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Instrumentos de recolha de dados

3. METODOLOGIA

3.4 Instrumentos de recolha de dados

3.4.1 Notas de Campo

A recolha de dados foi feita através de notas de campo que, segundo Máximo- Esteves (2008) incluem registos detalhados, descritivos e focalizados do contexto, das pessoas, e das acções e interacções (trocas, diálogos informais), respeitando sempre que possível a linguagem. As notas de campo incluem ainda, segundo esta autora, material reflexivo resultante de sentimentos, interrogações, e ideias, etc. Ainda no que respeita ao uso das notas de campo, Bodgam e Bilken (1994) reforçam a sua importância quando enfatizam a utilidade das mesmas como forma de registo do que o professor vê, ouve, experiencia e medita, sobre o que acontece à sua volta.

Durante este estudo, fomos registando o que as crianças diziam quando estavam em tempo de trabalho autónomo, em trabalho de pares e em grupo. Estas recolhas foram escritas e posteriormente seleccionadas por áreas de conteúdo. Estes dados eram recolhidos, geralmente, em momento de trabalho de grupo. Usualmente, partia-se das conversas informais em grupo ou de pequenos diálogos entre as crianças. A educadora quando achava oportuno, fazia despoletar o assunto para que as crianças se sentissem estimuladas a verbalizar os seus saberes sobre determinado assunto. Posteriormente organizava-se a acção tendo em conta os caminhos apontados pelas crianças.

3.4.2 Planificação

A planificação foi um outro instrumento que utilizámos tendo resultado na maior parte das vezes das ideias e interesses das crianças.

METODOLOGIA

MARIA BEATRIZ DA SILVA MARQUES MOTA

42 Tomando como referência o Perfil do Educador de Infância, planificar implica que o educador tenha em conta “o grau de desenvolvimento e de aprendizagem, os conhecimentos e as competências de que as crianças são portadoras; e deve assim planificar a intervenção educativa de forma integrada e flexível, tendo em conta os dados recolhidos na observação e na avaliação, bem como as propostas explícitas ou implícitas das crianças, as temáticas e as situações imprevistas emergentes no processo educativo assim como deve planificar actividades que sirvam objectivos abrangentes e transversais, proporcionando aprendizagens nos vários domínios curriculares” (Decreto-Lei n.º 241/2001, de 30 de Agosto, anexo nº1, II).

Assim revelou-se necessário reflectir, entre todos, acerca do que queríamos fazer, como, quando, com e o quê poderíamos fazer. Pensámos que, a melhor forma para reflectir seria encontrar um espaço e um tempo próprio para o fazer. Assim acordou-se que às sextas-feiras, no período da tarde, se planearia o que se iria fazer na semana seguinte. No entanto, houve actividades que surgiram no momento pelas emergências que as crianças faziam despoletar. No momento de reflexão do dia, redefinia-se a acção a desenvolver.

A planificação foi vista como meio necessário à acção pedagógica, onde se inscreviam as competências, onde procurámos perceber quais eram as necessidades das crianças, reajustando o espaço e o tempo para que elas sentissem prazer nas suas realizações sempre com a intencionalidade de promover aprendizagens significativas.

3.4.3 Registos fotográficos

Os registos fotográficos das produções do trabalho realizado com e pelas crianças, as interacções com a comunidade local e escolar foram também um instrumento importante para a recolha de dados. Estes registos tiveram como finalidade ilustrar e comprovar o trabalho e o prazer das crianças na execução do mesmo. Todos os trabalhos/produções foram registados utilizando a máquina digital, umas vezes eram as crianças que a manipulavam, outras vezes eram os adultos.

3.4.4 Documentos produzidos pelas crianças

Também nos apoiámos no trabalho ou documentos produzidos pelas crianças, já que nos parecem ser de extrema importância, tendo em conta o foco de investigação (investigação-acção), a qual se centra na aprendizagem das crianças.

METODOLOGIA

No decurso do estudo foram vários os trabalhos produzidos pelas crianças, desde livros ilustrados, (história em forma de pictograma, ilustração de provérbios resultante da recolha dos mesmos na comunidade), objectos tridimensionais, produtos gastronómicos (azeitonas, alcaparras, queijo, folar) registo das receitas, quadros onde se utilizaram técnicas variadas de pintura e colagem e a produção de textos.

Esta recolha foi feita tendo em conta a data da realização dos mesmos, o que permitiu compará-los e ao mesmo tempo observar as evoluções que iam acontecendo, em cada criança e no grupo.

3.4.5 Diário de práticas

O diário de práticas serviu como um instrumento de auto-reflexão, que nos ajudou a compreender o processo experienciado, fornecendo posteriormente informações sobre as preocupações, sentimentos, interesses e necessidades formativas, sucessos e insucessos experimentados na acção educativa, de forma a mobilizar o conhecimento e as competências necessárias ao desenvolvimento de um currículo integrado, no âmbito da expressão e da comunicação e do conhecimento do mundo. Mais concretamente organizámos um ambiente de estimulação comunicativa, que proporcionasse, a cada criança, oportunidades específicas de interacção com os adultos e com as outras crianças. Procurou promover-se o desenvolvimento da linguagem oral de todas as crianças, favorecendo o aparecimento de comportamentos emergentes de leitura e escrita através de actividades de exploração de materiais escritos.

3.4.6 O Registo descritivo das experiências de aprendizagem desenvolvidas

Registava-se a opinião das crianças quando terminavam o trabalho, o que permitiu saber quais eram as suas expectativas, as suas curiosidades, as suas concepções e saberes.

Estes registos permitiram compreender as interacções estabelecidas entre as crianças e a sua progressiva autonomização. O envolvimento destas em actividades e em projectos auto-iniciados, através de propostas do educador ou de iniciativa conjunta. Permitiram ainda a cooperação estabelecida entre as crianças bem como o envolvimento das famílias e a comunidade nos projectos.

METODOLOGIA

MARIA BEATRIZ DA SILVA MARQUES MOTA

44 Depois de seleccionados os instrumentos, foi necessário proceder a um critério de selecção dos vários materiais produzidos que nos permitissem saber:

 Que dados se revelavam como mais importantes?

 Quais os que respondiam melhor às questões levantadas?  E como iríamos analisar os resultados?