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Antes de dar por terminado o presente relatório serão agora tecidos alguns comentários referentes ao estudo apresentado, bem como ao percurso formativo no âmbito do Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico, com o intuito de ser efetuado um balanço final acerca de todas as experiências vividas.

Em primeiro lugar, importa mencionar que foi possível concluir que a utilização da imagem na sala de aula se faz valer como um recurso essencial à promoção do desenvolvimento de competências da História e da Geografia. Esta premissa é sustentada pela análise dos resultados explicitados no capítulo anterior, em que se verificou que os alunos, na sua maioria, se sentiram motivados perante as aprendizagens que eram realizadas a partir das fontes iconográficas; desenvolveram o seu pensamento crítico e ainda a sua capacidade de descobrir as intencionalidades expressas pelos signos icónicos e linguísticos. Apesar de as melhorias verificadas não terem sido muito elevadas, creio que o estudo efetuado foi um passo dado na direção desejada, neste caso, no desenvolvimento de aprendizagens significativas pela parte dos alunos, tendo a imagem como o meio indutor das mesmas.

Algumas dificuldades foram, porém, sentidas ao longo da realização do trabalho, todavia, todas elas foram momentos cruciais por se constituírem, no fundo, como oportunidades de reflexão e aprendizagem. Assim, salienta-se que no contexto do 2.º CEB, a principal dificuldade residiu na gestão dos comportamentos dos alunos que comprometeram, algumas vezes, a discussão e partilha de ideias associadas às imagens. Para ultrapassar estes momentos, foi importante dialogar com o grupo, com o objetivo de refletir com ele sobre o seu comportamento na sala de aula, o que acabou por ser gratificante, visto que foi possível observar as mudanças, ainda que ligeiras, que essa estratégia proporcionou.

É ainda de salientar que, na minha opinião, teria sido essencial a realização de atividades que tivessem por base o trabalho de campo, pois, apesar de terem sido feitas

61 associações entre o passado e o presente aquando da análise de imagens, sinto que os alunos deste contexto careciam de contactar com o património histórico e cultural do seu meio local. Por outro lado, penso que não detinha a segurança necessária para concretizar uma atividade desse género com a turma, tendo em conta as suas características. Neste sentido, talvez tivesse sido necessário diversificar o modo como as imagens foram abordadas na sala de aula, na tentativa de tornar o processo mais motivador. A verdade é que, apesar de terem sido realizadas tarefas diferentes a partir das fontes iconográficas, a sua análise foi feita com base no diálogo orientado para o grande grupo. Isso teve por base uma intencionalidade muito específica, que era a de resolver os conflitos entre os alunos. Assim, sabendo do pouco tempo disponível para intervir neste contexto, decidiu-se que este era o aspeto que, naquele momento, importava ser resolvido.

Quanto ao contexto do 1.º CEB, os principais obstáculos encontrados dizem respeito ao planeamento das atividades que foram realizadas para a concretização do projeto “(Re)Descobrir Lisboa”. Considerando que o objetivo era fomentar a descoberta dos elementos do passado do meio local, e que esses remetiam, sobretudo, para conteúdos ligados à época dos Descobrimentos, inicialmente, foi difícil perceber quais as informações que poderiam ser divulgadas ao grupo de alunos de 8 e 9 anos. Especialmente, porque eles possuíam poucos conhecimentos sobre a história local e nacional. Essa dificuldade foi ultrapassada pelo contributo de um profissional que teve a capacidade de selecionar as curiosidades que deveriam ser partilhadas com as crianças numa viagem por Lisboa e que, posteriormente, foram devidamente integradas nas atividades desenvolvidas na sala de aula.

Para a intervenção educativa neste contexto foi ainda importante a reflexão realizada anteriormente acerca das dificuldades identificadas na prática do 2.º CEB, na medida em que me levou à construção de um conjunto de atividades articuladas entre si que, para além de terem permitido a exploração de imagens, possibilitou a inclusão do trabalho de campo. A vantagem associada ao desenvolvimento desta atividade foi reforçada também pelas idades dos alunos do 1.º CEB, que induziu à realização de tarefas que permitiram a vivência dos espaços, tendo a pertinência desta ideia já sido fundamentada no capítulo IV, mais especificamente, no ponto que trata a imagem

enquanto recurso didático no ensino e aprendizagem da História e da Geografia.

Em suma, penso que nenhuma questão relacionada com o tema do estudo tenha ficado por responder. No entanto, numa investigação futura poderia ser dado um novo

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e único enfoque a uma das potencialidades associadas às imagens, nomeadamente, o facto de esta promover o desenvolvimento do pensamento crítico, pois, na minha perspetiva, creio que esta foi a potencialidade que apresentou um menor grau de consecução.

Refletindo sobre a formação vivenciada nos dois últimos anos, penso que estes culminaram no período mais desafiante para mim, até hoje, enquanto futura profissional. A responsabilidade que vem de acréscimo ao que me é novo levou, muitas vezes, ao nervosismo e à insegurança. No entanto, não deixou de ser um desafio maravilhoso, pois sinto que contribui para o desenvolvimento das crianças com as quais interagi. Desconfio, contudo, que elas não suspeitam do impacto que tiveram em mim. Afinal, foi com elas que eu também aprendi!

Após as aprendizagens que realizei ao nível das diferentes didáticas, foram os momentos de intervenção nos contextos educativos que me possibilitaram colocar o meu conhecimento em prática, sem nunca deixar de ter a consciência que cada turma é uma turma e que, muitas vezes, também temos de agir instintivamente, e recorrendo sempre aos nossos princípios, porque existem saberes que a faculdade não ensina. São, antes, adquiridos com a experiência.

Aquilo que eu aprendi, então, até agora com os professores, colegas e alunos que marcaram este percurso poderá não resultar em todos os microssistemas que são as salas de aula. Mas, no fim, todas as situações vividas irão contribuir para que eu me torne mais conhecedora, atenta e flexível. Por esse motivo, estarei sempre a aprender, pelo que uma parte de mim – a que se está a tornar professora – será sempre aluna.

Após estes dois anos, sinto que desenvolvi a capacidade e a sensibilidade de conseguir perceber o que deve ser feito e como, o que deve ser dito e em que momentos; de perceber os erros cometidos e de entender quais as possíveis alterações a serem realizadas no imediato mas, sobretudo, tornei-me alguém que ouve os alunos e que se importa com o que estes sentem perante as experiências e orientações que tenho para oferecer.

Percebi que ser professora é ser uma referência, um ombro amigo. É ser alguém que todos os dias prima por ajudar os alunos a descobrir algo que lhes importa, que lhes é significativo e, se não o for, não existirá o receio da minha parte de os tentar motivar, levando-os a confiar em mim para aprenderem mais acerca do mundo que os rodeia.

63 Termino, assim, o meu percurso com a certeza de que é esta é uma das melhores profissões – é aquela que forma, que ajuda a crescer e a sonhar, e que contribui para a possibilidade de tornar esses sonhos realidade.

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