• Nenhum resultado encontrado

Com este estudo pretendeu-se trabalhar com as crianças para que todas experimentassem aprendizagens significativas, que passaram pela reconstrução do currículo, tendo em conta, as situações e características do contexto cultural onde ele se desenvolveu.

Foi perspectivado enquanto instrumento de gestão pedagógica fomentador de uma cultura de reflexão e de análise das experiências de aprendizagem que se criaram, bem como do trabalho cooperativo entre adultos e crianças, gerador de intervenções de melhor qualidade. Tal como afirma Júlia Oliveira-Formosinho (2007) o desenvolvimento da criança não é automático nem unilateral, faz-se na interacção com o ambiente e a cultura.

Assim, foi importante que neste projecto houvesse uma resposta educativa globalizante e integradora das crianças. Definindo e reflectindo, este projecto foi aberto e dinâmico, permitindo as apropriações adequadas, necessárias à realidade em que está inserido.

A construção deste trabalho teve como pressupostos essenciais a consrução por parte da criança de conhecimentos estabelecidos na interacção com o meio físico e social; esperamos enquanto educador ter compreendido melhor todas e cada uma das crianças, sendo necessário ter conhecido os sistemas em que esta cresce e se desenvolve, respeitando as suas características individuais e saberes, apoiando a sua maneira de se relacionar com os outros e com o meio; a criança teve um papel activo na construção do seu próprio conhecimento (Bruner, 2000).

Assim, tendo em conta o trabalho apresentado, passamos a responder às questões que formulámos inicialmente.

Em relação à 1ª questão - que características deverá ter um ambiente de

aprendizagem para que seja promotor de literacia? – podemos referir que: a

investigação teve como ponto de partida a criação de ambientes promotores de literacia no Jardim de Infância. O trabalho de investigação partiu da motivação, interesse e necessidades do grupo de crianças. Foram desenvolvidos projectos que permitiram a manifestação de atitudes críticas e reflexivas perante a realidade, dando o tempo necessário para a criança observar, investigar, levantar hipóteses, descobrir e reflectir sobre as acções. A organização do espaço e os materiais, favoreceu o contacto da criança com diferentes suportes de leitura e de escrita. Além disso criaram-se tempos destinados à leitura e à

CONSIDERAÇÕES FINAIS

84 comunicação livre de ideias; as interacções que favoreciam a escuta e o respeito pela comunicação de todos.

Assim, este projecto foi uma mais-valia que ajudou as crianças a aprofundar e a perceber melhor o sentido dos acontecimentos e fenómenos que ocorreram no ambiente que as rodeava.

Como resposta à segunda questão - que vantagens, em termos de aprendizagem da

literacia, revelam este tipo de ambientes? - podemos referir que, ao logo da descrição da

acção educativa fica claro que as crianças foram construído as seguintes competências: apropriação da funcionalidade e motivação para a aprendizagem da linguagem oral e escrita; construção de concepções sobre a escrita, suas utilizações e funções; desenvolvimento das consciências - fonológica, da palavra, sintáctica e pragmática; manifestação de atitudes positivas face à leitura e à escrita

A análise dos indicadores que permite responder à terceira questão - qual o papel da

educadora na promoção de competências de leitura e escrita? E que papel fica reservado às crianças e às suas famílias? – indicam que a educadora ao longo do

processo proporcionou oportunidades para a exploração de diversos suportes de escrita, com diferentes características e utilidades; integrou o escrito, nas suas mais diversas formas, nas vivências do jardim-de-infância; serviu de modelo às crianças; organizou o espaço e os materiais, integrando na biblioteca da sala livros de diferentes tipos e com diferentes funções; construiu com as crianças livros com funções diversas; proporcionou oportunidades de exploração do escrito e do oral, nas diferentes áreas da sala, envolvendo as famílias e a comunidade.

A quarta questão - como aproveitar a cultura para o desenvolvimento destas

competências? - parece obter resposta no aproveitamento que se fez da cultura oral da

comunidade, recolhendo provérbios, saberes e histórias; levando a comunidade a comunicá-los às crianças e ajudando as crianças a construir significados sobre eles; aproveitaram-se também esses saberes para alargar o vocabulário das crianças; transformaram-se as tradições em momentos de experimentação e comunicação intergeracional e recolheram-se os saberes da comunidade para a construindo livros, posteriormente documentados pelas crianças

Em termos de estratégias pedagógicas, perspectivando a nossa acção educativa, numa lógica de articulação de saberes entre as diferentes áreas de conteúdo a desenvolver,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

este projecto procurou assentar na complexidade que emerge da acção educativa. Através de um trabalho dialogante procurámos que as diversas componentes se articulassem entre si, que ampliassem os saberes das crianças, implicando um conjunto diversificado de oportunidades de aprendizagem. Assim, a dinâmica de trabalho foi feita em função das necessidades e motivações das crianças, com a oportunidade de terem uma vivência maior do meio que as rodeia, utilizando os diferentes ateliês de expressão dramática, plástica e musical e as diferentes áreas de trabalho que lhe permitiram expressar-se livremente com criatividade e com imaginação, e em particular nas experiências do dia-a-dia.

No desenrolar do projecto foram postos à disposição das crianças diversos materiais, para além dos mais usuais, lápis de cor, tintas, barro, plasticina, massa de farinha e material de desperdício, também se proporcionou o contacto com materiais ricos em conteúdo linguístico, dicionários, enciclopédias, diciopédias, revistas temáticas, folhetos, jogos de leitura, imagens, enfim um vasto leque de material que as levou a adquirir o gosto pela leitura, a ter consideração pelos ensinamentos dos livros, a aprender a ter cuidados no seu manuseamento, enfim a ter gosto pelo saber que a literatura proporciona.

Foram favorecidas as actividades com recurso às novas tecnologias de informação e comunicação, usando o computador como uma forma de escrita que se contrapõe com o uso do quadro negro, para a realização de jogos didácticos que pelas suas cores e sons as crianças manifestam muito interesse. A televisão como fonte de recolha de informação e posterior analise e debate das notícias e pelo prazer lúdico também.

As saídas feitas ao exterior, principalmente aquelas que estiveram impregnadas de emoção (lar de idosos, visita aos bombeiros, visita à biblioteca) foram momentos que se revelaram como formas de enriquecimento através de aprendizagens significativas. A construção dos livros foram momentos que trouxeram prazer, aprendizagem, partilha e colaboração.

Por fim as actividades realizadas com a cooperação e participação das famílias no processo educativo proporcionaram a criação de relações de efectiva colaboração, deixando as crianças contentes porque, o jardim-de-infância é de, e para todos, como algumas crianças referiram. Como limitações salientamos o reduzido número de crianças que constituíam o grupo, e o facto de serem todas do sexo feminino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

86 A (re)construção de significados foi um sentimento recorrente ao longo do processo, não apenas para as crianças mas também para a educadora, que se mantém numa atitude de escuta e aprendizagem permanente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LEGISLAÇÃO CONSULTADA