientes de outras instituições e apresentam um nível de

conhecimento insuficiente para o padrão até então trabalhado no CEFETPE. Também, o nível técnico, no sistema de modularização independente,

ao mesmo tempo em que traz a possibilidade de uma formação mais rápida

que a anteriormente proporcionada, é visto, pelos dois grupos com receio,

quanto às prováveis lacunas que deixará na formação do sujeito.

De uma forma geral, constatou-se que os sujeitos, ao serem indagados sobre a reforma, tinham a tendência de incorporarem às suas respostas o

mesmo discurso utilizado pelos documentos oficiais e comumente veiculados

pela mídia. Porém, ao longo de suas explanações conseguiam expressar suas

próprias opiniões, críticas, que, em muitos momentos, tornavam-se

contraditórias com o momento inicial de suas falas.

Para nós, os argumentos opostos sobre um mesmo aspecto nas falas

dos sujeitos, refletem a contradição existente na própria dinâmica de formação

profissional, pois, nunca se ouviu falar tanto em qualificação e o sujeito ser

formado de maneira cada vez mais desqualificante. Uma formação

Em relação à prática de parcerias, tanto os representantes das empresas

como os do CEFETPE entendem-na como algo lucrativo para as empresas, uma

vez que há divulgação de seus produtos e redução de custos no processo de

qualificação dos seus funcionários. Ao mesmo tempo, é um mecanismo

possibilitador de acesso às novas tecnologias por parte da escola, motivo que

deu origem a essa prática na instituição.

Na atualidade, as parcerias do CEFETPE com as empresas, em suas

diferentes manifestações, passam a ser vistas, como um dos meios mais

viáveis a ser explorado para a manutenção da instituição, em razão dos

investimentos públicos não serem suficientes e crescerem as exigências por

uma formação de mão-de-obra atualizada constantemente com os avanços

tecnológicos.

Essa falta de recursos na instituição é que, também, causa o afastamento daquelas parcerias caracterizadas pela instalação de laboratórios

na instituição, pois, segundo os entrevistados, deixa-se de serem ofertadas,

pela escola, até mesmo as condições consideradas como mínimas para que as

empresas possam permanecer.

Ao mesmo tempo que se reconhece a existência de benefícios para ambas as partes, numa relação de parceria, os dois grupos de entrevistados

destacam, também, as fragilidades na relação e a necessidade de um

aproveitamento mais eficiente do potencial das empresas nas atividades de

formação dos alunos do CEFETPE.

Para nós, as fragilidades apontadas trazem, em si, o ‘germe’ da possibilidade de construção de uma ação mais integrada, que ultrapasse a

expectativa dos sujeitos entrevistados de ser menos burocrática e mais

produtiva. Ações que possam ser realizadas enquanto projeto coletivo e, como

conseqüência, trariam benefícios, numa mesma escala de proporção, para todos

No documento Relacao "escola" empresa no CEFET-PE (páginas 167-173)

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